O que este conteúdo fez por você?
- Momento é de reorganizar as contas para entrar em 2024 no azul. Especialistas recomendam renegociar dívidas e rever os gastos da família
- Saúde financeira também inclui construir uma reserva de emergência e começar a investir para multiplicar os ganhos
Mais um ano está chegando ao fim e, para muitas pessoas, o momento é de rever a situação financeira e traçar objetivos para o ano que vem. Com o endividamento em recordes históricos no Brasil, essa é a hora de organizar as finanças para não entrar em 2024 com a conta no vermelho. Já quem está com os débitos em dia pode aproveitar a chance de juntar dinheiro para começar a investir.
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Para Eduardo Trigueiro, analista de educação financeira do Sicoob, o período atual é favorável para quem deseja renegociar as dívidas. O Programa Desenrola Brasil, do governo federal, tem oferecido descontos e a possibilidade de parcelamento para a quitação de débitos junto a bancos e concessionárias de serviços públicos. E a tendência de queda da taxa básica de juros, a Selic, também conta a favor do devedor.
“O ideal é que quem está endividado procure a instituição credora para entender quais são as taxas praticadas atualmente nos seus contratos e, de repente, tentar renegociar”, afirma Trigueiro.
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O especialista ressalta que é preciso olhar o custo efetivo total (CET) das dívidas e começar quitando aquelas de maior valor. Além disso, o devedor deve observar o próprio orçamento para saber qual a real capacidade de pagamento. Por exemplo, ao parcelar o pagamento de um débito, é importante ter certeza de que será possível pagar o valor das parcelas nos meses seguintes. Caso contrário, a renegociação acabará se tornando uma nova dívida.
Dedicar uma parte do 13º salário para quitar ou renegociar os débitos também é uma boa estratégia para começar o novo ano com as contas no azul.
O Programa Desenrola Brasil renegocia até o dia 30 de dezembro débitos que, após a atualização de valores, sejam de R$ 5.000,01 a R$ 20 mil. Após esse prazo, os descontos serão mantidos, mas a dívida só poderá ser quitada à vista. Para acessar a plataforma de renegociação, o consumidor precisa ter login no Portal Gov.br, com conta nível prata ou ouro, e estar com os dados cadastrais atualizados.
A atenção deve ser redobrada com os gastos no cartão de crédito, categoria que atingiu o percentual de 87% das famílias brasileiras endividadas em outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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O consumidor deve evitar pagar apenas o valor mínimo da fatura, quando entra no crédito rotativo, que possui taxas de juros de mais de 440% ao ano, segundo o Banco Central. Antes de fazer uma compra ou parcelamento, é sempre importante avaliar se aquele gasto está dentro do orçamento. Caso o indivíduo já tenha dívidas no rotativo do cartão de crédito, o ideal é trocar esse débito por um que tenha juros mais baixos, como um consignado.
Como começar a juntar dinheiro
Para quem não tem dívidas ou já quitou seus débitos, essa é a hora de começar a fazer a reserva financeira. O objetivo da reserva é, principalmente, cobrir despesas emergenciais, como o conserto de um carro, a troca de um eletrodoméstico ou um período de desemprego.
Coordenadora do Laboratório de Finanças Pessoais da ESPM, a economista Paula Sauer recomenda que essa reserva corresponda de seis a 12 meses das despesas mensais do indivíduo. Essas despesas incluem gastos fixos, como aluguel, contas, mensalidade escolar e planos de saúde, além de alimentação e lazer. Ou seja, se o custo mensal do trabalhador é de R$ 3 mil por mês, a reserva deverá ser de R$ 12 mil a R$ 36 mil.
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“Esse valor é muito pessoal e dependerá de alguns fatores como empregabilidade, quantidade de dependentes econômicos e mesmo a capacidade financeira. Com essas contas na ponta do lápis, o próximo passo será analisar o quanto é possível disponibilizar por mês até que essa reserva de emergência esteja criada”, explica a educadora financeira.
Nesse momento, o trabalhador poderá perceber que está gastando exatamente o valor do seu salário mensal – ou até mais. E que, portanto, não existe margem para juntar dinheiro. Essa será a hora de rever os gastos da família, avisa o analista Eduardo Trigueiro. “Esse planejamento financeiro envolve olhar para essas despesas mensais e tentar enxergar qual delas pode ser reduzida ou até mesmo eliminada”, aponta.
Entre as áreas em que costuma haver maior espaço para cortes estão os pacotes de telefonia e TV a cabo, que podem sofrer reajustes ao longo dos anos. Vale a pena entrar em contato com a operadora e sondar se existem planos mais baratos ou mais simples, mas que também atendam às necessidades da família. O mesmo vale para os serviços de streaming. Outra opção é checar se o gasto com compras e atividades de lazer poderia ser reduzido.
No caso das despesas recorrentes, Paula Sauer ressalta que pode ser necessário haver mudanças de hábitos, como deixar de fazer compras em um supermercado mais perto de casa, porém, mais caro, e optar por um estabelecimento um pouco mais distante, mas com produtos mais baratos. Ou, ainda, substituir a marca de alguns itens.
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“Não é das etapas mais fáceis, mas podem acontecer boas surpresas. É preciso ter em mente o que importa, o que faz brilhar os olhos, e o que é preciso cortar, ou o que já não faz mais tanto sentido, para que a família não precise abrir mão do que verdadeiramente importa”, pondera a economista.
Investir é para todos
Tornar-se um investidor não significa, necessariamente, ter muito dinheiro aplicado em ações. Há opções de investimentos em renda fixa com baixo risco, boa rentabilidade e aplicação mínima abaixo de R$ 100. “O investidor é aquele que consegue poupar o dinheiro e multiplicar esse valor. Não apenas para emergências, mas para ter uma reserva que permita até mesmo aproveitar as possibilidades, como comprar algo à vista com desconto”, diz Trigueiro.
A poupança é o instrumento mais utilizado pelos brasileiros, mas não oferece a rentabilidade mais vantajosa, especialmente com a tendência de queda da taxa Selic, que hoje está em 12,25% ao ano. Quando essa taxa se encontra em patamar igual ou inferior a 8,5% ao ano, o retorno da poupança é de 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Acima desse limite, a caderneta rende 0,5% ao mês, o que equivale a 6,17% ao ano, mais a TR.
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Há aplicações tão seguras quanto a poupança, como o Tesouro Selic e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que rendem 100% do CDI (equivalente à Selic). Ou seja, oferecem retornos mais altos. Os investimentos nesses ativos podem ser feitos através do banco ou de uma corretora de investimentos.