

A cesta básica paulistana ficou 1,14% mais cara em fevereiro em relação ao mês anterior, segundo dados levantados pelo Procon-SP. Com isso, o preço médio desse conjunto de alimentos saiu de R$ 1351,12 para R$ 1366,50.
No período, os grandes vilões da inflação foram produtos como ovos, extrato de tomate e café. O preço da dúzia de ovos brancos subiu 17,43% entre janeiro e fevereiro deste ano, passando de R$ 10,67 para R$ 12,53. A lata de extrato de tomate também ficou 13,24% mais cara – em janeiro, era preciso desembolsar R$ 4,23 para fazer a compra do produto. Já em fevereiro, o custo subiu para R$ 4,79.
O café em pó fecha a trindade inflacionária, com uma variação de 10% de um mês para outro, saindo de R$ 22,65 para R$ 24,92. Outros alimentos muito presentes no prato do brasileiro, como margarina e frango também registraram aumentos de preço de 6,01% e 2,83%. Na outra ponta, os produtos que ficaram mais baratos em fevereiro foram o desodorante spray (-7,94%), o quilo da cebola (-6,25%) e óleo de soja (-2,98%).
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Em 12 meses, a cesta básica ficou 8,6% mais cara.
O que está causando a disparada dos preços?
De acordo com o Procon-SP, há uma série de fatores que encareceram os alimentos da cesta básica, como problemas climáticos, questões sazonais, poucos produtos disponíveis para compra junto com uma alta demanda por esses alimentos, assim como o preço das commodities no exterior.
No caso dos ovos, a quantidade disponível no mercado interno não está suprindo a demanda. O aumento dos preços dos insumos para rações das galinhas poedeiras, como milho e farelo de soja, também contribuem para a menor quantidade de ovos nas prateleiras, já que encarecem a produção. “Com o preço da carne bovina e do frango em patamares elevados, muita gente passou a consumir mais ovos como fonte de proteína, aumentando a procura e pressionando os preços para cima”, diz Hugo Garbe, docente de ciências econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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Já o café, além dos baixos estoques no país, a menor produção no Brasil e no Vietnã, além da alta demanda internacional pelo produto, inflam os preços. De acordo com Garbe, a consequência desta situação – disparada dos preços de alimentos básicos – acaba sendo a piora dos hábitos alimentares, com o aumento de consumo de ultraprocessados.
“Não há uma resposta simples para conter a alta dos preços dos alimentos, mas algumas medidas podem ajudar. O fortalecimento da produção nacional de grãos, por exemplo, pode reduzir a dependência do Brasil em relação ao mercado externo e diminuir a vulnerabilidade dos preços às flutuações internacionais”, diz Garbe. “Outra alternativa é a desoneração de tributos sobre os alimentos básicos. Por fim, é fundamental ampliar programas de segurança alimentar para proteger as famílias mais vulneráveis.”
É possível economizar sem abrir mão da qualidade dos alimentos?
Para Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, é possível tomar medidas para tentar mitigar o aperto, sem abrir mão de uma alimentação equilibrada. A primeira “regra de ouro” é investir na comparação de preços. Se possível, explorar atacados e feiras, onde os valores costumam ser mais amigáveis.
“Promoções e compras em maior quantidade também ajudam, assim como planejar melhor as refeições para evitar desperdício”, diz Glaciano. “. Ficar de olho no orçamento, rever gastos supérfluos e buscar opções mais estratégicas no mercado são atitudes essenciais nesse momento. O cenário pede atenção, mas com planejamento, é possível aliviar o impacto no bolso.”
Essa também é a visão de Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. “Ficar atento às promoções e comparar os preços em diferentes estabelecimentos, quando possível, substitua alimentos com preços elevados por outros de valor nutricional semelhante e custo mais baixo. Por exemplo, diante do aumento no preço dos ovos, considere outras fontes de proteína, como leguminosas (feijão, lentilha) ou cortes de carne mais econômicos”, diz o especialista.
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Patzlaff, entretanto, vê um cenário que continuará desafiador, especialmente para os mais vulneráveis. Para ele, o único caminho para fugir definitivamente dessa dinâmica é buscar aumento de renda. “Vamos ser realistas, a expectativa é sempre de aumento de preços”, diz. Garbe, da UPM, aponta a necessidade urgente de medidas a respeito. “O debate sobre os preços dos alimentos precisa ser prioridade na agenda econômica, pois afeta diretamente a qualidade de vida da população e a estabilidade do país como um todo”, afirma.