BBB 22: Quanto Arthur pode lucrar se investir o prêmio de R$ 1,5 milhão

Na madrugada desta quarta-feira (27),  Arthur Aguiar se tornou o vencedor da 22º edição do Big Brother Brasil (BBB). Depois de 100 dias confinado na casa, ele foi escolhido pelo público com 68,98% dos votos para faturar o prêmio de R$ 1,5 milhão. Agora, a missão é como utilizar essa “bolada”.

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O participante do grupo ‘camarote’ tem a chance de garantir a sua segurança financeira por muito tempo. Mas, para isso, precisará de um bom planejamento e tomar boas decisões na hora de investir o dinheiro.

O primeiro passo apontado pelos analistas é ter atenção para não gastar rapidamente a fortuna. Afinal, ex-vencedores do programa  perderam o patrimônio após a má gestão do valor recebido, como o campeão da 2° edição (BBB 2002), Rodrigo Cowboy. Ele faturou R$ 500 mil (R$ 1,742 milhão em valores atuais corrigidos pelo IPCA), mas foi à falência depois de um tempo.

“O principal é poupar. Temos uma cultura de muitas vezes querer gastar, comprar algo, mas o brasileiro precisa criar uma cultura de economizar o dinheiro e investi-lo para, lá na frente, colher os frutos”, pontua Bruno Brostoline, analista de renda fixa da Ativa Investimentos.

Com risco ou sem risco?

Um conceito importante em investimentos é o risco versus o retorno. Quanto mais arriscado um produto financeiro é, maiores podem ser as possibilidades de um ganho mais elevado. Por outro lado, um ativo mais seguro pode entregar um retorno menor.

Por isso, a escolha de onde investir deverá ser baseada no perfil do investidor. “Em alguns casos, o investidor deseja aumentar o patrimônio, outros apenas mantê-lo. Também é preciso analisar o quão disposto ele está a se expor ao risco, isto é: o quanto ele está confortável na possibilidade de poder ter perda para que possa ter ganho”, diz Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura.

Um investimento atrativo, mas de risco, para o vencedor do BBB pode ser a compra de criptomoedas. O Bitcoin, principal criptoativo do mundo, valorizou em 9,775 vezes nos últimos três anos, segundo levantamento da Empiricus, a pedido do E-Investidor. Se a vencedora do BBB 19, Paula von Sperling, tivesse convertido todo o seu prêmio de R$ 1,5 milhão em moeda digital ao sair da casa, hoje sua fortuna seria de mais de R$ 14 milhões.

Mas Vinicius Bazan, head de criptomoedas da Empiricus, não indica que o campeão do BBB 22 invista todo prêmio em criptomoedas. “Não recomendamos que a pessoa coloque 100% do seu patrimônio em criptomoedas. É um ativo arriscado e precisa ter o balanço de risco correto. Para a maioria das pessoas, é até 5% do seu portfólio, de forma conservadora”, avalia Bazan.

Prova da volatilidade desse ativo é que, caso Juliette Freire, vencedora da edição passada do programa, tivesse aplicado todo o valor do prêmio de R$ 1,5 milhão em Bitcoin, já teria perdido 35% com a depreciação da moeda digital. “É um ativo com muito risco, mas tem um altíssimo potencial de retorno”, conclui o analista da Empiricus.

Até mesmo no caso da Bolsa os riscos não podem ser desconsiderados. Há um ano atrás, o Ibovespa estava 10% maior do que hoje. Mas alguns papéis tiveram boa performance. Caso Juliette tivesse investido todo o seu prêmio em ações da Petrobras (PETR4), o montante teria valorizado mais de 26%. Nos últimos cinco anos, o principal papel da bolsa de valores do País teve alta de 115%.

Se preferir recorrer à renda fixa, será o exemplo perfeito daquela frase: “está no lugar certo, na hora certa”, brinca Gilvan Bueno, gerente educacional da Órama. Isso porque, com a alta do juros, o momento é ideal para investidores que não querem correr muitos riscos. “Mesmo com um perfil conservador, ele terá uma alta rentabilidade com pouco risco. Vai respeitar a ideia do dinheiro trabalhar para ele”, diz Bueno.

