O Banco Imobiliário, jogo de tabuleiro que completa 85 anos de existência nesta quinta-feira, dia 5 de novembro, é um símbolo de como o entretenimento traz lições sobre o assunto. Na versão oficial em inglês, o jogo é chamado de Monopoly.
“Sem perceber, a criança começa a dar mais valor ao dinheiro, pois sabe que não pode gastar descontroladamente. Se não, acaba”, diz Liao Yu Chieh, professor e head de educação do C6 Bank.
Há vários outros jogos que também contribuem para a educação financeira na infância. No Jogo da Vida, assim como no Banco Imobiliário, ganha quem usar o dinheiro da melhor forma possível e terminar com o maior montante.
Chieh explica que os jogos que envolvem dinheiro fictício, além de matemática, ensinam como gerir ganhos e despesas. O professor ressalta que as crianças aprendem que todas as decisões têm consequências monetárias.
Nas versões mais recentes, além do dinheiro, esses jogos também ensinam os participantes a lidar com o cartão. Segundo Chieh, é normal na infância associarmos mais cédulas à maior riqueza e desprezarmos a importância do cartão.
“É muito estranho para uma criança dar uma nota, receber cinco de volta e ter menos dinheiro”, diz o professor.
Com a experiência na prática durante um jogo, no entanto, o entendimento é mais fácil do que “dar uma aula” sobre o tema com notas reais.
Para Eduardo Medeiros, especialista em educação financeira e investimentos da Ágora Investimentos, a aprendizagem é mais rápida devido à forma lúdica do processo. “Os jogos gravam com muita facilidade na memória das pessoas”, explica o especialista da Ágora.
Além disso, o entretenimento estimula o raciocínio a longo prazo, pois o jogador tem um exemplo prático de que um planejamento bem feito traz bons resultados no futuro.
“O primeiro passo da educação financeira é saber administrar o dinheiro, e o jogo ensina isso”, afirma Medeiros.
Jogos também trazem ensinamentos ruins
Apesar de serem importantes para introduzir conhecimentos de educação financeira na vida das crianças, nem todos os ensinamentos destes jogos são os ideais. E, claro, eles também não devem ser a única forma de ensinar sobre o assunto para os filhos.
Os especialistas explicam que muitos jogos passam à criança a impressão de a sorte e o dinheiro são as principais varáveis que norteam as pessoas na vida. “Nada é tão simples como os jogos fazem parecer”, diz Chieh.
Portanto, o conselho para os pais é usar os jogos como ponto de partida, de primeiros passos na educação financeira e como um bom suporte para a formação. Ao longo do desenvolvimento dos filhos, porém, os pais precisam pontuar os problemas e mostrar as diferenças do jogo para a vida real, que tem consequências de verdade.
“É uma forma de entretenimento que ensina alguns conceitos, mas até a página dois”, afirma o professor.