- Especialistas recomendam planejar o valor do imóvel que gostaria de comprar, o prazo para juntar os recursos e quais são as fontes de renda
- A valorização do preço de venda do metro quadrado no Brasil foi de 5,13% no acumulado do ano, acima da inflação e dos preços dos mercados
- Aplicar a reserva para a entrada do imóvel na renda fixa é indicada para prazos curtos e médios; para prazos maiores é possível investir na renda variável com cautela
Realizar o sonho da casa própria está entre as principais metas dos brasileiros — não por acaso é o principal objetivo na hora de investir, como mostramos nesta reportagem. No entanto, o maior entrave que muitos encontram está em um dos primeiros passos a ser dado: a entrada para o financiamento imobiliário. Mas como juntar dinheiro para tirar esse plano do papel?
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De acordo com o Índice FipeZap, a média nacional do preço de venda de imóveis residenciais foi de R$ 9,1 mil por metro quadrado no último mês de agosto. No acumulado de 2024, a pesquisa mostra que houve uma variação positiva de 5,13% nos valores. O resultado é superior ao resultado da inflação acumulada no período de 2,87%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), assim como ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que avançou 2%.
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Considerando o cenário acima, o professor do MBA em Controladoria e Finanças da Universidade Positivo, Hugo Meza, afirma que nenhum tipo de compra de grande porte se faz sem um planejamento. Para isso, ele recomenda considerar o valor ideal da casa própria e a sua possível valorização até o negócio ser fechado.
“Planejar o valor do imóvel que gostaria de comprar, o prazo para juntar os recursos e quais são as fontes de renda para conseguir esse sonho, além de definir um percentual a sacrificar permanentemente para juntar o dinheiro, tudo isso é essencial”, aponta. O professor frisa ainda que uma reserva financeira pode ser usada na entrada para financiamentos, porém a parcela do imóvel não deve ultrapassar 30% da renda mensal bruta.
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Ainda assim, para a planejadora financeira CFP pela Planejar, Leticia Camargo, dificilmente uma família conseguirá juntar recursos em apenas 12 meses para dar entrada no financiamento da casa própria. “Investimentos em imóvel requerem uma grande quantia de recursos, que muito provavelmente serão guardados ao longo de alguns anos, mesmo que seja o dinheiro para a entrada”, explica.
Como juntar dinheiro para comprar a casa própria?
Na mesma linha de raciocínio, a educadora financeira Aline Soaper recomenda que quem está com planos de comprar um imóvel defina um valor mensal a ser reservado para essa finalidade. “E separar antes de pagar as contas, não esperar sobrar para fazer o investimento”, diz.
Além disso, ela destaca que o ideal seria fazer um planejamento para investir, no mínimo, 10% da renda mensal para essa reserva, que será usada na entrada do imóvel. “Se a pessoa receber como autônoma, deve investir várias vezes ao mês, separando 10% sempre que receber.”
Um dos principais erros apontados pelos especialistas consultados pelo E-Investidor é deixar essa quantia a ser reservada por último. Isto é, após pagar todas as contas e gastos previstos no mês, para então separar a quantia da entrada do imóvel. “Assim nunca vai conseguir alcançar o valor necessário”, salienta Soaper.
Já Camargo indica o agendamento de uma aplicação automática no dia do recebimento do salário para não esquecer de guardar. “Garantindo que o dinheiro será poupado logo, sem nem ficar na conta”, diz. Ela alerta que esse recurso pode ser alvo de algum objetivo de curto prazo caso não haja uma reserva de emergências. “Quando há um imprevisto, a família se endivida já que não consegue resgatar aqueles investimentos com carência, que seriam para o objetivo da casa no médio ou longo prazo.”
Outros erros na hora de juntar dinheiro para a casa própria incluem:
- utilizar a reserva para o imóvel para pagar férias ou a troca de automóvel;
- compras por impulso que possam comprometer o orçamento mensal e demandar o uso da reserva;
- falta de limite nos gastos do orçamento familiar;
- não definir um valor mínimo para ser guardado mensalmente.
Guardar ou investir o dinheiro para dar entrada no financiamento do imóvel?
Ao pensar em formar uma reserva para dar entrada no financiamento imobiliário a primeira decisão pode ser acumular esse valor na poupança. Entretanto, esse não é o meio mais rentável para quem tem mais pressa. Não por acaso, os especialistas recomendam o aporte do valor em algum tipo de investimento.
Soaper explica que, sabendo o prazo em que esse dinheiro precisa ser usado, um caminho indicado seria aplicá-lo na renda fixa, em ativos com rentabilidade maior a médio e longo prazo ou que possam proteger o investimento da perda pela inflação. “Não recomendo ir para a renda variável, porque pode ter variação e perda no momento que o valor será usado para fazer a compra da casa.”
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Considerando a rentabilidade para quem quer juntar dinheiro por um ano, Leticia Camargo, da Planejar, recomenda opções como o Tesouro Selic e Certificado de Depósito Bancário (CDB) com 100% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). “Para prazos mais longos, próximos de 5 anos, seria possível até um prefixado ou título híbrido (atualizado pela inflação mais uma taxa prefixada) cujo vencimento case com o prazo do objetivo da casa própria.”
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Considerando um planejamento de dez anos, Camargo não se opõe ao investimento na renda variável. “Por ser longo prazo, já seria possível ter algum risco nos investimentos. Podendo até se utilizar de ações também, lembrando que, conforme o prazo da compra da casa for se aproximando, seria importante ir reduzindo o risco da carteira”, alerta.