Com o aumento de golpes na Black Friday, ferramentas gratuitas ajudam consumidores a identificarem sites falsos
Tecnologias brasileiras e internacionais identificam sites falsos, URLs suspeitas e páginas clonadas; especialistas alertam que verificação não substitui atenção redobrada
Ferramentas gratuitas identificam sites falsos, URLs suspeitas e golpes comuns na Black Friday. (Imagem: Adobe Stock)
Descontos tentadores, cronômetros regressivos e banners tomando conta da tela: a Black Friday está chegando, e junto dela, novas oportunidades para os criminosos digitais. Enquanto consumidores esperam a chegada do dia 28 de novembro para comprar com bons descontos, golpistas aguardam ansiosos pela mesma data. Redobrar a atenção é o primeiro passo para não acabar levando para casa um boleto falso no lugar de uma TV nova.
Segundo levantamento do Reclame Aqui, 20% dos consumidores já caíram em algum tipo de golpe durante o período de promoções. Entre eles, 33% foram enganados por páginas falsas que imitam lojas reais. São sites praticamente idênticos a grandes varejistas, com o mesmo logotipo, as mesmas cores, mas com endereços sutilmente diferentes. Em vez de “amazon.com.br”, surge um “amazzon.com”. E quando o consumidor percebe, o pagamento já foi feito — e o produto, como é de se imaginar, nunca chega.
Há, no entanto, ferramentas gratuitas que prometem identificar sites falsos em poucos segundos. Duas delas, criadas no Brasil, apostam em tecnologia e confiabilidade para dar ao consumidor uma camada extra de proteção.
Detector de Site Confiável
O Reclame Aqui, plataforma de reputação de consumo, lançou o Detector de Site Confiável, que analisa automaticamente se uma loja apresenta riscos antes da compra.
“Durante a Black Friday, os criminosos intensificam as tentativas de fraude digital. Por isso, informação e verificação são as maiores aliadas do consumidor.”, afirma Edu Neves, CEO da empresa.
O funcionamento é direto: o consumidor copia o link do site, cola na ferramenta e recebe o diagnóstico em segundos. A análise cruza tempo de registro do domínio, país de origem, histórico de reputação e outros indicadores técnicos.
“O consumidor informado compra com confiança e ajuda a reduzir o alcance das fraudes virtuais”, reforça Neves.
Além da checagem automatizada, seis sinais de alerta que ajudam a identificar páginas fraudulentas:
URL estranha — desconfie de endereços com erros de digitação ou terminações incomuns (.net, .shop, .live).
Descontos irreais — preços absurdos são o principal chamariz de golpes.
Design descuidado — erros de português, imagens distorcidas e links quebrados são pistas de pressa e amadorismo.
Ausência de contato — lojas sérias exibem CNPJ, endereço físico e canais de atendimento.
Selos falsos — se o selo de segurança for apenas uma imagem estática, é falso.
Pagamento restrito — se o site aceitar apenas PIX ou boleto, desconfie. Prefira o cartão de crédito, que permite bloqueio e estorno.
O Detector de Site Confiável funciona como um “teste do primeiro clique” antes da compra. Um passo que pode poupar muito dinheiro, e dor de cabeça. É possível acessar a ferramenta utilizando o site do Reclame AQUI.
Inteligência artificial contra o golpe relâmpago
Outra solução vem da Branddi, empresa especializada em proteção de marcas no ambiente digital. A companhia desenvolveu uma ferramenta gratuita que, em até 30 segundos, verifica se uma oferta é potencialmente legítima ou fraudulenta.
Com o uso de Inteligência Artificial, a tecnologia analisa a URL inserida pelo usuário e detecta sinais de risco, como domínios suspeitos, sites recém-criados e padrões de golpes já conhecidos.
O sistema entrega uma nota de 0 a 100 e um resumo explicativo sobre o grau de segurança da página. Está em versão beta, mas já apresenta alta taxa de precisão nas análises, segundo a companhia.
“Em datas como a Black Friday, o aumento nas compras online também traz uma explosão de tentativas de fraude. Por isso, criamos uma ferramenta simples e gratuita, para que todos possam verificar a segurança de uma oferta antes de realizar uma compra e assim evitar prejuízos financeiros ou o vazamento de dados pessoais”, afirma Diego Daminelli, CEO da Branddi.
A Branddi também oferece soluções para lojistas e marcas, ajudando a identificar e remover anúncios falsos, domínios irregulares e perfis fakes em redes sociais, o que reforça o combate aos golpistas em toda a cadeia do varejo digital.
A ferramenta pode ser acessada gratuitamente por meio da página da Branddi.
Outras aliadas gratuitas para checar sites
Além dessas duas ferramentas brasileiras, há opções internacionais igualmente, se não mais úteis, e gratuitas. A URLVoid cruza o endereço com mais de 30 bases de reputação e listas de bloqueio conhecidas. A CheckPhish detecta domínios fraudulentos e clones de sites de marcas famosas. Já o EasyDMARC Phishing Link Checker é ideal para examinar links recebidos por e-mail ou WhatsApp antes de clicar.
A sofisticação do crime
É lugar comum dizer que “os criminosos evoluíram”. Lugar comum, não fantasioso. Hoje, páginas falsas são montadas com templates profissionais, inteligência artificial e campanhas de anúncios pagos para que pareçam legítimas. O que antes denunciava o golpe, um texto mal escrito, um layout tosco, agora é exceção. Por isso, as ferramentas de verificação tornaram-se uma camada essencial de defesa.
Em tempos de Black Friday, a pressa é inimiga da segurança. Pausar por 30 segundos, colar o link em uma ferramenta e verificar a reputação do site pode ser a diferença entre aproveitar uma boa promoção ou entrar na estatística dos lesados por golpes.
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Apesar de ajudarem, nenhuma ferramenta é infalível. No afã de aproveitar o máximo de pechinchas, desconfiar em primeiro lugar é imprescindível. Especialistas em segurança lembram que golpistas já usam domínios recém-comprados, hospedagem legítima e páginas feitas com IA, o que pode confundir tanto consumidores quanto os próprios verificadores. E há golpes que nem passam pela URL, como anúncios falsos, perfis clonados ou links enviados por WhatsApp, que muitas vezes ficam fora do alcance dessas checagens.
No fim, elas ajudam bastante, mas nada pode substituir a atenção do consumidor e o poder de fazer algumas ‘investigações’ antes de confirmar o PIX ou inserir os dígitos do cartão.