- Qualquer pessoa que acompanha o BBB com certeza já se questionou o que faria com a “bolada” do grande vencedor
- A 21ª temporada do reality show estreia nesta segunda-feira (25), com 20 participantes disputando o prêmio de R$ 1,5 milhão
(Murilo Basso, Especial para o E-Investidor) – Desde 2002, o brasileiro tem uma certeza: início de ano é também o começo de uma nova edição do Big Brother Brasil (BBB). Em 2021 não será diferente: a 21ª temporada do reality show estreia nesta segunda-feira (25), com 20 participantes disputando o prêmio de R$ 1,5 milhão.
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Qualquer pessoa que acompanha o BBB com certeza já se questionou o que faria com a “bolada” do grande vencedor. Compraria imóveis? Quitaria dívidas? Pouco mexeria no dinheiro e deixaria aplicado? Ou gastaria tudo de uma vez? Em 20 edições de programa, os vencedores já fizeram praticamente de tudo. E as decisões tomadas por muitos deles podem passar lições interessantes sobre dinheiro e investimentos – para o bem e para o mal. Confira:
Fique de olho no seu negócio
Vencedor da segunda edição do BBB, Rodrigo Leonel, que ficou conhecido como Rodrigo Cowboy, já afirmou à imprensa que um dos principais motivos de ter perdido o dinheiro que ganhou no programa foi o fato de ter deixado o investimento – cabeças de gado e uma fazenda alugada – nas mãos de terceiros.
Docente da Escola de Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a administradora Emanuelle Nava Smaniotto diz que o primeiro passo que deve ser tomado é fazer uma “auditoria” sobre a pessoa que vai cuidar do seu negócio: quem é ela? Qual é a sua formação? Onde já trabalhou? Se o funcionário for responsável por compras e vendas e também tiver acesso a contas bancárias da empresa, é importante estipular uma periodicidade para acompanhar extratos e registros – semanalmente, por exemplo.
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“Recomendo formalizar um contrato no qual fique claro o que o terceiro deve fazer, quais são os riscos que ele pode assumir, qual é o percentual de perda aceitável e que penalizações ele pode sofrer. Além disso, nem preciso dizer que pegar referências sobre essa pessoa e confirmar se são verdadeiras é algo interessante para se fazer antes da contratação, não é?”, orienta Smaniotto.
Procure orientação especializada e estude
Em 2004, a babá Gecilda da Silva dos Santos, a Cida, foi a primeira mulher a vencer o programa, com 69% dos votos. Na época, o prêmio principal era de R$ 500 mil (R$ 1,224,413,30, em valor atualizado). Ela diz que perdeu muito dinheiro em razão da sua ingenuidade, uma vez que ajudou parentes, foi fiadora em contrato de aluguel e gastou até com advogados contra um ex-namorado que dizia ter direito à metade do prêmio.
“O que aconteceu com a Cida acontece com mais frequência do que imaginamos. Quando se ganha uma quantia como a que ela ganhou, que era absolutamente fora da sua realidade, o indivíduo é inundado por diversas emoções, o que atrapalha a tomada de decisão racional. Soma-se a isso a falta
de conhecimento de como lidar com essa nova situação financeira e a sensação de que aquele dinheiro todo não vai acabar”, diz a economista Paula Sauer, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo.
Segundo Sauer, em situações similares é crucial encontrar a orientação de um planejador financeiro certificado. Esses profissionais possuem conhecimento técnico, experiência e não estão envolvidos emocionalmente com o dinheiro. A economista diz que há diferença entre lidar com um dinheiro que se recebeu via prêmio e aquele que se ganha via trabalho, que é entendido como “suado” e costuma ser utilizado com mais parcimônia.
“Recursos recebidos via sorteio ou herança, por exemplo, chegam e vão [embora] de maneira bastante intempestiva. Nessa hora, é muito importante buscar um profissional qualificado, certificado e experiente. O foco, porém, não deve estar somente numa carteira de investimentos, mas no planejamento financeiro da nova realidade desse indivíduo ou família”, afirma a economista, acrescentando que também é importante dedicar um tempo para conhecer melhor sobre investimentos, os principais termos utilizados no mercado, prazos e tributação.
Imóveis podem ser um bom investimento, mas há riscos
Entre os “brothers” vencedores que conseguiram fazer o dinheiro do prêmio render – como Kléber Bambam (BBB 1), Mara Viana (BBB 6), Rafinha de Carvalho (BBB 8) e Maria Melilo (BBB 11) –, o investimento em imóveis é a principal escolha. As especialistas consultadas pela reportagem afirmam que, dependendo do perfil do investidor, o mercado imobiliário pode, sim, ser um bom alvo. É preciso ter em mente, contudo, que ele também envolve riscos.
