O que este conteúdo fez por você?
- Independente da classe de ativos, sejam os mais ou menos arriscados, antes é preciso ter uma reserva de emergência, identificar os objetivos para cada aplicação e descobrir o seu perfil como investidor
- Apesar de ter sua atratividade bastante impactada pelo baixo patamar da taxa básica de juros, a renda fixa tem grande importância nas carteiras dos investidores, mesmo para quem gosta de tomar riscos
- Os perfis mais arrojados ou agressivos, que têm mais tolerância a risco, podem aumentar a parcela de investimentos alocada em ativos de renda variável, sejam em fundos ou ações
Começar a investir na renda fixa ou direto na renda variável? Essa tem sido uma grande dúvida para quem pensa em ter retorno financeiro em tempos de Selic a 2% ao ano. Independente da classe de ativos, sejam os mais ou menos arriscados, antes é preciso ter uma reserva de emergência, identificar os objetivos para cada aplicação e descobrir o seu perfil como investidor. Com o checklist pronto já é possível pensar em alternativas de como investir, por exemplo, com R$ 500 por mês.
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“A primeira coisa a se considerar é o tempo, que está relacionado aos objetivos de curto, médio e longo prazos. O segundo ponto é que para escolher entre a renda fixa ou a variável, é preciso saber qual é o perfil de risco, ou seja, a capacidade de arriscar mais em prol de um rendimento melhor”, afirma Carlos Castro, planejador financeiro certificado pela Planejar.
Caso haja dúvida sobre como definir as metas de acordo com o tempo, Castro explica que curto prazo se refere a um período de até dois anos, que pode ser exemplificado com a reserva de emergência – de seis a doze vezes o custo mensal de uma pessoa. O médio prazo está ligado a planos de dois a cinco anos, como a compra de um carro ou imóvel, por exemplo. Já o longo prazo se refere a objetivos acima de cinco anos, como a aposentadoria.
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Na outra ponta, o perfil de investidor tem a ver com o quanto a pessoa possui de tolerância a riscos. Neste caso, os perfis podem ser conservador (menos risco), moderado (risco intermediário) e arrojado (mais risco).
Após saber o que se planeja alcançar em determinado tempo, e o quanto se aceita correr riscos nos investimentos, o investidor pode pensar em como aplicar os seus R$ 500, que abrange mais opções de produtos do que R$ 100 ou R$ 300.
Onde começar a investir com R$ 500?
Apesar de ter sua atratividade bastante impactada pelo baixo patamar da taxa básica de juros, a renda fixa tem grande importância nas carteiras dos investidores, mesmo para quem gosta de tomar riscos, justamente porque ela oferece maior segurança do que investimentos da renda variável.
Para Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research e colunista do E-Investidor, um perfil conservador poderia dividir as suas aplicações com R$ 500 de modo que 40% fiquem em títulos do Tesouro Selic (títulos públicos), 40% em CDBs (crédito privado) e 20% em ações.
Ainda que as ações representem o menor percentual em renda variável nessa hipótese, Fontes avalia que é válido ter um mínimo de exposição em ações, tanto porque elas oferecem melhor rentabilidade, como para o investidor começar a testar, gradualmente, o seu emocional com os riscos de perda na Bolsa.
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“A melhor forma de você se sentir tranquilo com aquela posição e confortável com o risco que está tomando é começar com pouco. Se não começar sempre vai deixar para depois e aquilo nunca vai fazer sentido”, destaca Fontes.
A colunista sugere que o investidor iniciante escolha duas ou três ações no mercado fracionário, se possível sem pagar taxa de corretagem, e a partir daí observe como as ações se comportam e como ele aguenta possíveis perdas. Caso haja conforto, Fontes explica que é possível ir evoluindo e aumentando a exposição aos poucos.
“O cenário hoje de liquidez e baixo risco não te paga nada. Se quiser realmente ter uma valorização de capital, você vai ter que aceitar ativos com um pouco mais de risco. É uma realidade do mercado atual”, reforça Fontes.
Rodrigo Sivieri, professor da Trevisan Escola de Negócios, é mais cauteloso e sugere títulos públicos de renda fixa para o perfil conservador. “O máximo de risco seria o crédito privado, fundos ou emissões, como CRI, CRA, debêntures. Só que esses títulos geralmente oferecem liquidez somente no resgate”, alerta Sivieri.
Como perfis mais arriscados podem investir
Partindo para um perfil moderado, Sivieri aconselha diversificar os investimentos na renda fixa. Além do Tesouro Selic, o professor sugere títulos do Tesouro IPCA +, que podem se beneficiar com uma alta da inflação, um pé na renda variável (entre 10% e 15% do patrimônio), comprando ações de boas empresas que pagam dividendos, ou aplicar em fundos multimercados.
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Para Castro, da Planejar, quem em perfil moderado pode investir 40% em renda fixa, 35% em multimercado e 25% em renda variável. Esses aportes podem variar conforme os objetivos de curto, médio e longo prazos, segundo o planejador financeiro.
Os perfis mais arrojados ou agressivos, que têm mais tolerância a risco, já poderiam aumentar a parcela de investimentos alocada em ativos de renda variável, sejam em fundos ou ações. Na avaliação de Castro, a divisão do patrimônio poderia ficar 20% em renda fixa, 40% em multimercado e 40% em renda variável.
No caso dos perfis mais arriscados, o professor da Trevisan sugere também exposição ao dólar, por meio de um fundo cambial ou de equities de ações diretamente nos Estados Unidos, por exemplo. “É interessante que o investidor tenha ativos que protejam a sua carteira, como o ouro, que é um investimento que tende a ter um certo desempenho melhor em períodos de recessão”, completa Sivieri.
Quando mudar de estratégia
Pensar em atualizar a carteira de investimentos é uma decisão que exige cautela. A sócia-fundadora da Nord Research explica que o cenário macroeconômico pode não mudar em três meses, por exemplo, e a carteira atual continuar com bons resultados.
“Pode ser que amanhã saia um índice de inflação muito pior e o mercado acredite que o Banco Central vai subir a taxa de juros, ou seja, a bolsa pode não ser mais tão legal no curto prazo. Você vai ter que ajustar a carteira quando as condições de mercado mudarem”, defende Fontes.
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Castro avalia que na medida em que o investidor conclua os objetivos mais distantes, de médio e longo prazos, é preciso alocar esse dinheiro em opções de curto prazo, ou seja, que são mais seguras e com liquidez. Em termos práticos, a realocação precisa refletir a característica de curto prazo. “Você vai ter que ir ajustando essa carteira para que o dinheiro fique mais disponível para o curto prazo”, conclui o planejador financeiro.