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- São Paulo é o estado que mais concentra a população brasileira de investidores, contando com 48,14% (1.897.197) das contas ativas na bolsa de valores
- Brasil conta com 5.186.236 investidores no total, apenas 1.237.762 deles se identificam como pessoas do gênero feminino
(Roberta Picinin, especial para o E-Investidor) – A participação das mulheres na Bolsa de valores brasileira atualmente representa 23,87% (1.237.762) do total de 5.186.236 investidores. Dados da B3 mostram que a maior concentração de investimentos feitos por mulheres está nas regiões sudeste, sul e centro-oeste; com exceção dos estados da Bahia e do Ceará que contam com grandes números de investidoras, 42.052 e 23.845 respectivamente.
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Enquanto a presença feminina segue como minoria no mercado de capitais, surge o questionamento: onde estão as mulheres negras investidoras? Ainda não existe um índice étnico-racial para identificar essa população, mas a executiva Lívia Felix, 34 anos, é uma delas. Nesta reportagem, veja iniciativas que apoiam mulheres negras empreendedoras.
“Eu comecei a investir por curiosidade e o assunto foi me instigando. Aos poucos fui tendo mais contato com o tema e busquei ajuda para entender. Usei o dinheiro da poupança para fazer o dinheiro render de forma estratégica e inteligente”, conta. “Tenho um planejamento de tudo que eu desejo, porque independentemente do cargo ou salário, sempre questiono como faço para que esse dinheiro multiplique por mim”, afirma.
Internacionalista, empreendedora e única brasileira a entrar na seleta lista da 40 under 40 da Black Women Asset Management, Felix começou a investir aos seus 25 anos, após perceber que precisava fazer o dinheiro trabalhar a seu favor. Cinco anos depois, a investidora ajudou na fundação de uma escola de finanças, a Financier Educação, onde foi CEO até maio deste ano.
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A executiva é também head do GT de educação financeira da BlackWin, primeira plataforma de investidoras-anjo negras do Brasil, onde ela ensina outras mulheres a investir.
Conheça a primeira plataforma de investidoras-anjo negras
De acordo com a executiva, investir sendo uma mulher negra traz a sensação de liberdade e desprendimento do dinheiro que trabalha por ela. “Nós, brasileiros, temos dificuldades de falar de dinheiro e eu decidi ressignificar isso”, diz.
Felix comenta ainda que o perfil da mulher brasileira investidora é mais conservador e racional. “Enquanto os homens normalmente estão mais dispostos a correr riscos, as mulheres têm mais esse controle de gerenciamento natural”, diz.
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Na avaliação de Felix, para o Brasil alcançar o equilíbrio da balança étnica no mercado de investimentos “o principal desafio é o acesso real à educação.”
Como começar a investir
Dina Prates, educadora financeira e fundadora do Instituto Estrela Preta e Dina Prates Finanças, viu a oportunidade de empreender com o instituto para desenvolver o profissional e o pessoal de pessoas negras.
Entre temas como finanças, educação e psicologia, o espaço fundado por Prates tem as portas abertas para pessoas negras que buscam independência no mercado. Além disso, a jovem ensina em seu Instagram de finanças como investir e gerenciar o dinheiro.
Para ela, é desafiador falar de forma clara para pessoas que desconhecem o tema educação financeira. “É algo que sempre busquei. Quando ingressei no mercado de trabalho, atuei em finanças e isso sempre trazia um distanciamento de pessoas que tinham a mesma origem que eu”, conta.
Mercado dominado por homens
O Brasil conta com 5.186.236 investidores no total, apenas 1.237.762 deles se identificam como pessoas do gênero feminino. Dados da B3 mostram que a maior concentração de investimentos feitos por mulheres está nas regiões sudeste, sul e centro-oeste; com exceção dos estados da Bahia e do Ceará que contam com grandes números de investidoras, 42.052 e 23.845 respectivamente.
São Paulo é o estado que mais concentra a população brasileira de investidores, contando com 48,14% (1.897.197) das contas ativas na B3. Segundo dados atualizados em 15 de julho, o número de mulheres investidoras no estado é de 485.028, enquanto os homens representam um total de 1.412.169.
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Jéssica Rios, co-fundadora do BlackWin, diz que a presença de mulheres negras está em falta na indústria de investimentos assim como em tempos passados esteve no mercado de trabalho, onde muitas delas já ocupam espaço e cargos de liderança. Por isso, hoje ela tenta ajudar outras mulheres negras no mercado de finanças.
“Eu me vejo na possibilidade de fazer ações, apoiar empresas e ser solução do problema, trazendo equidade para o mercado de trabalho”, diz.
De acordo com Rios, investir no mercado é ter rentabilidade e ser remunerada por esses ativos, fazendo parte dessa decisão de escolha. “Para mim, esse é um lugar de protagonismo para decisões econômicas, gerando retorno e apoiando minha própria mobilidade econômica.”
Autonomia financeira
Amanda Graciano, especialista em inovação e sócia da Fisher Venture Builder, conta que apesar de ter cursado economia na faculdade, ela sempre teve na cultura familiar a importância de poupar e investir. “Eu demorei para entender que dinheiro eu iria investir, e só depois de entrar no mercado de trabalho entendi como funcionava”, conta.
Para a especialista, as mulheres hoje têm autonomia financeira, entretanto, isso só é visto a partir do momento em que elas começam a trabalhar e ter controle sobre o próprio dinheiro. “A única forma de organizar o dinheiro é começando pelo básico, pelas contas que tem a pagar, e pelo o que pode ser poupado para depois pensar em investir”, afirma.
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