- Uma das principais formas de analisar qual é o melhor cartão para você é pelo valor dos juros cobrados por cada banco
- Fora as taxas de juros do cartão de crédito, os especialistas consultados pelo E-Investidor destacaram que o principal aspecto que precisa ser observado são as necessidades do consumidor
- Para Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, os juros do rotativo do cartão de crédito podem ser considerados “imorais”, uma vez que não há por que eles serem tão altos
Nesta quinta-feira (21), o governo anunciou que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o teto de 100% para os juros do rotativo do cartão de crédito a partir do dia 3 janeiro de 2024. Isso significa que a dívida de um consumidor referente a compra de um produto ou serviço poderá, no máximo, dobrar de tamanho. Veja os detalhes nesta reportagem do Estadão.
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O cartão de crédito segue como uma das principais formas de pagamento utilizada pelos brasileiros. De acordo com dados do Banco Central, com mais de 190,8 milhões de cartões utilizados no País. Mas como saber qual é o melhor?
Uma das principais formas de analisar qual é o melhor cartão é por meio do valor dos juros cobrados por cada banco. Em setembro, por exemplo, a taxa média anual dos juros rotativos do cartão de crédito somaram 445,7%, de acordo com dados do BC.
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Isso quer dizer que uma dívida de R$ 1.000 ao longo de um ano poderia chegar a mais de R$ 4.450. O rotativo, no entanto, pode chegar a 1233,82%, dependendo da instituição financeira. O Banco Central mostra o valor dos juros do cartão de todos os bancos. Caso queira saber o valor do rotativo no seu banco, basta acessar este link.
Para Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, os juros do rotativo do cartão de crédito podem ser considerados “imorais”, uma vez que não há por que eles serem tão altos. O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia comentado em agosto a possibilidade de extinção do rotativo do cartão de crédito.
Por outro lado, também há outros quesitos que devem ser levados em consideração na hora de escolher um cartão de crédito. Para isso, o E-Investidor decidiu consultar três especialistas.
O que deve ser considerado na hora de escolher um cartão de crédito?
Fora as taxas de juros do cartão de crédito, os especialistas consultados pelo E-Investidor destacaram que o principal aspecto que precisa ser observado são as necessidades do consumidor.
Para Ana Calixto, economista e consultora financeira, você precisa escolher um cartão de crédito que atenda às suas necessidades. Para isso, ver os benefícios do cartão de crédito é necessário.
“Para fazer esta decisão, é preciso se perguntar: quais vantagens oferecidas (como cashback, milhas, desconto em lojas específicas) mais me atendem? Qual me oferece maior economia? A bandeira do cartão é amplamente aceita? Para pessoas que costumam fazer viagens internacionais, o cartão é aceito no exterior?”, disse Calixto.
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Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, vai na mesma linha de Calixto, destacando que os benefícios precisam ser analisados.
“Basicamente temos como principais benefícios, o formato de acumulação de pontos, benefícios em viagens considerando acesso à sala VIP, seguros, concierge e outras comodidades, e por fim o programa de benefícios oficial do cartão. É importante uma boa avaliação”, comentou.
Valter Police, planejador financeiro e gerente da Droom Planner, empresa especializada em ativos judiciais, acredita que há um passo antes de ver os próprios benefícios. Segundo ele, é preciso ver se há maturidade para arcar com as contas do cartão.
“Se a pessoa não tem perfil para ter um cartão de crédito, tenha o de débito. É preciso ter a responsabilidade para usar o cartão e conseguir arcar com as contas, ter o dinheiro para pagar. Depois disso é que se vê os benefícios, vantagens e praticidade”, explicou Police.
A extinção do rotativo do cartão de crédito
A professora Beni destaca que apesar da limitação dos juros em 100% ao ano, o valor ainda é alto. Para se ter um parâmetro, entre os bancos de maior porte, a menor taxa de juros do rotativo do cartão de crédito praticada ao ano é do Santander, de 263,87%.
Este tema deve ter uma resolução nos próximos meses, considerando que o projeto de lei aprovado pelo Congresso, e já sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dá um prazo de 90 dias para o setor de cartões chegar a um consenso sobre o rotativo.
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Já na hipótese de não haver uma solução consensual, passará a vigorar um teto para o volume de juros cobrado pelos bancos. A limitação determina que o débito poderá, no máximo, dobrar de tamanho. Ou seja, se o correntista contrair R$ 100 de dívida no rotativo, o máximo que a instituição financeira poderá cobrar é o valor de R$ 200.
Decomposição do rotativo do cartão de crédito
O que explica o valor exorbitante do rotativo do cartão de crédito, segundo Beni, é a fórmula do spread bancário, que é cobrado do cliente menos o custo do dinheiro, considerando a taxa Selic, hoje em 12,25% ao ano. Nesta conta, é levado em conta os impostos cobrados dos bancos, as taxas administrativas, o risco de inadimplência, entre outros.
Dessa forma, Beni destaca a diferença entre o custo do dinheiro, em 12,25% ao ano, e o valor praticado no rotativo do cartão de crédito, de 445,7% em setembro de 2023. A professora também explica que o próprio sistema financeiro é o “motor da inadimplência”. Em junho, segundo o BC, as dívidas estavam em R$ 77,4 bilhões, ante R$ 38,48 bilhões no mesmo mês de 2021, enquanto a inadimplência com o cartão passou de 26,6% para 49%.
“Isso acontece porque as instituições financeiras são quem determina o limite do crédito e quanto a pessoa irá pagar caso ela não arque com as dívidas”, disse Beni. “A lucratividade das instituições financeiras com o rotativo é absurda, a ponto que ela compensa os 51% das pessoas que não conseguem pagar as dívidas.”
Qual cartão de crédito tem a menor taxa de juros?
As taxas do rotativo do cartão de crédito variam entre cada cada instituição financeira e com a queda da Selic. Quer saber qual taxa de juros seu banco cobra? Acesse esse link.
Classificação | Banco | Juros mensal (%) | Juros anual (%) |
1 | ZEMA CFI S/A | 0,63 | 7,78 |
2 | BCO ANDBANK S.A. | 1,6 | 20,94 |
3 | BANCO BARI S.A. | 2,45 | 33,69 |
4 | BCO STELLANTIS S.A. | 3,7 | 54,72 |
5 | BANCO GENIAL | 4,3 | 65,81 |
6 | BCO INDUSTRIAL DO BRASIL S.A. | 4,35 | 66,65 |
7 | BANCO MASTER | 4,54 | 70,44 |
8 | BCO DAYCOVAL S.A | 4,91 | 77,78 |
9 | BCO XP S.A | 8,51 | 166,56 |
10 | BANCO SICOOB S.A. | 8,98 | 180,7 |
Quais cuidados deve-se ter ao usar o cartão de crédito?
Police destaca que o cartão de crédito é como qualquer outra forma de linha de crédito, mas o que o diferencia é a facilidade de ter todas as contas no mesmo lugar e a facilidade de usar. A comodidade de usar o cartão, no entanto, pode ser algo prejudicial, fazendo com que as pessoas gastem de forma descontrolada, sem ter como quitar o débito.
“É importante ter ciência de que não é porque há limite no cartão de crédito que o montante pode ser gasto. É necessário comprar através desse meio de pagamento somente o valor no qual haja condição financeira de honrar até o vencimento da fatura”, disse Calixto. “Além disso, precisamos entender que o cartão de crédito é um facilitador para as compras por impulso.”
Glaciano, por sua vez, acrescenta que não se deve exceder 70% da renda em despesas, independente do formato escolhido para a compra.
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