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Educação Financeira

Histórico da inflação no Brasil: o que foi feito nas últimas décadas

Inflação no País fechou 2021 com alta de 10,06%. Veja como governos anteriores solucionaram o problema

Histórico da inflação no Brasil: o que foi feito nas últimas décadas
Plano Real foi uma das medidas mais importantes quando observamos o combate no histórico da inflação no Brasil. (Fonte: Shutterstock)
O que este conteúdo fez por você?
  • O Brasil enfrentou, em 2021, uma inflação oficial muito acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A alta foi de 10,06% no ano passado
  • O Plano Real equilibrou as contas públicas, desindexou a economia e abriu economicamente o Brasil para barrar a “inflação galopante” do fim da década de 1980
  • Atualmente, o Banco Central (BC) tem usado o aumento dos juros para combater a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) de 10,75% ao ano para 11,75%

Em 2021, o Brasil enfrentou uma inflação oficial muito acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5,25%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,73% em dezembro, acumulando um aumento de 10,06%.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa é a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando o IPCA foi de 10,67%. Segundo o chief financial officer (CFO) da Associação Brasileira de Agentes Digitais (Abradi), Marcos Moraes, esse fenômeno é impactado por quatro fatores principais:

  • Gastos públicos: quando há mais gastos do que arrecadação;
  • Especulação e inércia: elevação de salários e preços pelo mercado quando o mercado acredita que haverá inflação;
  • Indexação descontrolada: quando reajustes aplicados agora passam a refletir na subida de preços de amanhã;
  • Custo de produção: juros mais altos para empréstimos de empresa fazem subir os preços.

E qual é o histórico da inflação no Brasil? O que foi feito por governos anteriores em situações semelhantes? Confira o balanço do especialista.

Histórico da inflação no Brasil

Inflação nos anos 1960

inflação chegou a 92% em 1964.

  • Motivos: aumento dos gastos do governo militar, crise mundial do petróleo e ditadura.
  • Solução: plano de Metas e Plano de Ação Econômica do Governo em 1965, com reformas institucionais e política de taxas inflacionárias, fechando 1969 em 19% ao ano.

Inflação nos anos 1970

A inflação chegou a 46% em 1976.

  • Motivos: após viver o “Milagre Econômico” até 1973, o endividamento público explodiu, e a expansão da produção de bens de capital falhou, levando ao arrocho salarial e à alta de preços.
  • Soluções: um programa de investimentos para substituição de importação de aço, produtos petroquímicos e outros básicos, além de promover a autossuficiência do Brasil em setores estratégicos.

Inflação nos anos 1980

A inflação ultrapassa 1.900% em 1989.

  • Motivos: a crise mundial veio forte com o desequilíbrio da balança comercial. A dívida externa triplicou, e a interna piorou 400 vezes mais.
  • Soluções: Plano Cruzado com congelamento de preços. Plano Bresser visando deter a aceleração da inflação com políticas monetárias e fiscais. Plano Verão para uma contração da demanda e desindexação com uma nova unidade de valor.


No histórico da inflação no Brasil, vemos que nosso país chegou à hiperinflação no fim da década de 1980. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Inflação nos anos 1990

Depois de atingir o recorde acima dos 2.400% ao ano, a inflação oficial fechou 1999 com 9%.

  • Motivos: vestígios da década anterior com planos malconduzidos, sem apoio político e contas desajustadas.
  • Soluções: Plano Collor I e II com o confisco da poupança e fracasso imediato; Plano Real com ajuste fiscal prévio, desindexação da economia e abertura econômica do Brasil para barrar a “inflação galopante” do fim da década de 1980; reforma monetária e uma boa equipe econômica no controle.

Inflação nos anos 2000

O auge da inflação nos anos 2000 foi no início da década, chegando a mais de 12% em 2002.

  • Motivos: alta do dólar e dos preços de alimentos, bebidas e de produtos que, até então, estavam sendo estancados pelo governo.
  • Soluções: estímulo à concorrência e manutenção da política econômica conservadora que gerou alívio tímido, mas suficiente para manter a inflação abaixo dos dois dígitos até o final da década.

Um artigo publicado pela revista Conjuntura Global, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), atribuiu parte do chamado “milagrinho econômico” à alta do preço das commodities agrícolas no mercado global.

Tal medida encheu os caixas nacionais, mas também às políticas de estímulo ao consumo, investimentos públicos atrelados à facilitação do acesso ao crédito, valorização do salário mínimo e criação de programas de transferência de renda.

Inflação em 2010

Houve equilíbrio de contas, com os índices mantidos dentro da meta estabelecida. Navegou-se em um “mar azul” entre 4% e 6% ao ano.

  • Motivos: equipe econômica prudente, passando confiança aos investidores e mercado externo. Porém, a partir de 2011, houve um descontrole na política de preços, e a economia desacelerou. A recessão chegou entre 2015 e 2016, com a explosão do desemprego.
  • Soluções: as resoluções usadas foram repetidas, investimentos, regulações, e reforma administrativa, mas com pouco resultado, o que levou o País para mais de uma década de cenário conturbado.

E a inflação hoje?

No histórico da inflação no Brasil, vemos que uma das saídas para enfrentar esse problema foi o Plano Real. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

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Se a situação com a inflação já não era fácil na década passada, hoje, em meio a uma das maiores crises sanitárias dos últimos anos e o impacto das mudanças climáticas na produção global, tudo fica ainda mais complicado de se resolver.

Mas, além desses fatores, apontados como os vilões da vez, há outros pontos que pressionam a inflação no Brasil atualmente.

As tensões geopolíticas internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a dificuldade nas cadeias de produção depois da reabertura da economia em diversos países e as incertezas políticas no Brasil deste ano também puxaram os índices de preços no primeiro semestre.

Em meados de março, Banco Central (BC) usou mais uma vez o aumento dos juros para combater a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) de 10,75% ao ano para 11,75%.

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Esse foi o nono aumento consecutivo na taxa e o maior nível em quase cinco anos. O processo de elevação da Selic iniciou em março do ano passado.

Em contrapartida, em uma tentativa de aumentar o dinheiro em circulação, o governo federal anunciou um pacote de medidas que deve injetar mais de R$ 150 bilhões na economia.

Batizado de Programa de Renda de Oportunidade, esse pacote de medidas prevê:

  • Saque de até R$ 1 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
  • Ampliação da margem e empréstimo consignado de 35% para 45%;
  • Antecipação do pagamento do 13° salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
  • Um programa de microcrédito digital para beneficiar empreendedores.

Ainda assim, para Moraes, apesar de as estimativas serem de equilíbrio, com uma meta estipulada em aproximadamente 5%, é possível que o teto da inflação seja novamente ultrapassado.

“Temos um governo frágil popularmente, deficiente economicamente e ameaçado em um ano de eleição com taxa de desemprego alta e uma guerra que terá efeitos globais”, diz o especialista, que prevê um IPCA ainda acima de 10% ao fim de 2022.

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Fontes: Agência Brasil, Revista Conjuntura Global UFPR, Marcos Moraes, CFO da Associação Brasileira de Agentes Digitais (Abradi).

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