O DY das ações nos últimos 12 meses supera o atual patamar da Selic (Foto: Adobe Stock)
Na reunião de quarta-feira (7), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano – o maior nível desde agosto de 2006. Com o novo patamar da Selic, o ambiente fica mais desafiador para os ativos de bolsa, como as ações, por direcionar o fluxo de capital dos investimentos para o mercado de renda fixa, como os títulos públicos, pela capacidade de entregar retornos de dois dígitos e livres de risco.
Apesar desse cenário adverso, um levantamento da Elos Ayta Consultoria listou quatro ações do Ibovespa, principal índice da B3, que conseguiram entregar um dividend yield (DY) superior ao atual patamar da taxa básica de juros. Os dados consideraram os retornos das companhias nos últimos 12 meses. Com isso, as ações da Marfrig (MRFG3) lideraram o ranking ao acumular um DY de 30,18% no último ano.
Logo depois, aparecem os papéis da JBS (JBSS3) e da Cemig (CMIG4) com dividendos de 20,57% e de 17,98%, respectivamente. As ações da CSN Mineração (CMIN3) surgem em último lugar no ranking com um DY de 15,16%.
Confira o ranking das ações que batem a Selic em dividendos
Ações
DY dos últimos 12 meses
Mediana do DY dos últimos 3 anos
Marfrig (MRFG3)
30,18%
10,4%
JBS (JBSS3)
20,57%
11,86%
Cemig (CMIG4)
17,98%
11,22%
CSN Mineração (CMIN3)
15,16%
14,48%
Fonte: Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria/*Dados referentes ao pregão do dia 7 de maio de 2025
Vale investir nestas ações?
Os retornos das companhias chamam atenção e podem até sinalizar para o investidor uma oportunidade de investimento em meio ao cenário de juros altos. Contudo, antes de qualquer decisão, é preciso avaliar se o modelo de negócio da companhia e a saúde financeira terão condições de entregar uma rentabilidade semelhante nos próximos anos. Em alguns casos, o dividend yield em patamares elevados pode refletir uma depreciação do papel na bolsa de valores. Isso porque o preço das ações é inversamente proporcional ao valor do dividendo distribuído no período de análise no cálculo do DY.
O bom desempenho das companhias pode estar relacionado também a eventos não-recorrentes que favoreceram os resultados das empresas em períodos específicos, o que impede a entrega de rendimentos na mesma magnitude no futuro. Por essa razão, os analistas de investimento recomendam investir em ações menos dependentes dos ciclos econômicos e que possuem um modelo de negócio perene ao passo de entregar dividendos de forma regular ao acionista.
Com base nessas premissas, o megainvestidor Luiz Barsi criou o método “BESST“, que seleciona os cinco setores da Bolsa de valores com esses fundamentos. São eles: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações. Para o maior investidor pessoa física da B3, as companhias desses setores econômicos oferecem serviços essenciais para a população. Por isso, costumam garantir bons rendimentos de forma regular e no longo prazo.
Contudo, como mostramos aqui, apenas alocar o seu capital neste tipo de ação não será suficiente para ter sucesso na bolsa de valores e conseguir rendimentos acima do CDI. O grande “segredo” está no reinvestimento dos dividendos acompanhado pelos aportes periódicos. Com essa estratégia de investimentos, o investidor se beneficia dos efeitos dos juros compostos ao longo dos anos – podem potencializar em até 10 vezes os retornos na carteira de investimentos.