- Segundo dados da empresa Meira Fernandes Consultoria, 68% das escolas pretendem aumentar o valor da mensalidade
- De acordo com o levantamento, cerca de 35% das instituições entrevistadas farão o reajuste entre 5% e 6%
- Analistas orientam que pais negociem com as instituições, a fim de obter melhores condições e descontos
Com a chegada de um novo ano, também começa a época dos temidos reajustes nos preços. Um dos serviços que sofre com aumentos anuais é o prestado pelas escolas particulares que, assim como as públicas, tiveram um ano atípico por conta da pandemia provocada pela covid-19, com a suspensão de aulas presenciais e os desafios da digitalização.
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Os reajustes das instituições de ensino normalmente estão descritos no contrato assinado pelos consumidores. No documento, é normal encontrar detalhado o índice de preços que a escola pretende seguir, que pode ser tanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), como o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado).
A má notícia para os contratos baseados no IPCA é que, no acumulado de 12 meses, o índice passa de 4,3% – um pouco acima da média projetada pelos especialistas, de 4,19%. O índice é a principal referência para o reajuste de preços no país.
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De acordo com um levantamento realizado entre os dias 28 de setembro e 5 de outubro de 2020 pela consultoria Meira Fernandes, especializada em gestão de instituições de ensino, 68% das escolas brasileiras pretendem aumentar o valor da mensalidade em 2021. Além disso, 35% das instituições ouvidas farão o reajuste na ordem de 5% a 6%. Enquanto 26% deverão repassar um aumento de 3% a 4%.
Vale lembrar que não existe teto para o reajuste das mensalidades escolares. Os colégios particulares podem decidir livremente sobre o aumento com base nas suas despesas administrativas.
O E-Investidor conversou com especialistas para entender como o preço das escolas particulares pode subir neste ano.
Reajuste da mensalidade das escolas particulares
O final do ano letivo marca o início do processo de rematrícula nas escolas. Contudo, os colégios particulares devem comunicar o reajuste da mensalidade até 45 dias antes do prazo final da matrícula.
Para Tiago Kaplan, economista da Warren Investimentos, o reajuste das escolas particulares deve ficar na casa dos 4% a 6%. “Não imagino as escolas repassando um aumento maior para as famílias, porque vai ser difícil arcar com esse reajuste”, afirma.
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O grande problema para as escolas que apostarem em um reajuste muito alto está relacionado à oferta. Ao contrário das contas de água e energia, em que não é possível trocar o fornecedor, os colégios particulares não têm essa oportunidade, e dependendo do valor do reajuste, podem acabar perdendo alunos para outras instituições.
Christian Coelho, CEO do grupo Rabbit, que presta consultoria para mais de 1480 escolas, acredita que o aumento ficará um pouco acima do IPCA. “Em média, as mensalidades terão reajuste de 5% a 8%”, diz.
Ao longo de 2020, as escolas ofereceram uma série de descontos como forma de manter os alunos matriculados durante a pandemia. Para Coelho, assim que a situação da pandemia se normalizar, os descontos serão renegociados e, possivelmente, retirados
Segundo George Sales, professor de finanças e mercados da Fipecafi, os reajustes devem seguir a linha do IPCA e ficar na faixa dos 4%. “Não há muito espaço para as escolas recuperarem as perdas de 2020. Se subirem muito os preços sempre existe a possibilidade da troca de instituição”, afirma o professor.
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Para Lorelay Lopes, head de operações na UP Consórcios e educadora financeira pela DSOP, as escolas particulares foram bastante impactadas pela pandemia, tanto com a fuga dos alunos, como também com a inadimplência. “Por conta dos problemas tidos ao longo do ano, os reajustes devem se manter na faixa dos 10%”, diz.
Procure negociar
Em linhas gerais, as escolas particulares oferecem bons descontos para quem decide pagar o ano inteiro adiantado. Na visão dos especialistas, renegociar os preços será fundamental para evitar o impacto nas contas das famílias.
Com a pandemia, as relações entre as escolas e os familiares se estreitaram, o que possibilitou que as duas partes negociassem alternativas que não fossem tão onerosas, nem para um, nem para o outro.
“A grande maioria das pessoas consegue negociar com desconto. Vale a pena conversar com o diretor ou secretaria para pleitear um abatimento no preço da mensalidade”, explica Lopes.
O início do ano é um momento excelente para organizar as contas. “O mais importante é fazer um planejamento financeiro e se organizar para conseguir oportunidades nas antecipações das mensalidades”, diz Kaplan
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Para Lopes, o consumidor deve, pelo menos, tentar negociar um desconto que seja superior ou igual ao reajuste, para que as contas não fiquem tão pesadas para as famílias e lembra que quem tem mais de um filho na mesma instituição possui melhores chances de negociações.