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Educação Financeira

Marco Cambial: conheça as novas regras para moedas internacionais

Lei vai impactar tanto o viajante para o exterior quanto operações de empresas com moeda estrangeira

Marco Cambial: conheça as novas regras para moedas internacionais
Foto: Envato Elements
  • A partir de sábado (31), entrará em vigor o novo Marco Cambial, o nome popular dado à Lei 14.286/21
  • O texto consolida normas criadas desde 1920 e afeta tanto pessoas físicas quanto empresas
  • Na prática, o objetivo é tornar as transações internacionais mais simples

Entra em vigor neste sábado (31) o Novo Marco Cambial, o nome popular dado à Lei 14.286/21, que trata da consolidação de mais de 400 normas de câmbio que foram criadas há mais de 100 anos. “Observando isso, podemos entender o motivo da lei ser chamada de ‘marco’”, brinca Vivian Portella, diretora de negócios internacionais da B&T Câmbio.

Na prática, segundo entrevistados pelo E-investidor, o objetivo da lei consiste em tornar as transações internacionais mais simples. O marco foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro em 30 de dezembro de 2021, mas começará a valer somente no final desse ano.

Juliana Strohl, líder do setor Jurídico e de Compliance da Kamino, fintech voltada à gestão financeira de startups, dividiu as regras no ponto de vista do consumidor e das empresas.

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Sob a perspectiva da pessoa física, em 2023 será possível ter mais dinheiro na carteira durante viagens internacionais: o limite que hoje está estipulado em R$ 10 mil passará para US$ 10 mil – ou, se considerada a cotação média do dólar nesta semana, de R$ 5,25, para R$ 52.500.

A mudança serve para qualquer moeda internacional. Caso o brasileiro viaje à Europa, por exemplo, é preciso fazer a relação entre dólar e euro para saber quanto o turista pode levar: se US$ 1 é 0,94 euros, o limite de US$ 10 mil equivale a 9.399,40 euros. No caso de viagem à Argentina, US$ 1 equivale a 176,39 pesos. Então, no próximo ano, será possível levar 1.763.899 pesos.

Marcelo Fonseca Vicentini, sócio e head da Área Tributária do Madrona Advogados, diz também que será permitida a compensação privada de créditos. Hoje, por exemplo, caso um brasileiro esteja devendo R$ 100 mil para um norte-americano e esse mesmo estadunidense deva R$ 90 mil para o brasileiro, é preciso fazer duas operações cambiais distintas.

A partir do novo marco, será possível efetuar uma única transação com a diferença entre os débitos e créditos considerando a cotação cambial do dia. “Isso eliminará o número de registros do BC brasileiro e também vai facilitar o cotidiano das pessoas que possuem o débito com alguém no exterior”, diz Fonseca.

A lei ainda permitirá a realização de pequenas transações entre pessoas físicas, de até US$ 500, afirma a diretora de Negócios Internacionais da B&T Câmbio. Isso facilitará com que pessoas que viajaram ao exterior e voltaram com moedas internacionais troquem o dinheiro com outras, sem irregularidades.

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Há, no entanto, uma discussão em torno da abertura de conta em dólares no Brasil. Pode ser que seja possível quitar dívidas nacionais ou até pagar contas em moeda estrangeira. Porém, até o momento, a legislação apenas delegou competência para que o Banco Central (BC) regule tal matéria. A expectativa dos entrevistados é que exista um posicionamento final sobre as regras ainda nos primeiros meses de 2023.

Empresas

Do ponto de vista empresarial, o porta-voz da fintech Kamino diz que haverá maior flexibilidade para gerir e alocar capital no exterior. “As vedações existentes sobre o que pode ser feito com o dinheiro transferido para o exterior para empresas operacionais brasileiras foram excluídas”, afirma Strohl.

Até o fim deste ano, as companhias só podem utilizar as moedas internacionais para realizar investimentos ou quitar obrigações. Em 2023, conseguirão também usar o capital para a operação de crédito e financiamento, por exemplo.

O novo Marco Cambial deve estimular a redução de estruturas operacionais e jurídicas para quem atua no mercado cambial. Atualmente, os serviços de câmbio dependem de bancos e corretoras para sua efetivação. Com a simplificação dos controles, fintechs e empresas de pagamento entram no rol de instituições que poderão oferecer os serviços.

Juliana Strohl então acredita que a vida financeira dos empreendedores que buscam investimentos fora do Brasil vai melhorar. “O Marco Cambial pode facilitar o processo de recebimento de remessas do exterior, além de ser um passo importante para destravar outras burocracias que envolvem a integração global entre bancos”, diz. Veja nesta matéria como os especialistas avaliaram a lei.

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