O que este conteúdo fez por você?
- Apesar do maior retorno financeiro para quem começa a investir antes, os jovens são minoria entre os clientes que possuem um plano de previdência complementar nos grandes bancos
- Para Sandro Bonfim, superintendente da Brasilprev e presidente da Comissão de Produtos por Sobrevivência da Fenaprevi, começar a reserva para a aposentadoria é uma preocupação que precisa entrar no radar dos jovens
- A falta da educação financeira na juventude também é um fator que reflete na falta de planejamento para a aposentadoria
A maioria dos jovens brasileiros não tem um planejamento adequado para investir com foco na aposentadoria. Quanto mais cedo começam os investimentos, maiores serão as reservas para sustentar uma vida tranquila após a idade produtiva. O ano de 2023 precisa ser um período de mudança dessa cultura, pois o cenário previdenciário do Brasil não é animador.
Leia também
Um relatório global divulgado pela seguradora Allianz em 2022 rebaixou a pontuação da qualidade do sistema brasileiro de seguridade social. De acordo com o documento, o aumento do envelhecimento populacional e o nível elevado de desemprego entre jovens são fatores que podem pressionar o novo governo a promover reformas no INSS.
Para Sandro Bonfim, superintendente da Brasilprev e presidente da Comissão de Produtos por Sobrevivência da Fenaprevi, começar a reserva para a aposentadoria é uma preocupação que precisa entrar no radar dos jovens.
Publicidade
Conteúdos e análises exclusivas para ajudar você a investir. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“É importante poupar mais cedo em função dos juros compostos. Não precisa começar com muito dinheiro. Uma pequena parcela do salário já começa a subsidiar uma boa renda no futuro, já que os juros vão multiplicar o valor durante os anos”, diz. “Esse processo faz uma diferença brutal e as pessoas não entendem. Elas acham que está tudo bem começar a poupar com 40 anos, mas não está.”
Apesar do maior retorno financeiro para quem começa a investir antes, os jovens são minoria entre os clientes que possuem um plano de previdência complementar nos grandes bancos. A participação da faixa etária entre 18 até 29 anos no Bradesco Vida e Previdência é de apenas 7,7%, enquanto no Santander é de 3,34% dos clientes, por exemplo.
A falta da educação financeira na juventude também é um fator que reflete na falta de planejamento para a aposentadoria. O relatório Monitor de Inclusão Financeira, desenvolvido pela Americas Market Intelligence para o Mercado Pago, mostrou que 6 em cada 10 usuários do banco digital no Brasil nunca receberam nenhum treinamento, conselho ou apoio sobre como administrar seu dinheiro e finanças pessoais.
Como planejar a sua previdência em 2023
Publicidade
Especialistas concordam em um ponto: é preciso começar a investir o mais cedo possível e com qualquer valor. Bonfim, da Brasilprev, diz que se o jovem poupar entre 15% e 20% da sua renda todos os meses durante 30 anos poderá ter uma boa segurança financeira no futuro.
“Quando não é possível um percentual mais alto do salário, o que a gente recomenda é que desde o primeiro salário o jovem comece uma reserva, independentemente do valor”, reforça.
Com 24 anos, o desenvolvedor de software Nicholas Maglowsch Salgueiro reserva aproximadamente 80% da sua renda mensal para a sua aposentadoria. Nicholas já possui uma reserva de emergência e tem o objetivo o tirar proveito dos seus investimentos a partir dos 50 anos.
“Comecei a montar a minha carteira em 2018 e todo mês compro ações, faço aportes em FIIs e agora tenho títulos públicos de longo prazo. Também deixo uma pequena parte em um PGBL, para deduzir no meu imposto de renda. Com os rendimentos no futuro, vai chegar um momento em que vou escolher se quero trabalhar com uma carga horária menor ou se irei me aposentar”, relata.
Publicidade
Segundo o analista de portfólio da Ágora Investimentos Gabriel Tossato da Silva, o Tesouro Direto é uma boa oportunidade para 2023. “Títulos públicos indexados à inflação garantem uma proteção e pagam juro real. Geralmente eles têm prazos mais longos, então o investidor garante aquela taxa até o vencimento, que pode acontecer em 20 ou 30 anos”, diz.
Para o analista, os títulos privados também devem oferecer boa rentabilidade dentro do cenário de renda fixa. Entre eles estão os CDBs, LCIs, LCAs de bancos e produtos emitidos por empresas, como CRIs, CRAs, debêntures e LIG.
Também é possível investir em ações nacionais e internacionais com uma estratégia previdenciária. Para planejar a aposentadoria via renda variável, é importante considerar o crescimento das empresas no longo prazo e evitar excesso de preocupação com oscilações de curto prazo.
Previdência complementar: vale a pena?
Publicidade
O plano de previdência complementar pode ser uma alternativa para quem quer começar a poupar recursos. Existem duas modalidades de planos: o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres), indicado para quem declara o imposto de renda completo, e o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres), para os declarantes do modelo simplificado.
Tossato, da Ágora, explica que há diversas modalidades de carteiras previdenciárias. Existem modelos mais conservadores, como os fundos de renda fixa, que oferecem maior segurança com menor rentabilidade, e opções com estratégias em renda variável, multimercado ou ativos no exterior.
“O grande benefício é a portabilidade. Há um atrito tributário para se desinvestir em um fundo convencional que não acontece em um fundo previdenciário. Outra vantagem é a tributação regressiva, no longo prazo ela traz vantagens para o investidor com a redução da alíquota”, explica o especialista.
O superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência, Marcelo Rosseti, aponta a obrigatoriedade do aporte mensal como outra vantagem da previdência privada para quem tem pouca idade. “Ao contratar um plano, é possível programar essas contribuições mensais e elas são descontadas na sua conta no dia que você combinar e achar melhor, então isso ajuda na questão da disciplina”, afirma.
Publicidade
A previdência complementar também é vantajosa para o longo prazo por não ter o “come-cotas”, a antecipação no recolhimento do Imposto de Renda existente nos fundos convencionais.