- Essas contas oferecem algum rendimento sobre o dinheiro que está estacionado na conta concorrente, mesmo sem estar aplicado
- Especialistas ouvidos pelo E-Investidor veem as contas remuneradas de forma positiva, mas observam que elas são limitadas e, portanto, é necessário entender quais são os objetivos pretendidos com o uso do dinheiro
- Pierre Oberson de Souza, professor de finanças da FGV EAESP, destaca a facilidade no uso dessa alternativa. O dinheiro parado, que antes não rendia assim como se estivesse embaixo do colchão, passa a render algum valor
O mercado financeiro está em constante processo de modernização e uma das alternativas recentes para quem ainda não navega no mundo dos investimentos são as contas remuneradas. Essas contas oferecem algum rendimento sobre o dinheiro que está parado na conta corrente. Mas essa é uma boa alternativa para quem quer obter ganhos financeiros?
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Especialistas ouvidos pelo E-Investidor veem as contas remuneradas de forma positiva, mas observam que elas são limitadas e, portanto, é necessário entender quais são os objetivos pretendidos com o uso do dinheiro.
Pierre Oberson de Souza, professor de finanças da FGV EAESP, destaca a facilidade no uso dessa alternativa. O dinheiro parado, que antes não rendia assim como se estivesse embaixo do colchão, passa a render algum valor. “O correntista não precisa ficar escolhendo investimento e, mesmo que não seja um rendimento espetacular, é melhor do que rendimento nenhum”, diz Souza.
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Myriam Lund, planejadora financeira CFP, diz que essas contas são recomendáveis para o dinheiro que a pessoa vai usar, mas não sabe exatamente o dia. Mas ela reforça que conhecer as regras do jogo é sempre importante e recomendável. Isso porque as características quanto ao rendimento do dinheiro parado na conta podem variar entre as instituições financeiras. Portanto, identificar e comparar os detalhes é fundamental para uma escolha mais acertada.
“Qual é a remuneração? 100% do CDI ou menos? Nos bancos tradicionais é possível ver 50% do CDI, ganhos bem mais baixos, mas o cliente não precisa se preocupar, pois a rentabilidade sempre será positiva, ainda que bem pouquinho. Rende o prazo todo, ou, para o cliente, somente após 30 dias?”, exemplifica Lund.
Luciana Ikedo, educadora financeira, acrescenta que a sensação de investimento e rendimento sem preocupações pode ser atraente, mas é essencial notar que cada instituição bancária possui políticas distintas. “Ao avaliar essas contas, é crucial considerar não apenas a comodidade, mas também as nuances das taxas e condições oferecidas por cada banco, a fim de tomar decisões financeiras mais informadas e alinhadas com seus objetivos”, diz Ikedo.
Em que situações as contas são indicadas?
Antes de fazer uma conta, Paula Sauer, economista e coordenadora do laboratório de finanças pessoais da ESPM, indica que o correntista deve responder a uma tríade: quer segurança, rentabilidade ou liquidez? As respostas podem indicar uma direção. “Não vai existir uma conta única que dê tudo isso de graça”, observa.
“O cliente precisa ter muito claro o que quer com aquele dinheiro. Se já tem um dinheiro investido, esse dinheiro novo que está guardando agora é para qual objetivo? Ele precisa de liquidez? Então talvez precise abrir mão de uma rentabilidade boa. Não quer ter nenhum susto e saber o quanto vai resgatar quando precisar daqui a um ano? Então pode ser que abra mão da rentabilidade para ter segurança”, explana Sauer.
Para Ikedo, as contas remuneradas podem ser benéficas em situações específicas, principalmente para os correntistas que enfrentam desafios no controle financeiro e tendem a manter recursos parados na conta sem investir. Nestes casos, ela entende que a remuneração pode servir como um estímulo para que esses correntistas coloquem seu dinheiro em uma opção que gere algum rendimento, em vez de simplesmente deixá-lo ocioso na conta corrente.
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“Essas contas são particularmente úteis para incentivar uma gestão mais ativa dos recursos financeiros, promovendo o hábito de buscar opções que ofereçam retornos financeiros mais atrativos”, afirma Ikedo.
Souza, da FGV EAESP, define as contas remuneradas como uma porta de entrada para o mundo dos investimentos, mas que não vão substituir as melhores aplicações. “Essas contas são interessantes porque há muita gente com dinheiro parado na conta sem render nada. Se ela não tinha tempo de decidir um investimento, se achava burocrático ou não entendia muito, isso democratizou bastante a entrada no mundo dos investimentos”, avalia Souza.
“Mas é importante entender como uma porta de entrada. É melhor do que deixar o dinheiro parado, mas é legal o investidor abrir os seus horizontes e entender os investimentos de acordo com o seu seu perfil de risco e com o seu horizonte de tempo”, acrescenta Souza.
Quais instituições oferecem remuneração na conta?
O Banco do Brasil oferece o serviço, chamado de Rende Fácil. A adesão é 100% digital, válida para a partir de R$ 0,01, com rendimento de até 100% do CDI, disponível para pessoa física e jurídica.
O Iti, do Itaú, tem rendimento a 100% do CDI desde o 1º dia útil, com liquidez diária e sem cobrança de IOF, mas o dinheiro deve ser colocado no recurso “Metas”, e não apenas ficar parado na conta, como funcionava até outubro do ano passado.
A conta do Nubank tem rendimento automático maior que o da poupança, para valores que ficam na conta por mais de 30 dias após o depósito. Nestes casos, o rendimento da conta é de 100% do CDI que, em 2023, teve rentabilidade acumulada de 13%, acima da Selic (11,75% ao ano).
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No PagBank, o dinheiro rende automaticamente e sem limite para o valor máximo remunerado. A rentabilidade é de 100% do CDI sobre o saldo parado na conta por pelo menos 30 dias. Contudo, o cliente não terá rendimento sobre o valor que usar antes desse período.
Deixar na conta ou investir?
Lund avalia que, se o objetivo é investir, o ideal é fazer aplicações em produtos como CDBs, LCIs e LCAs, separando os recursos daqueles destinados para os sonhos e objetivos de vida. “Caso precise de recursos além da conta remunerada precisará solicitar resgate, o que é bom para conseguir efetivamente juntar dinheiro e alcançar as metas desejadas”, diz.
O professor Souza, da FGV EAESP, lembra que para objetivos de longo prazo, como aposentadoria, existem investimentos mais adequados do que simplesmente uma conta que rende. “Um tesouro direto, com vencimento mais longo que vai remunerar acima do IPCA, com garantia relativamente alta, por exemplo. Ou para quem suporta maior risco, pode optar por fundos de ações ou multimercado”, recomenda.