Educação Financeira

Pensou em migrar para um carro elétrico? Entenda se a compra compensa

Preço dos veículos eletrificados é bem superior aos modelos de combustão; carregamento é mais barato.

Pensou em migrar para um carro elétrico? Entenda se a compra compensa
Preço dos veículos elétricos ainda é alto no Brasil. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • As compras de veículos eletrificados cresceu no Brasil. De acordo com a ABVE, houve um aumento de 41% nas vendas entre os anos de 2021 e 2022.
  • Custo de aquisição dos elétricos é expressivamente superior ao de modelos que utilizam gasolina ou etanol.
  • Carregamento e manutenção tendem a ser mais baratos no caso dos veículos elétricos.

Entre os anos de 2021 e 2022, houve um aumento de 41% nas vendas de veículos elétricos no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Com o aumento na procura, você pode  estar se perguntando: “chegou a hora de migrar para essa categoria?”.

Pelo levantamento da ABVE, foram 49.245 veículos eletrificados vendidos em 2022, um número ainda baixo quando comparado a todo o mercado automobilístico. De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o total de carros emplacados em 2022 foi de 1.957.699.

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Para entender se vale a pena entrar no grupo de donos de veículos eletrificados, veja quais são seus principais custos em comparação aos modelos a combustão.

Custo de compra do carro elétrico

No Brasil, os preços das opções de eletrificados de entrada já são bem superiores aos modelos de combustão. “Eu acho que hoje, ainda, o veículo elétrico não compensa. Por quê? Porque o preço está muito alto”, diz o diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, Milad Kalume

Tome por exemplo o Renault Kwid, que oferece opções de motor elétrico e movido a combustível. De acordo com os preços oficiais da montadora, um Kwid E-Tech, opção elétrica, custa hoje R$ 149.990,00. Já o Kwid Outsider, modelo com motor de combustão mais completo, com recursos similares ao elétrico, custa R$ 74.640,00 — praticamente a metade do valor.

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Para se ter ideia, segundo levantamento da Jato, o ticket médio dos carros de passeio no Brasil é de R$ 141.487,61, valor inferior às opções elétricas mais baratas no mercado.

“O preço de entrada dos elétricos também flutua um pouco, tem os carros da JAC ali, mas enfim, é por volta de R$ 149 mil. Então você tem que o menor valor do carro elétrico é mais do que o dobro que o carro de entrada nacional”, aponta Kalume.

Abastecimento ou carregamento?

O custo de abastecimento de um carro elétrico varia de acordo com o preço da energia elétrica praticado na época do carregamento e na região. Ainda assim, o seu custo tende a ser expressivamente mais baixo do que os veículos movidos a gasolina.

De acordo com a tabela do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o Renault Kwid lidera a lista de comerciais leves a combustão mais econômicos vendidos no Brasil.

A lista aponta que o veículo possui uma autonomia de 15,3 quilômetros por litro de gasolina dentro da cidade. Considerando o valor médio da gasolina no Brasil a R$ 5,51 (divulgado pela Petrobras), o gasto com combustível para andar 100 quilômetros no carro seria de aproximadamente R$ 36.

Segundo a descrição do modelo elétrico JAC E-JS1, anunciada no site da JAC, o seu custo de consumo de energia elétrica para cada 100 quilômetros é de R$ 5,34, considerando uma tarifa de R$ 0,534 por quilowatt-hora na cidade de São Paulo.

Kalume pondera que deve-se considerar a variação do preço unitário da energia elétrica. “Digamos que você não tenha nenhum aparelho de energia solar vinculado, você tem que tomar cuidado com as flutuações do preço da energia. A energia hoje em dia está extremamente cara”, aponta.

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Os donos desse tipo de veículo também têm a opção de instalar painéis solares, responsáveis por diminuir o gasto com as recargas. Mas existem outros custos que podem estar associados ao carregamento, como eventuais conversões da rede doméstica que não seja aterrada.

Os postos de recarga gratuitos em carregadores públicos também são uma alternativa, mas eles estão concentrados em grandes centros e locais de maior circulação. Um levantamento de 2022 feito pela startup de mobilidade Elev aponta que a cidade de São Paulo abriga 34% dos carregadores públicos e semipúblicos do País.

Manutenção

Peças como filtros de óleo, de ar e de combustível, bem como velas, escapamento e radiador não existem em carros elétricos. “O motor elétrico é mais simples que um motor a combustão, você tem uma manutenção mais em conta do que o motor a combustível”, explica Kalume.

Segundo o especialista, o principal valor de manutenção a se considerar na compra de um carro elétrico seria a troca da bateria. Uma breve análise de mercado feita pela Jato, que não contempla todos os modelos de carros elétricos, mostra que o preço dessa troca pode variar em um intervalo de R$ 14 mil até R$ 311 mil.

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Mas não é comum que os veículos fiquem em posse dos proprietários até a peça precisar ser trocada. Segundo Kalune, o brasileiro médio mantém o primeiro carro novo comprado por aproximadamente três anos. “As garantias [das baterias] são em torno dos 8 anos. Se a garantia vai até este prazo, sabemos que a vida útil é um tanto quanto maior.”

Ele destaca, no entanto, que após dez anos essas peças começam a indicar sinais de perda de eficiência, semelhante ao que ocorre com as baterias dos celulares.

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