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As 10 ações com maior potencial de queda, na visão do mercado

Chamam a atenção os ativos do setor aéreo e de energia

As 10 ações com maior potencial de queda, na visão do mercado
Foto: Pixabay
  • Entre as 10 ações, ativos do setor aéreo e elétrico se destacam
  • Especialistas explicam que o motivo da expectativa de baixa tem a ver com o efeito psicológico da alta do Ibovespa
  • Para captar o sentimento do mercado quanto à queda de determinados ativos, é preciso olhar para o aluguel das ações

Uma das formas de identificar quando o mercado aposta na queda de determinados papéis é olhar para o aluguel dessas ações. Em teoria, quanto maior o número de ações alugadas, maior é a expectativa de que o preço daquele ativo entre em declínio no futuro.

Isso acontece porque os investidores “locam” as ações em que apostam na queda, para vendê-las antes que isso ocorra. Na prática, é a velha estratégia de vender na alta e comprar na baixa que tanto se fala no mercado financeiro. (Abaixo, os detalhes de como a operação funciona)

De acordo com o levantamento exclusivo feito pela Economatica a pedido E-Investidor, das 10 empresas com ações mais alugadas em maio – ou seja, que o mercado mais aposta na queda de preço -, duas são do setor aéreo (Embraer e Azul) e quatro são do setor de energia (CPFL Energia, Light SA, Omega Geração e Energisa).

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No ranking ainda apareceram companhias do segmento de tecnologia (Totvs), saneamento (Copasa), educação (Cogna ON) e cerâmica (Portobello). Veja a lista completa:

Ação Código Nº de ações alugadas em 30/04 (em milhões) Nº de ações alugadas em 29/05 (em milhões) Variação no mês de maio (%)
1 Totvs TOTS3 3.817 15.574 308%
2 CPFL Energia CPFE3 1.790 7.022 292,2%
3 Embraer EMBR3 17.010 35.116 106,4%
4 Copasa CSMG3 2.328 4.564 96,1%
5 Cogna ON COGN3 68.147 121.697 78,6%
6 Light S/A LIGT3 5.235 9.234 76,4%
7 Azul S.A. AZUL4 10.922 18.915 73,2%
8 Omega Geração OMGE3 604 1.032 70,8%
9 Energisa ENGI11 4.299 7.038 63,7%
10 Portobello PTBL3 766 1.136 48,3%

Setor aéreo tem futuro incerto

No caso da fabricante de aviões Embraer, o aluguel das ações disparou 106% na comparação entre abril e maio, passando de 17 milhões de papéis alugados em 30 de abril, para 35 milhões no dia 29 de maio.

A Azul também viu o aluguel dos papéis saltarem de 10 milhões, no início de maio, para quase 19 milhões no fim do mês, um aumento de 73%. De fato, ambas as empresas experimentaram queda nos ativos no período de 04 a 29 de maio.

Enquanto as ações da Embraer caírem 17,34% no período, finalizando o mês com o preço por ação de R$7,15. Os papéis da Azul caíram quase na mesma proporção, cerca 17,93%, fechando em R$14,28.

“O setor aéreo foi muito atingido pela crise do coronavírus, o que provoca uma insegurança grande nos investidores”, explicou Cristiano Lima, head da mesa de operações da Ágora Investimentos.

Ações de setores essenciais podem ter chegado à valorização máxima

Em relação ao setor de energia, os aluguéis da CPFL subiram 292% no último mês, com pico no dia 28, quando os papéis da empresa fecharam em queda de 2,46%, aos R$32,78.

No dia seguinte, os papéis continuaram sofrendo baixas no preço, até chegarem ao mínimo de R$31,72 na última segunda-feira (01). “As ações de empresas relacionadas à energia aparecem no ranking pelo histórico de alta que vinha acontecendo com essas companhias desde o começo da crise”, explicou Lima.

