- A carta mais recente de Howard Marks, vice-presidente e um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital Management, foi divulgada na última segunda-feira (10)
- O documento “Medindo a Temperatura” tem 13 páginas, onde retoma 5 memorandos anteriores da gestora, publicados em momentos de crise do mercado, para discutir como navegar por esses momentos
- Para o executivo, alguns pontos podem ajudar a "medir a temperatura" do mercado e investir melhor
Na carta mais recente de Howard Marks, vice-presidente e um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital Management, o executivo faz uma retrospectiva de memorandos anteriores para discutir porque a empresa americana com US$ 172 bilhões sob gestão não se prende aos momentos de mercado na hora das decisões de investimento.
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O documento “Medindo a Temperatura” tem 13 páginas, onde retoma 5 memorandos anteriores da gestora, publicados em momentos de crise do mercado: janeiro de 2000, final de 2007, setembro de 2008, março de 2012 e março de 2020. O objetivo, segundo Marks, é observar essa série de eventos para tentar reconhecer o que aconteceu, se existe um padrão que se repetiu e quais são as lições a serem aprendidas a partir disso.
“De vez em quando – uma ou duas vezes por década, talvez – os mercados vão tão alto ou tão baixo que o argumento para ação é convincente e a probabilidade de estar certo é alta”, diz ele, na carta divulgada na última segunda-feira (10).
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Isso não significa, no entanto, que boas apostas – e consistentemente lucrativas – possam ser feitas apenas com base em previsões macroeconômicas. O gestor tampouco acredita que seja possível vencer o mercado simplesmente analisando os relatórios da empresa. “Os resultados superiores de investimento vêm da exploração das diferenças entre como as coisas deveriam funcionar e como elas realmente funcionam no mundo real”, diz Marks. Para fazer isso, o segredo não está nos dados econômicos ou na análise de demonstrações financeiras, mas no entendimento a psicologia do investidor.
Para isso, o co-fundador da Oaktree lista alguns pontos para o que chama de “medir a temperatura do mercado”:
- Reconhecer padrões: Estudar a história do mercado para reconhecer padrões e, a partir deles, entender melhor as implicações dos eventos atuais;
- Olho nos excessos e correções: Entender que os ciclos de mercado acontecem a partir de “excessos e correções” e que um movimento forte em uma direção tem mais probabilidade de ser seguido por uma correção na direção oposta;
- Pensamento de rebanho: Atenção aos momentos em que a maioria das pessoas está tão otimista que pensa que as coisas só podem melhorar e, da mesma forma, quando o mercado está deprimido. Para Marks, quando o pensamento “do rebanho” está em uma das duas pontas é provável que o nível e a direção de preços sejam insustentáveis;
- Estratégia contrária: em tempos extremos, o segredo para ganhar dinheiro está na estratégia contrária, não na conformidade. “Quando os investidores emocionais têm uma visão extrema do futuro de um ativo e, como resultado, levam o preço a níveis injustificados, o ‘dinheiro fácil’ geralmente é feito fazendo o oposto”, diz Marks. Para ser bem-sucedido nessa estratégia é preciso entender como age o que o que executivo chama de “rebanho”: porque está atuando de tal maneira, o que há de errado ali, o que deve ser feito e por quê;
- Resista à própria emotividade: para Marks, é preciso se afastar da multidão para conseguir evitar os padrões emocionais de outros investidores;
- Atenção às proposições ilógicas: uma crítica do executivo a constatações como “as ações caíram tanto que ninguém se interessará por elas”. “Quando você se deparar com uma proposição amplamente aceita que não faz sentido ou que você considera boa demais para ser verdade (ou ruim demais para ser verdade), tome as medidas apropriadas”;
- Evite a projeção macro: Na Oaktree, o ponto de partida é a suposição de que o ambiente macroeconômico do futuro inevitavelmente se assemelha às normas do passado. Considerando que o quadro seja pior que o “normal”, é preciso garantir que os investimentos tenham uma margem de segurança. “O que nunca fazemos é projetar que o ambiente macro será nitidamente melhor do que o normal de alguma forma, fazendo com que investimentos específicos sejam vencedores. Confiar em suposições otimistas raramente faz parte desse processo, preferimos fazer suposições do que eu descreveria como ‘neutro’.”
Sem tentar acertar o momento
O que é pior: comprar na alta ou vender na baixa? O documento escrito por Howard Marks traz essa provocação a investidores para discutir porque a Oaktree não tenta acertar o timing de mercado na hora de realizar um investimento.
Segundo ele, a gestora não vende posições que considera atrativas para o longo prazo somente para navegar em mercados de baixa. “Normalmente vendemos porque uma participação atingiu nosso preço-alvo, o caso de investimento se deteriorou ou encontramos algo melhor. Nossos portfólios abertos são quase sempre totalmente investidos. Assim, evitamos o risco de perder retornos positivos”, explica.
Em relação ao momento de entrada em um ativo, o executivo diz que ao considerar o valuation (valor do ativo) barato, o investidor deve compra-lo, e não esperar para ver se a cotação cai ainda mais – se cair, é só comprar mais, diz. “Temos muito mais medo de perder uma oportunidade barata do que de começar a comprar algo bom cedo demais. Ninguém realmente sabe se algo vai ficar mais barato nos próximos dias e semanas – isso é uma questão de prever a psicologia do investidor, que está em algum lugar entre desafiador e impossível.”