- A principal dica é comprar o dólar de forma dividida; assim é possível fazer uma média no valor da moeda
- Vai levar cartão? Confira o IOF cobrado e as taxas cobradas pelo seu cartão em operações internacionais
O dólar está em um momento de alta e passou a operar acima dos R$ 5 na última semana após mais de um mês abaixo desse patamar. Portanto, quem tem uma viagem marcada para os próximos meses pode ter que ajustar o planejamento financeiro
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O primeiro passo é acompanhar o cenário do dólar. De acordo com dados da Economatica, a moeda norte-americana teve uma valorização de 2,55% no acumulado mensal. As projeções para o fim de 2023 são mais favoráveis do que a visão dos primeiros relatórios do ano do boletim Focus, do Banco Central, quando a moeda estava em R$ 5,23 e foi perdendo valor frente ao real à medida em que as pautas fiscais e os dados de inflação apontavam para um caminho mais positivo no País.
“Com a evolução de pautas importantes no Congresso Nacional, como a aprovação do novo arcabouço fiscal, debates sobre a reforma tributária e o Carf, o mercado começou a perceber maior previsibilidade em nossa economia”, detalha Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. Isso fez com que a nossa nota ficasse melhor diante das agências que classificam os riscos de investimentos.
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No entanto, esse otimismo se reverteu diante do cenário internacional, que hoje lida com aversão a risco nos mercados globais e impulsionou uma forte valorização do dólar frente ao real em agosto. No mês, a cotação subiu 4,86% e foi considerada a maior alta mensal desde junho de 2022.
Marianna Costa, economista-chefe do TC, explica que as últimas semanas foram marcadas por um aumento dos yields (as taxas dos títulos de renda fixa norte-americanos), o que aponta para um cenário mais aquecido no mercado dos Estados Unidos, cujo ambiente é restritivo em termos de taxas de juros. “Nesse sentido, imagina-se que o Banco Central nos EUA terá que subir mais os juros ou mantê-los mais alto por um tempo mais longo”, diz.
O dólar pode subir?
Ainda há a expectativa de mais alta da moeda até o fim do ano por motivos variados. Segundo Alexandre Viotto, head de Solutions da EQI Corretora, um deles é a alta de itens primários como o petróleo, soja e minério de ferro, uma vez que o Brasil depende de exportação de commodities.
Letícia Camargo, planejadora financeira CFP pela Planejar, acrescenta ainda que a redução dos juros no Brasil, com a Selic agora em 12,75%, em paralelo ao momento de alta de juros nos Estados Unidos cria um cenário propício para que os investidores estrangeiros retirem os investimentos. “Quando você tira o dinheiro daqui, você tem que comprar dólar para mandar para lá. Com mais pessoas comprando a moeda norte-americana, mais demanda por um ativo, o preço tende a aumentar”, explica Camargo.
Diante desse cenário, a expectativa do mercado financeiro é que o dólar não fique abaixo dos R$ 5 até o fim do ano. Contudo, vale destacar que a imprevisibilidade faz parte deste universo e situações variadas podem fazer a moeda oscilar tanto para cima quanto para baixo.
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Isso significa que a dica de ouro para quem vai viajar é comprar a moeda norte-americana aos poucos, para que um dia em que a cotação esteja mais baixa compense o de alta. “Dessa forma, você faz uma média de preços e diminui o risco de comprar mais caro”, orienta Camargo.
Uma boa estratégia é a de checar com frequência a cotação do dólar para encontrar uma janela mais atrativa. Alguns sites e aplicativos de casas de câmbio permitem criar alertas e notificações quando o dólar apresenta alguma variação para baixo durante o dia.
Para evitar risco de perder dinheiro e cair em golpes, a recomendação de Paulo Victor Pereira, gestor de varejo na Europa Câmbio, é que a compra da moeda norte-americana seja feita em casas de câmbio, pois são registradas pelo Banco Central.
Outra estratégia que pode facilitar a vida de quem vai viajar, deixando a experiência até mesmo mais segura, é a do cartão de crédito internacional ou até mesmo cartões pré-pagos. Mas é preciso levar em conta aspectos como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), as taxas de conversão bancárias e se o método de pagamento é aceito no destino do viajante. “Isso vai ajudar o viajante a definir se vale mais a pena andar com cartão ou dinheiro em espécie”, diz Pereira.
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Os cartões de débito pré-pagos funcionam de forma recarregável. Os usuários podem adicionar a moeda estrangeira desejada, geralmente dólar ou euro, e efetuar pagamentos no débito quando estiverem em viagem. O IOF cobrado costuma ser bem atrativo, de 1,1%, e a cotação do dólar utilizada é a comercial.
Essas duas vantagens estão fazendo a modalidade se popularizar para quem vai para fora do país, superando até mesmo o famoso Travel Money, que acabou perdendo espaço para os concorrentes digitais depois que seu IOF chegou ao patamar de 5,38%.
No Brasil, fintechs e bancos digitais oferecem esse serviço pré-pago com benefícios variados como acesso a salas VIPS em aeroportos (Nomad), diversidade de mais de 50 moedas (Wise), e até mesmo transações sem a cobrança de IOF (Banco Inter). Confira todas as comparações de benefícios nesta reportagem aqui.