- O endividamento atinge 77,7% das famílias brasileiras, o maior patamar em 12 anos, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Detalhe: 87% delas contraíram essas dívidas por meio do uso do cartão de crédito
- No entanto, se bem utilizado, o cartão de crédito também pode virar um grande aliado. As instituições oferecem benefícios visando atrair clientes
- O E-Investidor consultou especialistas para entender qual a melhor forma de aproveitar os benefícios do cartão de crédito
Por possibilitar ao cliente gastar o dinheiro que não tem, a imagem do cartão de crédito é costumeiramente associada à inadimplência e ao endividamento.
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A má gestão dos gastos no crédito e o atraso no pagamento das faturas levam muitos brasileiros a pagarem juros elevados e, em muitos casos, até sujarem o nome.
Rejane Tamoto, planejadora financeira pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), explica que a culpa não é do produto e sim da forma como as pessoas o utilizam.
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Segundo ela, a maioria dos usuários realmente não tem a organização financeira necessária para a utilização da opção de crédito.
“O cérebro tem o costume de ignorar os pequenos valores. Quando chega a fatura, a soma causa surpresa”, diz Tamoto.
Por isso, a planejadora financeira reforça: a organização ajuda a não ficar refém da fatura alta e ela deve ser feita por meio do fluxo de caixa, controlando e anotando todos os gastos.
Virando o jogo
No entanto, se bem utilizado, o cartão de crédito também pode virar um grande aliado. Além do parcelamento de compras, um grande facilitador para aquisições de alto valores, as instituições oferecem benefícios visando atrair clientes.
As milhas são as mais conhecidas entre essas vantagens, e mais recentemente os cashbacks também entraram em cena. Eles permitem que o cliente receba de volta uma porcentagem das compras realizadas no crédito em lojas parceiras.
Rodrigo Góes, especialista em educação financeira em milhas, explica que o acúmulo de milhas não pode ser justificativa para gastar mais. O desafio é ser mais estratégico com as compras que você já iria fazer.
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O E-Investidor consultou especialistas para entender qual a melhor forma de aproveitar os benefícios do cartão de crédito. Confira as dicas:
6 benefícios do cartão de crédito
1- Passe todas as transações no crédito, incluindo as contas do dia a dia
Rosangela Boos, coordenadora de cartões e adquirência da Central Ailos, aconselha que todas as transações sejam realizadas no crédito. “Dessa forma, você pode acumular mais pontos e trocar por milhas”, diz.
Rodrigo Góes acrescenta que poucas pessoas sabem, mas é possível pagar contas do dia a dia, como de água e luz, com o cartão de crédito. Segundo ele, isso ainda ajuda na gestão do orçamento, já que o consumidor concentrará todas as contas em uma mesma data de pagamento.
2- Compre em sites parceiros
Grande parte dos sites de compras, como alguns dos principais e-commerces, são parceiros de clubes de fidelidade e beneficiam os compradores com milhas extras ou cashbacks por gastarem através do link parceiro do programa.
“A parceria visa oferecer mais vantagem para promover a fidelidade do consumidor e o preço continua o mesmo. Por isso, antes de comprar qualquer item, pesquise o valor nos sites parceiros”, aconselha Góes.
3- Nunca transfira milhas sem bônus
“Muitas pessoas passam a acumular mais milhas apenas com a mudança de comportamento, porém pecam na hora de transferir os pontos do cartão”, lamenta Rodrigo Góes.
Segundo ele, o “pulo do gato”, está na hora de transferir as milhas para os programas e convertê-los em viagens ou renda-extra.
A indicação é que nunca seja feito de 1 para 1. Ou seja: sem ganhar nenhuma bonificação.
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Isso porque promoções que oferecem milhas extras ocorrem com frequência, basta se planejar, ser estratégico e, com isso, aumentar seu acúmulo sem precisar desembolsar um centavo a mais para isso.
4- Faça as contas
Nem sempre vai valer a pena utilizar suas milhas na troca por produtos, passagens e afins. Por isso sempre vale fazer as contas.
Segundo Rodrigo Góes, o cálculo que deve ser feito é o seguinte: pegue a quantidade de milhas necessárias para trocar pelo determinado produto ou serviço; calcule quanto renderia se você as vendesse; compare com o valor que aquele mesmo produto ou serviço custa em dinheiro.
Exemplo: uma passagem aérea está saindo por 50 mil milhas ou R$ 350,00 em dinheiro. Na plataforma de venda, cada milheiro está saindo por R$ 25. Ou seja: R$ 1.250,00. “Faz muito mais sentido você vender as suas milhas, pagar a passagem e ainda vai sobrar dinheiro”, diz o especialista.
O mesmo vale para o cashback. No caso, é necessário observar se, mesmo com a volta de um percentual do dinheiro gasto, o custo do produto continuou mais caro em relação a outros sites de venda.
5- Escolha o melhor cartão para você
De acordo com Rosangela Boos, a maioria dos cartões oferecem vantagens e benefícios, mas é necessário direcionar os seus pontos com base em suas necessidades.
Não adianta, por exemplo, escolher um cartão que tem parceria com companhias aéreas, se você não gostar de viajar.
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Rodrigo Góes acrescenta que, no momento da escolha, nem sempre anuidade é ruim. “Existem cartões que pontuam 1,5 vezes e que possuem anuidade, e muitas pessoas acham que por isso eles são ruins. Não necessariamente”, diz o educador financeiro.
Segundo ele, muitas vezes só as vantagens em si já compensam o custo. Além disso, dependendo do seu gasto, é possível que fique isento da taxa.
6- Não tenha cartão de estimação
Tenha o cartão de crédito apenas pelo tempo que for útil para você.
“Conheço muitas pessoas que possuem cartões ruins, que não fazem sentido e não possuem vantagens, mas pelo ‘costume’ continuam usando. No entanto, esse costume pode sair bem caro”, finaliza o especialista em educação financeira.