O dólar sobe 4,79% no acumulado de abril. A moeda passou dos R$ 5,01 no dia 29 de março para a casa dos R$ 5,25 nesta última quinta-feira (18). O avanço tende a assustar boa parte dos brasileiros que querem viajar para o exterior, principalmente aqueles que ainda não compraram moeda americana para levar.
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Segundo Juliana Inhasz, professora do Insper, a alta do dólar acontece após os dados da econômica americana colocarem em xeque se 0 banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), vai reduzir de fato a taxa de juros em junho ou julho.
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“Com os juros dos EUA em um patamar elevado e aqui no Brasil em ciclo de corte, o investidor prefere levar o dinheiro dele para a economia dos EUA, pois a rentabilidade passa a ser mais atrativa. E isso causa retirada de dólares da economia brasileira. Com a redução de dólar em circulação no Brasil, a moeda dos EUA sobe contra o real”, aponta Inhasz
Já Luciana Maia Campos Machado, professora de finanças da Fipecafi, comenta que o governo estabeleceu metas que demandam atenção para o risco fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a redução da meta de superávit de 0,5% em 2025 para déficit de 0% do Produto Interno Bruto (PIB).
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“Investidores enxergaram a medida de forma negativa, tendo em vista que havia projeção de superávit de 0,25% em 2025. Com isso, houve também uma retirada de dólar do Brasil por temor relacionado à aversão ao risco, o que também ajudou o dólar a subir de preço devido à redução de sua oferta no mercado”, diz Luciana Machado.
Dólar pode fechar o ano em R$ 5,15
Essa alta da moeda pode ter pego muitos de surpresa, porque o mercado estimava o dólar por volta de R$ 5 no encerramento de 2024. No entanto, essas estimativas estão mudando. Na visão de Luis Guilherme, head de Câmbio e Internacional da Nova Futura Investimentos, o dólar deve encerrar 2024 entre R$ 5,10 e R$ 5,15.
“O valor atual da moeda americana está acima dos fundamentos. Olhando para as questões da economia brasileira e dos EUA, o dólar deveria valer entre R$ 5,10 e R$ 5,15. Claro que isso pode mudar e que a nossa estimativa está fundamentada no que temos agora, mas vejo que o dólar está caro neste momento”, afirma Guilherme.
Quando comprar dólar para viajar?
Com base no fechamento do dólar na última quinta-feira (18), a estimativa do head de Câmbio e Internacional da Nova Futura Investimentos implica em uma potencial queda de 1,9% até 2,85% para o dólar. No entanto, Luis Guilherme reforça que essa estimativa é para o fim de 2024 e, devido a essa perspectiva, quem tem interesse em comprar dólar agora para viajar nas próximas duas semanas não deve ficar esperando a moeda atingir esse patamar. “O mercado está muito instável. Então, fica melhor comprar dólares aos poucos até o dia da viagem, assim o viajante consegue fazer um bom preço-médio do dólar nesse período”, explica.
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No caso do turista que tem prazo maior, de três meses, até a viagem, a orientação vai no sentido de esperar a atual volatilidade passar, conforme afirma Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio. “Hoje o dólar está muito acima do patamar médio dos últimos meses, que é de R$ 5 ou R$ 5,01. Por isso, acho melhor aguardar. No entanto, vale lembrar que a espera envolve riscos, pois o dólar pode subir. Em resumo, melhor esperar essas tensões diminuírem e seguir comprando ao longo dos próximos meses.
Na hipótese de uma viagem daqui a seis meses, especialistas recomendam pulverizar ao máximo as compras. De acordo com Paula Zogbi, head de Conteúdo da Nomad, isso não vai garantir que o viajante compre dólar no menor preço, mas permite a formação de um preço médio de equilíbrio. “Fazendo uma compra por mês de moeda, cada uma correspondente a um sexto do valor que o turista pretende levar para a viagem. Assim, ele fica menos exposto aos riscos de oscilações de curto prazo da moeda”, afirma Zogbi.
Escolhas para não cancelar a viagem
Por outro lado, se a viagem ocorre nos próximos dias, o viajante ainda não comprou dólar e ele ainda estima que não terá dinheiro para suprir suas necessidades, ele deve avaliar os cenários de prejuízo e optar pelo melhor das hipóteses. Segundo Juliana Inhasz, só vale a pena cancelar a viagem se nada estiver pago. “O turista deve avaliar o prejuízo que vai receber, pois se já está de passagem comprada e hospedagem acertada o prejuízo de desistir pode ser maior do que procurar alternativas para manter a viagem”, explica.
Luis Guilherme opina que o ideal não é se endividar para viajar. A melhor solução envolve reduzir gastos que seriam feitos durante a viagem para manter uma boa gestão financeira do dinheiro. “O endividamento para manter o padrão estimado anteriormente para a viagem não se mostra como uma boa solução”, aponta o head de Câmbio e Internacional da Nova Futura Investimentos.
Por fim, para quem ainda não pagou a viagem e percebe que não vai conseguir voar para o exterior, desistir se torna opção melhor do que entrar em dívidas impagáveis. “Vale a pena monitorar os preços das viagens domésticas e tirar férias dentro do Brasil. No entanto, o consumidor deve fica atento, pois existem muitos destinos no País que são mais caros do que viajar para o exterior”, analisa Juliana Inhasz, professora do Insper.
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