- Em 2020, o principal Índice de Sustentabilidade (ISE) da B3 superou a valorização do Ibovespa, o mais importante indicador do desempenho médio das ações negociadas no Brasil
- Apesar das práticas sustentáveis serem uma das principais tendências estimuladas pelo mundo corporativo, as companhias que atendem aos critérios de sustentabilidade ainda são a minoria no mercado brasileiro de ações
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) No mercado corporativo, é cada vez mais valorizado o conceito de sustentabilidade, conhecido como ESG (Environmental, Social and Governance), usado para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma companhia.
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Na bolsa de valores, as empresas alinhadas com práticas de ESG se tornam mais atrativas para os investidores, pois tendem a apresentar resultados socioeconômicos mais sustentáveis e se tornam, consequentemente, mais competitivas e promissoras.
Em 2020, o principal Índice de Sustentabilidade (ISE) da B3 superou a valorização do Ibovespa, o mais importante indicador do desempenho médio das ações negociadas no Brasil. Enquanto o ISE acumulou alta de 294,73%, o Ibovespa teve valorização de 245,06%.
Quais são os índices de sustentabilidade da B3?
A bolsa de valores brasileira montou um conjunto de índices de sustentabilidade, com o objetivo de criar atrativos para investidores comprometidos com práticas sustentáveis. Com a estratégia, a B3 pretende estimular as empresas a incorporar questões ESG em seu negócio. Conheça esses índices a seguir.
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3): composto de ações selecionadas a partir de aspectos econômicos, financeiros, ambientais, sociais, de governança corporativa, entre outros. O índice foi criado em 2005 para induzir as melhores práticas sustentáveis.
- Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3): criado em 2010. As companhias que aderem a esse índice se comprometem a ser transparentes em suas emissões e a se prepararem para uma economia de baixo carbono.
- Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC): é composto de ações das companhias com a melhor governança, de acordo com critérios estabelecidos pela B3. Apenas empresas do Novo Mercado ou dos níveis 1 ou 2 de governança corporativa podem participar.
- Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT): esse índice é semelhante ao IGC, mas tem critérios adicionais que garantem uma maior liquidez. Para participar do IGCT, a ação precisa estar entre as 99% mais negociadas na B3 e ter presença em 95% dos pregões no período de vigência das três carteiras anteriores.
- Índice Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM): o índice relaciona as ações participantes do Novo Mercado que adotam, de forma voluntária, práticas de governança corporativas além das exigidas pela legislação brasileira.
- Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG): as empresas que oferecerem as melhores condições de proteção aos acionistas minoritários estão reunidas nesse índice. Em uma proposta de compra de controle acionário, a cláusula de tag along estende aos minoritários o direito de vender suas ações por, pelo menos, 80% do valor oferecido aos acionistas majoritários.
Cinco empresas sustentáveis da bolsa de valores
Apesar das práticas sustentáveis serem uma das principais tendências estimuladas pelo mundo corporativo, as companhias que atendem aos critérios de sustentabilidade ainda são a minoria no mercado brasileiro de ações.
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Das quase 500 companhias listadas na B3, cerca de 60 ações estão listadas no ICO2 e pouco menos de 50 ativos participam do ISE. Uma empresa comprometida com a sustentabilidade pode estar em um ou mais índices da bolsa de valores relacionados a práticas sustentáveis. Quando consideramos todos os índices relacionados ao tema da B3, atualmente apenas 26 companhias estão listadas em todos os grupos de ativos.
Confira as cinco ações de empresas com atitudes sustentáveis negociadas na bolsa de valores.
1. Americanas (LAME4)
As Lojas Americanas têm uma política de sustentabilidade que estabelece o compromisso da alta direção e diretoria com a melhoria contínua do desempenho ambiental. A varejista tem um Comitê de Sustentabilidade com atenção especial às mudanças climáticas, que está ligado diretamente ao Conselho de Administração e ao CEO do grupo. Além disso, o grupo também tem uma gerência dedicada às ações transversais sobre o tema.
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2. Suzano (SUZB3)
A maior produtora global de celulose de eucalipto e líder mundial no mercado de papel procura ser referência do setor em eficiência, rentabilidade e sustentabilidade desde o manejo de florestas até a venda de seus produtos aos clientes finais. A companhia tem um comitê dedicado a assessorar o Conselho de Administração nas práticas sustentáveis e uma diretoria voltada a coordenar as práticas de sustentabilidade em todo ambiente corporativo.
3. Lojas Renner
A varejista especializada em moda estabeleceu princípios de desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental em sua política de sustentabilidade e assinou voluntariamente compromissos internacionais, como o Pacto Global das Nações Unidas, Princípios de Empoderamento das Mulheres e o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo.
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Além dos índices de práticas sustentáveis e governança corporativa da B3, a companhia também é reconhecida pelo Índice de Sustentabilidade da Dow Jones (DJSI). Um comitê específico, com componentes da Diretoria de RH e do Conselho e Administração, que estabelece as diretrizes de desenvolvimento sustentável da companhia.
4. Natura (NTCO3)
O grupo Natura tem uma estratégia de atuação baseada na sustentabilidade, desde a fabricação de produtos com fórmulas naturais e a ausência de teste em animais até utilização de embalagens ecológicas. A companhia é certificada pelo programa Leaping Bunny da Cruelty Free International, pelo B-CORP (selo para empresas que unem lucros a benefícios socioambientais) e pela Union Ethical Biotrade, por usar ingredientes de origem sustentável e manter uma relação ética com comunidades.
5. Marfrig (MRFG3)
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A companhia de processamento de carne bovina se preocupa em promover melhores práticas de produção entre seus fornecedores com a criação do Programa Marfrig Club em 2010. Com a iniciativa, a empresa pretende incentivar a adoção de boas práticas pecuárias e o desenvolvimento sustentável das propriedades rurais.
Entre as principais preocupações da empresa estão a rastreabilidade de seus produtos, o bem-estar e a sanidade animal, a preservação do meio ambiente, a destinação e tratamento de resíduos, bem como o respeito às normas trabalhistas e à promoção de saúde dos colaboradores.