O que este conteúdo fez por você?
- De acordo com dados da plataforma voltada para o mercado acionário norte-americano Passfolio enviados com exclusividade ao E-Investidor, de 2020 até outubro deste ano o número de brasileiros com investimentos nos Estados Unidos nessa faixa etária cresceu 140%
- Já na Bolsa de Valores brasileira, a presença da geração Z também tem sido expressiva. De acordo com a B3, a entrada de investidores dessa faixa etária aumentou 47,5% de 2020 até o terceiro trimestre de 2021
- O cuidado com a qualidade das informações sobre o mercado financeiro é outra recomendação dada por analistas aos jovens investidores
Nascidos entre 1995 e 2010, os investidores da geração Z conquistam cada vez mais espaço no mercado financeiro. De acordo com dados da plataforma Passfolio, voltada para o mercado acionário norte-americano, de janeiro de 2020 até outubro deste ano o número de brasileiros com investimentos nos Estados Unidos nessa faixa etária cresceu 140%.
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O levantamento, enviado com exclusividade ao E-Investidor, aponta que essa alta é o dobro do crescimento registrado na geração imediatamente anterior, a Y, dos nascidos a partir dos anos 1980.
Já na Bolsa de Valores brasileira, a presença da geração Z também tem sido expressiva. De acordo com a B3, a entrada de investidores dessa faixa etária aumentou 47,5% de janeiro de 2020 até o terceiro trimestre de 2021. O percentual é mais do que o dobro da alta registrada na geração Y, que teve um acréscimo de 20,6% no mesmo período.
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Presença da geração Z no mercado acionário
Público | B3 – 2020/2021 | Passfolio – 2020/2021 |
Geração Z | ? 47,5% | ? 140% |
Geração Millenials | ? 20,6% | ? 69% |
Fonte: PassFolio/B3 (dados contabilizados até outubro de 2021)
Os números mostram a maior disposição dos jovens em investir no mercado acionário. Victor Salles, 23 anos, faz parte desse grupo. Desde o início de maio do ano passado, o universitário do curso de Química destina 50% da remuneração do seu estágio para a compra de ativos na B3. Como ainda morar com os pais e possui poucas despesas, ele consegue ter essa folga no orçamento para investir no futuro e atingir o seu objetivo: garantir uma renda extra aos 33 anos.
“O mercado de trabalho em Química (área de sua formação) não é muito bom em Curitiba (cidade onde mora) porque é mais voltado para a área acadêmica. Então, comecei a pensar em uma segunda fonte de renda”, diz Salles.
Já Walter Piragine, 26 anos, tem mais tempo no mundo dos investimentos. Desde 2017, aplica parte da sua reserva de emergência no mercado acionário. Quatro anos depois, o estudante de economia que mora em Fortaleza (CE) desfruta de um privilégio: o retorno financeiro de suas ações é maior do que o salário do seu antigo emprego.
“A minha carteira é diversificada. Invisto em fundos imobiliários de logística, em empresas de energia elétrica, bancos e empresas de construção. A cada seis meses revejo as minhas ações e faço um balanceamento na minha carteira”, afirma.
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Com a possibilidade de investir por pelo menos mais 30 anos, os investidores da geração Z têm condições mais favoráveis no mercado acionário do que os seus antecessores. Além do tempo a mais para montar a própria carteira de investimentos, esses jovens foram menos expostos a grandes crises financeiras, condições que os tornam mais “agressivos” na hora de investir.
“A geração Millenials (Y) sofreu com duas grandes crises: a de 2008 e a da covid-19. Isso marcou muito o perfil do investidor que se tornou mais conservador. É um investidor que demorou a poupar e sofreu desemprego”, ressalta Antônio Neto, head de produto da Passfolio.
Segundo o estudo da Passfolio, as ações mais negociadas pela geração Z são as de empresas de tecnologia, como a Tesla (TSLA34), Google (GOGL34) e a Amazon (AMZO34). Mas também os investimentos em criptomoedas têm crescido entre os jovens, especialmente o bitcoin.
Na avaliação de David Gobaud, fundador da Passfolio, há algumas razões que podem explicar o interesse desses jovens para entrar no mercado acionário tão cedo. Uma delas é a divulgação mais expressiva nas mídias sociais sobre o mercado de ações.
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“Na virada de 2020 para 2021, o episódio da GameStop (quando as ações da varejista de videogame sofreram uma forte alta na bolsa de valores) “viralizou” no Reddit (rede social) e a geração Z, que frequenta a rede social, começou a se interessar por esse mundo de investimentos”, diz.
Os cuidados e dicas na hora de investir
Fernanda de Rousset, sócia da B.Side Investimentos, orienta aos investidores na faixa dos 20 anos olhar para setores que são menos suscetíveis a sofrer com a volatilidade do mercado e dos ciclos econômicos. “Normalmente, a gente fala das ações do setor de energia, banco e saneamento básico, serviços que as pessoas precisam independentemente de crise”, aconselha.
Outra dica de Rousset é apostar nas small caps. Embora o risco de investimento seja mais elevado do que em empresas mais tradicionais, essas companhias em estágio inicial podem ter boa rentabilidade em um longo prazo. “Por ser mais arriscado, eu indicaria que fosse um percentual menor na sua carteira, mas seria aquela “pimenta” para melhorar a rentabilidade”, sugere.
Mas se o objetivo é ter uma rentabilidade a curto prazo para realizar uma viagem dos sonhos ou até uma especialização, Antônio Neto, da Passfolio, recomenda investimentos em renda fixa e adotar uma postura mais conservadora. “É sempre bom ser mais conservador e ter investimentos com liquidez rápida e que sejam mais resistentes à volatilidade”, afirma.
Já Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico, traz uma dica que pode dar um acréscimo na carteira de investimento de quem tem planos de viajar para fora do País: os fundos cambiais. “Os fundos cambiais protegem o seu dinheiro das oscilações do câmbio. Então, caso você queira um dinheiro a mais em um possível intercâmbio, acho que vale a pena olhar esses fundos cambiais. Você ganha exatamente o quanto o real oscila em relação à moeda”, sugere.
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O cuidado com a qualidade das informações sobre o mercado financeiro é outra recomendação dada por analistas aos jovens investidores. Por ser uma geração que está mais suscetível ao bombardeio de informações em diversas mídias sociais, Leandro Saliba, head de renda variável da AF Invest, alerta para o hábito de questionar e checar a análise feita por “influenciadores” do mundo de investimentos.
“As pessoas escutam uma história bonita no podcast e replicam no lugar de buscar a informação e entender se a história faz sentido. O principal recado é questionar o que estão ouvindo”, orienta.