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Varejo: com juros em alta, há oportunidades de investimento no setor?

Segundo analistas, os segmentos de alimentos e vestuários são os mais resilientes ao cenário macroeconômico

Varejo: com juros em alta, há oportunidades de investimento no setor?
(Foto: Envato Elements)
  • As ações do setor de varejo têm sofrido com o movimento de alta de juros para conter o aumento da inflação no País – na última quarta-feira (16), o Banco Central (BC) decidiu elevar para 11,75% a taxa Selic
  • No entanto, nem tudo está perdido. Segundo analistas, há segmentos do setor em que os papéis podem oferecer bons retornos ao investidor mesmo em períodos inflacionário

As ações do setor de varejo têm sofrido com o movimento de alta de juros para conter o aumento da inflação no País – na última quarta-feira (16), o Banco Central (BC) decidiu elevar para 11,75% a taxa Selic. Como estão ligadas diretamente ao consumo dos brasileiros, a redução do poder de compra afeta os resultados e as perspectivas de crescimento dessas companhias.

No entanto, nem tudo está perdido. Segundo analistas, há segmentos do setor em que os papéis podem oferecer bons retornos ao investidor mesmo em períodos inflacionários. “Com juros mais altos, os consumidores ficam mais propensos a economizar e postergar uma compra”, explica Thiago Rolo, sócio e analista da Âmago Capital.

Diante desse cenário, o setor de varejo, de um modo geral, se torna menos atrativo aos investidores que buscam bons retornos. Um levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor traz um recorte dessa realidade. As performances de 20 companhias de capital aberto dos segmentos de varejo voltados para à alimentação, vestuários, eletrodomésticos e de e-commerce foram selecionadas. Desse total, apenas cinco apresentaram performances positivas, sendo três delas do segmento de alimentos.

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Rodrigo Alves, Head de Produtos da RJ Investimentos, explica que as companhias alimentícias se destacam porque os produtos vendidos por essas empresas são considerados essenciais. Ainda assim, a inflação ainda afeta esse segmento. “Os consumidores realizam trocas de produtos de marcas mais baratas”, informa Alves.

O segmento de vestuário também não tem sofrido de forma tão intensa com o processo inflacionário em relação a outras companhias. Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, destaca que vestuário e calçados também entram na lista de bens essenciais, mas são bem mais baratos. “Não tem como comparar o preço de uma camiseta com o de geladeira, que entra no segmento de eletrodomésticos. Portanto, são produtos com recorrência (de compra) maior”, ressalta Crespi.

Cenário ruim

O segmento de varejo em eletrodomésticos foi um dos mais afetados pelo atual cenário macroeconômico. Ainda de acordo com o levantamento da Economatica, todas as empresas que fazem parte desse nicho de mercado acumulam perdas neste ano.

Segundo Rolo, da Âmago, os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e a alta do preço do petróleo ajudaram a aumentar ainda o custo de vida dos brasileiros com o desequilíbrio entre oferta e demanda das commodities. “As empresas também sofreram com custos maiores devido às dificuldades no supply chain (cadeia de suprimentos) e custos maiores de frete”, destaca.

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Nesta perspectiva, estão as varejistas Via Varejo e Magazine Luiza que amargam perdas de 38,4% e de 32,5% no acumulado do ano, respectivamente. Os resultados do balanço do último trimestre do ano passado ajudaram a acelerar ainda mais a desvalorização dos papéis.

No caso da Magalu, a varejista registrou um lucro líquido ajustado no acumulado de 2021 de R$ 114 milhões, o que representa uma queda de 69,8% em comparação ao mesmo período de 2020, quando registrou R$ 377,8 milhões. A situação da Via Varejo também não foi diferente. O lucro líquido operacional no 4T21 foi 73,4% menor em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os resultados ruins renderam para as companhias quedas de quase 10% para os papéis das ações.

Recomendações

Como a perspectiva para até o fim do ano é de novos aumentos da taxa de juros, os analistas recomendam aos investidores buscarem ativos do setor considerados resilientes ao cenário macroeconômico.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus, por exemplo, recomenda a compra das ações da Arezzo (ARZZ3) por ser uma empresa de marca considerada 'forte' e desejada, além de ter uma boa execução em suas atividades. “Em função do posicionamento em classes sociais mais altas, a empresa tem mais condições de repassar o preço com mais facilidade do que outras companhias”, explica Ferrer.

Além das ações da ARZZ3, Jessica Sprovieri, Analista da Inside, também recomenda a compra das ações do grupo Soma (SOMA3) e da Vivara (VIVA3) devido ao público que atende. “Nossa preferência do varejo, se apoia na tese de empresa de semiduráveis, que tem como foco o público A e AB que são menos sensíveis à variação dos juros”, justifica Sprovieri.

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A Petz (PETZ3) também é outra indicação de alguns analistas. Para Phil Soares, analista chefe de ações da Órama Investimentos, a empresa possui um “ticket” baixo e vende itens considerados essenciais para o segmento de pet. “A empresa tem crescido 30% a.a nos últimos dois anos. A perspectiva é que continue com esse crescimento. Achamos um excelente case para o setor de varejo”, destaca Soares. Outro benefício apontado por ele é que a companhia prevê inaugurar 50 lojas físicas ao longo deste ano.

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