- No dia da final da primeira edição, em 2 de abril de 2002, o dólar comercial foi negociado a R$ 2,30. Assim, os R$ 500 mil do primeiro colocado na primeira edição do reality valeriam US$ 217,4 mil nos Estados Unidos naquela data
- Se Juliette decidisse investir seu R$ 1,5 milhão na moeda norte-americana, com base na cotação de R$ 5,43 no dia da sua vitória, os recursos ficariam em US$ 276,2 mil - 27% a mais do que a conversão há 19 anos
- Considerando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o prêmio do vencedor do BBB1 equivaleria hoje a R$ 1.565.310,46 - 4,4% a mais que o recebido por Juliette
Quase 20 anos separam a primeira edição do Big Brother Brasil (BBB) da temporada mais recente do reality, que encerrou na terça-feira (4) com a vitória de Juliette Freire. Muita coisa mudou no País ao longo deste período, inclusive a premiação do programa, que triplicou numericamente. Em termos reais, todavia, o prêmio de 2021 não supera o da estreia em 2002, devido à inflação do período.
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Na conversão para dólar, a advogada paraibana teria um pouco mais de recursos do que Kleber Bambam, vencedor do BBB1, devido à cotação da moeda. No dia da final da primeira edição, 2 de abril de 2002, o dólar comercial foi negociado a R$ 2,30. Assim, os R$ 500 mil do primeiro colocado na edição de estreia do reality valeriam US$ 217,4 mil naquela época.
Se Juliette decidisse investir seu R$ 1,5 milhão na moeda norte-americana, com base na cotação de R$ 5,43 no dia da sua vitória, os recursos ficariam em US$ 276,2 mil – 27% a mais do que a conversão há 19 anos.
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Em relação à corrosão da moeda brasileira pela inflação ao longo de quase duas décadas, o prêmio de Juliette tem um poder de compra menor que o de Bambam. Ou seja, o R$ 1,5 milhão que a paraibana recebeu em 2021 não compra as mesmas coisas que ele conseguiria adquirir com R$ 500 mil assim que saiu da casa em 2002.
Considerando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o prêmio de Bambam equivaleria hoje a R$ 1.565.310,46 – 4,4% a mais que o recebido por Juliette. Ou seja, a inflação variou 208,47% no intervalo de 2 de abril de 2002 a 31 de março deste ano – dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como Juliette poderia investir o prêmio fora do País?
Renda fixa, ações e ETFs são algumas opções para quem pensa em mandar o dinheiro para fora do Brasil, em busca de rentabilidades mais atrativas. Com pouco mais de US$ 275 mil dólares no bolso, especialistas explicam que Juliette facilmente consegue montar um portfólio diversificado globalmente – independentemente do perfil de risco.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, recomenda, no caso de uma carteira conservadora, manter 80% em ativos de renda fixa, com foco especial em títulos com vencimentos mais curtos, que rendem pouco mas oscilam menos, títulos de dívida de empresas investment grade (com maior qualidade de crédito) e outros papéis atrelados à inflação dos Estados Unidos. “Na renda fixa nos Estados Unidos tem que buscar retorno de 3% a 6% ao ano. Mais do que isso, só se correr muito risco”, destaca Alves.
Os outros 20% de uma carteira conservadora deveriam ficar alocados, por exemplo, em ações de companhias que compõem os índices norte-americanos Nasdaq e S&P 500. “No mercado internacional, é fundamental ter uma parcela de renda variável porque a taxa de juros básica é baixa. Para buscar retornos adicionais, tem que correr um pouco mais risco”, diz Alves. “Como os Estados Unidos são pró-business, com um mercado desenvolvido, as ações fazem muito sucesso, as pessoas investem bastante nelas”, avalia.
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Paulo Cunha, CEO e sócio-fundador da iHUB Investimentos, explica que alguns gestores já começam a ver oportunidades no mercado dos EUA em setores tradicionais como o industrial, que ficaram para trás nos últimos doze meses de crise. Ao optar por segmentos como o de tecnologia, é necessário lembrar que a entrada ocorre em um momento de forte valorização.
“Algumas bolsas do mercado asiático, replicadas em alguns fundos no Brasil, também trouxeram uma valorização bem interessante e ainda prometem um pouco mais”, sinaliza Cunha. “Há um pouco de receio quanto à inflação mundial, por estarmos com juros muito baixos, muitos estímulos. Então é possível ver um freio de arrumação um pouco mais forte vindo por parte da China, o que traria um pouco de risco”, observa.
No contexto de um perfil moderado, o estrategista da Avenue explica que a parcela de renda fixa poderia cair para 60%, inclusive com uma fatia para título high yield (que possuem um maior risco de crédito), para buscar uma rentabilidade melhor. Os 40% para ações poderiam ser estruturados por meio de ETFs setoriais, como os de bancos, indústria, energia e tecnologia, além de uma exposição em ativos na Europa e no sudeste asiático, bem como os fundos imobiliários norte-americanos (REITs).
“Com o ETF é possível diluir o risco pois esses produtos podem ter milhares de ativos dentro da carteira. Se eventualmente tiver problema, o prejuízo estará bem diluído”, explica Alves.
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O CEO da iHUB lembra que, independentemente do perfil, as carteiras precisam ter pelo menos um terço dos ativos de renda fixa. Entre as suas sugestões, Cunha cita títulos de mercados emergentes e papéis de crédito de empresas de primeira linha, como as de tecnologia. “É importante lembrar que, se houver um susto maior no mercado internacional e os juros começarem a subir antes do previsto, esses papéis podem vir a sofrer. Existe esse ponto de atenção, apesar de ainda terem um horizonte promissor”, ressalta Cunha.
Com uma carteira mais agressiva, o estrategista sugere 40% em renda fixa e 60% em renda variável. Nesta fatia com maior risco, poderiam ser considerados, na opinião de Alves, ETFs de segmentos de cibersegurança, biotecnologia, games, inteligência artificial, carros elétricos e e-commerce.
“Na área de infraestrutura, dá para aproveitar a política fiscal agressiva que os EUA estão colocando em prática. Além disso, muito se fala de reinflação e aumento de juros. Então, para se proteger disso ou até se beneficiar, é preciso ter alguma exposição a bancos na carteira, porque esse setor se beneficia exatamente dessa variação de juros”, lembra Alves. Na parcela do portfólio para risco, o CEO da iHUB também lembra das oportunidades em criptoativos e em empresas de cannabis.
Neste caso, uma recomendação para quem tem menos tolerância a risco é adquirir cota de fundos que tenham parte da carteira nestas classes alternativas de investimentos. Assim, os riscos ficam reduzidos.
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Cunha frisa que é possível encontrar fundos desse tipo com quase 100% de valorização nos últimos 12 meses.