A taxa de juros atual está em 11,75%. Se o vencedor do prêmio aplicar todo o seu dinheiro no Tesouro Selic, por exemplo, terá pouco mais de R$ 191 mil ao ano, uma renda de quase R$ 16 mil por mês. No ano passado, a taxa de juros era 2% e o prêmio de R$ 1,5 milhão rendia apenas R$ 30 mil ao ano.

Outra opção conservadora é a renda fixa que, em muitos casos, supera os ganhos do Tesouro Selic. O CDB que vence em 2027 e rende 113% do CDI, por exemplo, retornaria 14,07% em um ano. Em cinco anos, teria seu valor aumentado em 74,33% (após o desconto do Imposto de Renda). Ou seja: em cinco anos, o participante teria acumulado R$ 1,14 milhão em ganhos.

Já o AGVF12 (uma debênture, ou seja: um título de dívida emitido por empresas de capital aberto para captação de recursos), que rende IPCA + 6,35%, teria um lucro de 82,22% em cinco anos, ou pouco mais de R$ 1,2 milhão. Anualmente, o lucro seria de 13,25%, quase R$ 200 mil. 

Já se o vencedor do reality aplicar tudo na poupança, a previsão é de que o prêmio tenha uma valorização de 6,17% ao ano (retorno de R$ 92.550) e 34,89% após cinco anos (R$ 523.350).

Segundo os especialistas, a ideia de viver da renda do prêmio deve ser pensada com base na faixa etária e no momento da vida que a pessoa está. “A pessoa não sabe se o obtido com a renda fixa, por exemplo, conseguirá garantir seu estilo de vida. Então, além de pensar em viver de renda lá na frente, o que faz sentido mais para um idoso, a cultura de reserva de emergência é importante”, afirma Bruno Brostoline.

Consenso entre os especialistas é que o ideal é ter uma carteira diversificada. A pedido do E-Investidor, a Nova Futura simulou carteiras de investimentos para três perfis de investidores, o conservador, moderado e arrojado, e indicou as suas perspectivas para os próximos cinco anos.

Perfil conservador

Prefere uma carteira de investimentos com um nível maior de segurança, mesmo que a rentabilidade seja mais baixa. Os objetivos podem envolver preservação de capital e ganhos a longo prazo. Neste caso, a valorização do patrimônio seria de 42,05% após a data de resgate, um ganho de R$ 630.749,80. Para esse perfil foram utilizados apenas ativos de renda fixa.

Perfil moderado

Este perfil tem mais disponibilidade para assumir um certo nível de risco para obter uma rentabilidade um pouco maior, visando oportunidades de médio e longo prazo. Na carteira recomendada, o retorno previsto é de 72,89% após cinco anos, uma valorização de R$ 1.093.343,83.

Para um perfil moderado, a sugestão é manter boa parte dos investimentos em Tesouro Selic como reserva de liquidez e a NTN-B (Tesouro IPCA), pois é um título que protege contra a variação da inflação.

“Adicionalmente, acrescentaremos ETFs que espelham o Ibovespa, o S&P 500 e o índice de Small Caps no Brasil. Tal rentabilidade é de cinco anos e estamos levando em conta o rendimento desde 2017, dado que não podemos prever a rentabilidade pela qual a renda variável se valorizará”, diz Jaconeli, da Nova Futura.

Perfil arrojado

Geralmente, este perfil é mais experiente e está disposto a investir em aplicações com um nível mais alto de risco, a fim de conseguir ganhos mais rápidos ou maiores. A previsão de valorização é de 41,53% em cinco anos, ganho de R$ 622.878,79.

“Com a Selic em alta por conta do risco percebido, inflação e características conjecturais do país, a carteira moderada foi a que trouxe a melhor rentabilidade, evidenciando a importância da diversificação e leitura de cenário”, explica o analista da Nova Futura. 

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