Investimentos

Captação de fundos de investimento cai 56,9% no 1º tri, diz Anbima

Os fundos multimercados e de ações foram os com pior desempenho

Captação de fundos de investimento cai 56,9% no 1º tri, diz Anbima
Foto: Envato Elements

(Aramis Merki II) – A indústria de fundos de investimento registrou captação líquida acumulada de R$ 46,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 56,9% em comparação com o mesmo período de 2021. Dos últimos cinco anos, o início de 2022 só não foi pior do que os três primeiros meses de 2020.

Os dados foram divulgados no balanço elaborado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta manhã.

Dentre as classes de fundos, os de renda fixa foram responsáveis, de longe, pelo resultado positivo, com R$ 109 bilhões de captação. Os fundos multimercados e de ações foram os com pior desempenho, com resgates líquidos de R$ 41 bilhões e R$ 31,9 bilhões, respectivamente. Os multimercados tiveram captação líquida negativa pela primeira vez nos últimos cinco anos. Já os fundos de ações tiveram saída em 2021, que se repetiu neste início de ano.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

A Anbima apresentou em relatório a relação das altas da Selic com a captação da renda fixa. Nos últimos 13 meses, a classe acumula R$ 285,4 bilhões captados. “Quanto maior a taxa de juros, maior tende ser a atratividade desse tipo de fundo. Com a expectativa de aumento, tivemos captação bastante forte”, disse Pedro Rudge, diretor da Anbima.

Olhando para o segmento de investidor, apenas o poder público (R$ +57,4 bilhões) e os investidores não residentes (R$ +1,5 bilhão) apresentaram captação líquida positiva. Os institucionais tiveram resgate líquido de R$ 10,6 bilhões, com concentração nas classes de ações e multimercados.

Aumento de contas, fundos e gestores

O número de contas que investem em fundos de investimento chegou em 31.474.194 no final de fevereiro. Em relação a um ano antes, houve aumento de 17,4%. Quanto às classes, o maior aumento foi de contas em fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês), de 123,6%. Os Fundos de Investimento em Participações (FIP) avançaram 100,5% e os Fundos de Investimento Imobiliários (FII), 44,4%. Este último é o que tem mais cadastros, em números absolutos: 6.679.650.

Já o número de fundos saltou 15,8%, para 26.943 produtos, e o de gestores alcançou 842, alta de 16,6%. Rudge destaca que o aumento desses números é reflexo da tecnologia, que facilita a entrada dos participantes. “A indústria tem sido muito dinâmica para oferecer alternativas de acordo com o apetite e demanda dos investidores. Aconteceu isso com fundos internacionais, por exemplo, com uma variedade de gestores e aplicações iniciais baixas”, comenta.

Ativos digitais

A associação apresentou pela primeira vez dados sobre fundos que aplicam diretamente em ativos digitais. O total de produtos que se encaixam na categoria chegou a 30 em fevereiro, ante apenas 10 em dezembro de 2020. O patrimônio líquido total alcançou R$ 4,8 bilhões, ante R$ 600 milhões 13 meses antes.

Houve uma desvalorização no PL em relação a dezembro de 2021, explicada pela queda dos preços de ativos como bitcoin e ethereum, explica Rudge. “Temos estudado e tentando entender a relevância desses fundos. A ideia é que quanto mais segurança, transparência e robustez, melhor será para os cotistas e para a indústria“, diz.

A entidade atualmente rastreia todos os produtos que investem nos ativos digitais, e estima que no futuro terá uma classe para este tipo de investimento.

Publicidade