- A alta do dólar gera vários impactos na economia mundial, e não seria diferente aqui no Brasil
- A cotação do dólar bateu mais recorde e encerrou as negociações a R$ 5,64, o maior valor do ano
- Brasileiros terão impactos na inflação, produtos importados, viagens e até nos investimentos
A cotação do dólar bateu mais recorde nesta segunda-feira (1º) e encerrou as negociações a R$ 5,64, o maior cotação desde 10 de janeiro de 2022, quando chegou a R$ 5,674. Como pano de fundo para mais uma disparada da moeda americana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a criticar a decisão do Banco Central (BC) em manter a taxa básica de juros (Selic) a 10,5% ao ano, assim como a atuação do dirigente da autarquia, Roberto Campos Neto. Mais: as projeções do Boletim Focus iniciaram o dia revisando o câmbio para cima.
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De acordo com o relatório, divulgado na manhã desta segunda-feira, a mediana dos economistas para o dólar subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20 em 2024. Para o ano seguinte, a revisão foi de R$ 5,15 para R$ 5,19. Além disso, as estimativas para a inflação foram elevadas pela oitava semana consecutiva, saindo de 3,98% para 4% em 2024, e para o ano que vem de 3,85% para 3,87%.
Essa nova projeção do Boletim Focus acontece menos de uma semana depois que a Dívida Pública Federal (DPF) apresentou aumento de 3,10%, atingindo o valor de R$ 6.912,04 bilhões em maio. A informação foi publicada no relatório mensal divulgado pelo Tesouro Nacional na quarta-feira (24). “O endividamento significa basicamente juros mais altos, que significam possivelmente aumento do dólar, elevando a inflação”, explica Morvan Meirelles Costa Junior, sócio-fundador do Meirelles Costa Advogados, nesta reportagem.
Mesmo com os gastos públicos no centro do debate, o presidente Lula continua a criticar a decisão do BC em não reduzir a taxa Selic. “Não precisamos ter política de juros alto neste momento. A taxa Selic de 10,5% está exagerada. A inflação está controlada”, afirmou em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA).
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Externamente, investidores observam os novos dados econômicos dos Estados Unidos. Na quinta-feira (27), o governo americano informou que a economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 1,4% no período de janeiro a março. Esse foi o menor crescimento trimestral desde o segundo trimestre de 2022, mostrando uma leve melhora em relação à estimativa anterior.
Como o dólar alto afeta o bolso do brasileiro
- Produtos importados mais caros
A alta do dólar gera vários impactos na economia mundial e, claro, no Brasil. Imediatamente, é fácil lembrar do preço dos produtos importados, mas além deles o câmbio pode estar embutido em itens fabricados localmente. Isso porque insumos vindos do exterior são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.
Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital, lembra que o dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociadas as principais commodities e produtos do dia a dia. “Uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros e que haja mais inflação”, comenta.
- Férias e viagens mais caras
A variação do dólar também tem força para impactar o preço final das viagens de férias. Afinal, como muitos dos custos do setor turístico e principalmente das companhias aéreas são dolarizados, isso pode provocar o aumento no preço de passagens aéreas mesmo que para destinos domésticos. Para as viagens internacionais, a alta da moeda americana pode afetar no preço também de hospedagem e pacotes turísticos, visto que muitos países aceitam o dólar como moeda.
- Pressão inflacionária
A alta do dólar também pode afetar a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, aumentando, assim, pressão inflacionária. Para os economistas, uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Esse movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.
- Investimentos
A alta do dólar também abre oportunidades no mercado financeiro e há algumas formas de investir na moeda norte-americana. Uma delas ocorre por meio de contratos futuros de dólar na B3, por meio de duas categorias: contratos cheios de dólar (DOL) e os minicontratos de dólar (WDO).
“Os contratos cheios são para quem deseja movimentar grandes quantias, pois eles correspondem a uma movimentação de US$ 50 mil por unidade. O mini contrato é indicado para quem vai operar valores menores, pois cada minicontrato vale US$ 10 mil”, diz Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.
Outras alternativas consistem em investir diretamente na bolsa norte-americana ou em fundos cambiais. Quem quiser aproveitar essas oportunidades deve estar atento ainda ao seu perfil de investidor, já que os ativos podem aumentar o risco da sua carteira. Além disso, vale destacar que apesar de a alta do dólar refletir negativamente nas importações, ela é positiva para empresas exportadoras. Veja aqui as empresas listadas na Bolsa que ganham (e perdem) com a alta do dólar.