- No campo das finanças, rever alguns comportamentos pode gerar mais dinheiro no bolso e menos dor de cabeça
- Especialistas ouvidos pelo E-Investidor listam alguns hábitos que podem ser aliados na redução das contas mensais e na economia de recursos, como fugir de supérfluos, acompanhar os gastos e pensar no futuro
- Embora falar de planejamento possa soar repetitivo, essa é uma das dicas mais recorrentes e citadas por educadores financeiros
Adeus ano velho, feliz ano e hábitos novos. A chegada de 2024 traz um bom momento para avaliar as metas alcançadas e, sobretudo, os erros cometidos a fim de ajustar a rota em busca de decisões melhores. No campo das finanças, rever alguns comportamentos pode gerar mais dinheiro no bolso e menos dor de cabeça.
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Especialistas ouvidos pelo E-Investidor listam alguns hábitos que podem ser aliados na redução das contas mensais e na economia de recursos, como fugir de supérfluos, acompanhar os gastos e pensar no futuro.
“Mudar um hábito não é algo exatamente fácil”, lembra Paula Sauer, economista e coordenadora do Laboratório de Finanças Pessoais da ESPM. “Para algumas pessoas, as gratificações funcionam bem. Para outras, uma gratificação não é possível”, exemplifica.
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Uma alternativa, segundo Sauer, é atrelar o desejo de alterar um costume a uma modificação maior na rotina. Por exemplo, mudar a rota para algum destino habitual, como o trabalho ou a faculdade, para evitar a compra rotineira de algo, como um lanchinho de rua ou cigarro na banca de revista. “É importante criar ou aproveitar mudanças maiores na rotina para mudar o comportamento financeiro”, orienta Sauer.
Veja a seguir alguns hábitos para incluir na rotina e ficar com as finanças organizadas:
Construa um orçamento
Embora falar de planejamento possa soar repetitivo, essa é uma das dicas mais recorrentes e citadas por educadores financeiros. Isso porque ainda é comum entre os brasileiros o costume de não projetar o valor das contas e despesas fixas de cada mês, assim como acompanhar os gastos mensais. Esse tipo de atitude gera insegurança e pode trazer surpresas indesejadas, como ficar sem dinheiro suficiente para arcar com as despesas e, consequentemente, cair no endividamento.
“As pessoas têm medo de fazer planejamento financeiro pensando que vão ter que cortar tudo e que isso vai doer. Na verdade, o planejamento bem feito é libertador e ajuda a cortar o que não faz mais sentido para que não se deixe de fazer o que faz brilhar o olho”, Sauer.
Para fazer um orçamento financeiro não há muito mistério. A lógica básica é colocar no papel ou numa planilha digital todos os compromissos de cada mês, incluindo as despesas fixas, como aluguel e energia, e as cobranças sazonais, como as contas de janeiro. Usar o mês de dezembro como referência para os demais meses é uma alternativa. Lembrando, claro, de incluir os novos gastos realizados, como compras parceladas e gastos sazonais, como aniversários e datas comemorativas.
No caso das contas fixas, é possível atualizar o valor pela expectativa da inflação no período para se aproximar ainda mais do valor real. Para isso, pode-se recorrer às projeções do Boletim Focus, publicado às segundas-feiras.
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Fuja da contabilidade mental
Algumas pessoas acabam por negligenciar o orçamento financeiro porque se acostumam a fazer as famosas contas de cabeça. Essa é uma decisão arriscada, uma vez que a estratégia não dá conta de mostrar, de forma global, o real cenário das despesas futuras.
“A contabilidade mental sempre atrapalha porque nós segmentamos os gastos e só conseguimos enxergar grandes blocos, e esquecemos despesas pequenas”, explica Myriam Lund, planejadora financeira CFP.
Lund diz ainda que o risco desta escolha está em não conseguir visualizar o peso que as despesas “inofensivas”, aquelas de menor valor, têm quando se considera o valor delas acumulado no tempo. Por exemplo, três reais por dia, ao longo do ano, soma R$ 1.080. Mas é difícil contabilizar todos os pequenos custos e seus impactos de forma acumulada. “São as pequenas despesas que fazem com que extrapolemos o orçamento”, reforça Lund.
Corte o supérfluo
A infinita oferta de serviços disponíveis por preços aparentemente baratos têm bombardeado os cartões de crédito de muitos brasileiros. São diversos streamings, clube de assinaturas entre outros serviços renovados automaticamente a cada mês. E nesse emaranhado de gastos é que pode se estar escondido um “pote de ouro”.
“É preciso avaliar o que pode ser cortado, como gastos recorrentes que você assumiu e não tirou mais. Por exemplo, streamings, aplicativos, atividades esportivas que já não consegue cumprir por tempo ou agenda. Elimine tudo isso”, aconselha a educadora financeira Luciana Ikedo.
Esses pequenos gastos, quando somados, ajudam a controlar e manter o orçamento em dia. Portanto, o ideal é tornar um hábito as análises periódicas desses serviços contratados e que já não são usados. “Se colocarmos na ponta do lápis, deixamos de fazer muitas coisas ao longo do ano e estamos pagando por muitas coisas que não fazem mais sentido”, alerta Sauer.
Poupe para emergências
Ter um colchão de dinheiro guardado em uma aplicação segura é outra recomendação que os brasileiros deveriam tornar um hábito, segundo especialistas. Isso porque eventualidades podem acontecer a qualquer momento, como uma demissão ou um problema de saúde, e ter uma reserva financeira garante tranquilidade diante de uma situação indesejada e inesperada.
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Além de proporcionar segurança financeira, ter uma reserva financeira à mão garante outro tipo de tranquilidade, explica Johnny Mendes, professor de economia da Faap.
“O fundo de emergência tem tanto um valor de segurança monetária quanto também de segurança emocional, porque permite que a pessoa possa continuar perseguindo os seus objetivos”, observa Mendes.
Na prática, saber que há uma quantia de dinheiro de fácil acesso para sanar algum evento atípico permite que as pessoas dediquem seus esforços para economizar e rentabilizar em prol de outros sonhos, como a compra de um imóvel ou uma viagem. Veja aqui como montar uma reserva de acordo com a sua realidade financeira.