“Ter um imóvel na carteira de investimentos, dependendo do perfil do indivíduo, pode fazer todo o sentido, mas a regra não é para todos. Vale também ficar atento à diversificação dos ativos na carteira em curto, médio e longo prazo. Imóveis são investimentos de risco, sofrem depreciação, seus preços oscilam ao longo do tempo e não possuem liquidez”, diz Sauer.
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Ainda, nos casos de aquisição de imóveis visando a renda de aluguel, deve-se ter em mente que há o risco de vacância desse imóvel, fazendo com que o proprietário precise arcar sozinho com as despesas da casa, apartamento ou conjunto comercial desocupado.
“E se você acha que pode precisar do dinheiro em um curto período de tempo, não compre imóvel! Acontece muito de as pessoas precisarem rapidamente de dinheiro e acabarem reduzindo consideravelmente o valor do imóvel para vender rápido. O investimento cai por terra”, alerta Smaniotto.
Um investimento para cada perfil
Vanessa Mesquita (BBB 14) e Cézar Lima (BBB 15) afirmam que pouco mexeram no prêmio e que o dinheiro que ganharam está aplicado. Esse tipo de investimento costuma ser mais seguro, mas, assim como no caso dos imóveis, deve-se analisar qual é o perfil do investidor e o que se espera da aplicação.
Perguntas como “quais são meus sonhos?” e “quais são meus objetivos de curto, médio e longo prazo?” podem ser importantes para começar. Com a ajuda de um bom planejador financeiro e com os questionamentos certos, a conversa se desenrola de maneira que tudo fica mais claro não só para o investidor, mas também para o planejador que fará um estudo personalizado.
“A divisão básica de investimentos é entre Renda Fixa e Renda Variável. Claro que uma pessoa totalmente avessa a investimentos não optará pela renda variável. Por isso é que a análise do perfil do investidor é importante. O ideal é procurar uma corretora ou banco de sua confiança – e claro, conversar com clientes desta corretora ou banco, para colher um feedback”, afirma Smaniotto.
Considere investir numa área que já conhece
O médico veterinário Fael Cordeiro, vencedor do BBB 12, comprou fazendas, montou um centro de capacitação para agrônomos e veterinários e optou por ficar longe dos holofotes, ao contrário de muitos outros ex-brothers. O investimento, portanto, foi realizado em uma área que ele já conhecia.
Hoje, ele diz levar uma vida confortável. As especialistas dizem que essa é, sem dúvida, uma alternativa, vez que os riscos e oportunidades do negócio, produtos e fornecedores já são conhecidos. Não significa, contudo, que o sucesso será garantido.
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“Trabalhar com aquilo que se conhece e gosta não é sinônimo automático de sucesso: uma coisa é conhecer e gostar, outra coisa é conseguir separar a paixão e ter discernimento se você está tomando boas decisões e conseguindo rentabilizar seus recursos da melhor maneira possível. Falo muito isso para empresário e empreendedores: não basta conhecer o negócio e gostar dele, é preciso fazer dar certo”, orienta a docente da Unisinos.
Negocie suas dívidas
Tem vencedor que conta que a primeira coisa que fez com o prêmio foi pagar dívidas e deixar a conta bancária no “azul”, como Diego Alemão (BBB 7) e Max Porto (BBB 9). Para Paula Sauer, da ESPM, quitar dívidas é um investimento excelente. Mas tão importante quanto pagar o que se deve é entender a origem desses débitos, a fim de não repetir os mesmos erros do passado.
“É necessário mudar a relação com o dinheiro. De uma maneira geral, o novo investidor está em uma posição mais confortável para negociar a quitação das dívidas. Grande parte das dívidas atualizadas tem o saldo reduzido, não perca isso de vista”, afirma a economista.
Para negociar um bom desconto pela quitação, vale tudo, dizem as entrevistadas: negociar bastante e fazer simulações comparando pagamento à vista e parcelado. Isso porque, sem dúvidas, a sensação de pagar uma dívida à vista e se livrar dela de uma vez só é muito interessante. Às vezes, porém, vale mais a pena quitar o débito de forma parcelada e deixar o restante do dinheiro aplicado.
Cada caso é um caso – e é por isso que buscar orientação especializada, caso falte conhecimento suficiente, é sempre o mais indicado.