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O especialista diz que os papéis de energia e saneamento são considerados defensivos na crise, por serem de setores essenciais. “No entanto, muitos investidores podem considerar que a valorização das ações chegou ao máximo e agora vai cair, por isso tem muito aluguel”, concluiu.

A companhias de energia elétrica Light S.A, Omega Geração e Energisa também aparecem com 76,4%, 70,8% e 63,7% de aumento no aluguel de ações, respectivamente.

Dessas, a única que apresentou resultados abaixo do esperado no último balanço foi a Omega Geração. Focada em energia limpa, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 51,7 milhões no 1º trimestre de 2020.

Mesmo com o resultado ruim, os papéis da empresa valorizaram 6,76% no período, fechando o mês com as ações cotadas em R$32,02. O especialista ressalta que o aumento de aluguel dos ativos em maio não significa necessariamente que a cotação cairá no mês. “O investidor vai analisando, por um período de tempo, se as ações chegaram a um nível de preço máximo”, disse.

O mesmo acontece com a Copasa, empresa relacionada ao saneamento básico que teve 91% de alta no aluguel das ações, com 4,5 milhões de papéis em “empréstimo”. Os papéis, por outro lado, saltaram mais de 20%, de R$48 no início do mês para R$57,70.

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Para Márcio Lorega, analista de research da Ativa Investimentos, outro fator pode ser responsável pelo aumento de aluguel em momentos em que os ativos estão em alta. “Pode ser o movimento de alguns ‘atrasildos’ do mercado que estão tomando posições vendidas, só agora que os preços estão subindo”, afirmou.

Alta do Ibovespa afeta aluguel de ações

A Totvs, do setor de tecnologia, foi a que teve a maior alta de ações alugadas, de 308%. Apesar dos 15 milhões de papéis emprestados em maio, a companhia teve as ações valorizadas em 1,9%.

De acordo com Lima, a questão é a mesma dos setores essenciais. “O segmento de tecnologia também foi muito demandado na crise”, explicou. Já para Lorega a recuperação da bolsa, que fechou acima dos 90 mil pontos nesta terça-feira (02), aguçou os investidores quanto a possibilidade de reaver algumas perdas.

“Com o Ibovespa de volta nesse nível, muitos pensam em vender seus ativos, realizar lucros e diminuir algumas perdas do mês de março”, disse.

A Cogna, do segmento de educação, reportou no dia 21 de maio o prejuízo de R$39,1 milhões, referentes ao 1º trimestre de 2020. Seis dias depois, enfrentou o pico de ações alugadas, em 130 milhões. No final do mês, o aumento do aluguel de ações foi de 78,6%.

A última empresa do ranking, Portobello, tem o histórico de ter papéis com baixa liquidez. Hoje o papel está cotado em R$3,77.

Como funciona o aluguel de ações?

Parece complicado, mas a lógica é simples: pense que você é um investidor de longo prazo, que tem 10 papéis da empresa fictícia “E-Investidor S.A”. Cada ação vale R$5, totalizando 50$ em ativos da companhia.

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Um segundo investidor, chamado João, acredita que os papéis da E-Investidor S.A irão cair em breve e quer se antecipar à queda. Entretanto, esse segundo trader não tem ações da companhia na carteira. Então você, que não tem pretensão de vender os ativos tão cedo, aluga suas ações para o João em troca de uma taxa de aluguel.

João, então, fica de posse temporária das suas ações da E-Investidor S.A e as vende para um terceiro, por R$50. Depois de um tempo, os papéis da empresa realmente caem, para R$2 cada. O investidor João capta a oportunidade e recompra os 10 papéis, mas dessa vez por R$20, e devolve a você.

É uma relação que ambas as partes podem sair ganhando: você, que já não iria vender o ativo, ganha com o aluguel. Já o locador das ações ganha com a diferença entre o preço da venda e da compra. No caso do João, o lucro foi de R$20.

“É especialmente vantajoso para quem faz o empréstimo das ações, já que o tomador fica com todo o risco e ainda paga uma taxa para ter a posse temporária dos ativos”, apontou Lórega.

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