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BlackRock: ‘Vamos trazer cerca de 100 opções de ETF até março de 2021’

Carlos Takahashi, CEO da gestora no Brasil, avalia os impactos da democratização dos BDRs para pessoas físicas

BlackRock: ‘Vamos trazer cerca de 100 opções de ETF até março de 2021’
(Carlos Takahashi, CEO da BlackRock no Brasil. Foto: Daniel Teixeira/Estadão)
  • Carlos Takahashi, CEO da BlackRock Brasil, afirma que até março do ano que vem deve trazer cerca de 100 ETFs através de BDRs
  • No dia 11 de agosto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou as novas regras dos BDRs, que passaram a valer no dia 1º de setembro. Contudo, a B3 ainda trabalhava na regulamentação da operação e as negociações ficaram para esta quinta-feira, dia 22 de outubro
  • 'Com certeza os BDRs de ações, que já têm um volume grande na bolsa, como as outras opções de BDRs que passaram a ser permitidas, que são os BDRs de ETF, onde nós vamos atuar, também vêm como uma oportunidade muito interessante de diversificação', avalia Takahashi

A diversificação de investimentos no Brasil atinge um novo patamar nesta quinta-feira (22) com o início das negociações dos BDRs por pessoas físicas. Carlos Takahashi, CEO da BlackRock Brasil, diz que a gestora deve trazer pelo menos 100 novos ETFs através de BDRs até março de 2021.

“Temos na nossa plataforma global mais 700 ETFs. Pretendemos, até março do ano que vem, trazer cerca de 100 opções para os nossos investidores do Brasil”, garante Takahashi em entrevista exclusiva ao E-Investidor.

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados negociados na B3 que “espelham” valores mobiliários emitidos em outros países, como ações e títulos de dívida estrangeiros. Esses certificados permitem que investidores possam adquirir, por exemplo, ações de uma empresa listada na Nasdaq sem precisar abrir conta em uma corretora estrangeira.

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A grande virada de chave é que só agora os BDRs podem, de fato, ser adquiridos por pessoas físicas e não só por investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão investido.

No dia 11 de agosto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou as novas regras dos BDRs, que passaram a valer no dia 1º de setembro. A B3, contudo, ainda trabalhava para regulamentar a operação.

Entre as mudanças, também será possível adquirir os certificados de ETFs (exchange-traded fund), fundos de investimento negociados na Bolsa de Valores. Na prática é como se eles fossem uma ação que acompanham um índice, como o Ibovespa.

Apesar de considerar que a mudança já poderia ter acontecido antes, Takahashi afirma que ela chega em um momento oportuno, seja pelo patamar histórico da Selic em 2% ao ano ou pelo boom de CPFs na bolsa.

“O investidor está olhando mais o mercado exterior. Com certeza os BDRs de ações, que já têm um volume grande na Bolsa, e os de ETF, onde vamos atuar, também vêm como uma oportunidade muito interessante de diversificação”, avalia Takahashi.

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Confira a seguir a entrevista completa do CEO da BlackRock.

E-Investidor: Como o Sr. avalia a democratização dos BDRs? Veio no momento certo ou demorou?

Carlos Takahashi: Sempre achamos que as coisas poderiam ter acontecido antes. Mas vem em um momento adequado, tanto da perspectiva macroeconômica, como do preparo adequado do ambiente regulatório e da preparação do ecossistema como um todo. Basta olharmos um pouco para as mais de três milhões de pessoas operando na Bolsa de Valores, uma evolução exponencial de 2019 para cá, que dá mostras claras desse momento super oportuno para isso acontecer.

E-Investidor: O Sr. ressaltou o aumento de CPFs na Bolsa. O Brasil tem mais apetite neste mercado?  

Carlos Takahashi: Creio que sim. As pessoas estão olhando mais para a diversificação sob o ponto de vista geográfico, ou seja, ir para outros mercados. Nós temos no Brasil um ETF local, que é o IVVB11, que replica o índice Standard & Poor’s 500 (S & P 500), que já teve neste ano um acréscimo de patrimônio e um volume de trading bastante interessantes. Isso demonstra que o investidor tem olhado mais para o mercado exterior. Com certeza os BDRs de ações, que já têm um volume grande na Bolsa, e os de ETF, onde vamos atuar, também vêm como uma oportunidade muito interessante de diversificação nas carteiras.

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E-Investidor: E que a BlackRock traz de diferente? 

Carlos Takahashi: Nós vamos trazer os ETFs internacionais. Temos na nossa plataforma global mais de 700 ETFs e pretendemos, até março do ano que vem, trazer cerca de 100 opções para os nossos investidores do Brasil.

E-Investidor: Quais ETFs vocês planejam trazer?

Carlos Takahashi: Ainda não definimos. Com a autorização, vamos acelerar esse processo, mas existem vários aspectos operacionais que estamos tratando. Nós trabalhamos com ETFs listados nos Estados Unidos e ETFs Ucits, que têm diferenças operacionais entre uma região e outra. Estamos fazendo a devida arrumação para esses diferentes locais de listagem e olhando as opções de investimentos que se ajustem aos interesses dos investidores locais. A ideia é fazer um mapeamento daquilo que não tem correlação com ativos de risco/retorno que eles já têm no mercado doméstico, principalmente para ter efetivamente uma diversificação que faça sentido.

E-Investidor: Qual é a operação atual da BlackRock neste mercado no Brasil?

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Carlos Takahashi: Temos ETFs locais, de renda variável, que estão aqui no Brasil e um único ETF local que replica um índice lá de fora, que é o S&P 500. No mercado brasileiro, como um todo, são 19 ETFs somente. Então isso abre uma perspectiva com a possibilidade de trazer os nossos ETFs através de BDRs.

E-Investidor: Quanto vocês planejam negociar?

Carlos Takahashi: Em termos de números, não temos essa informação. É difícil de mensurar isso. O que nós temos é a comparação com outras localidades, onde isso já aconteceu. Em outros mercados, o nome não é necessariamente BDR. Aqui a cross listagem se dá através dele. O México é um exemplo bem emblemático e bastante próximo do Brasil. Lá, o mercado de investimentos teve uma evolução significativa com o advento da cross listagem e permitiu uma ampla diversificação e acesso. A visão é bastante otimista e positiva em relação a isso [no Brasil].

E-Investidor: Quais são os cuidados que o investidor deve tomar com os BDRs?

Carlos Takahashi: O primeiro passo é olhar sob a perspectiva de longo prazo. O planejamento financeiro passa a ser uma variável ainda mais relevante. O investidor precisa perder a visão extremamente de curto prazo, ter um planejamento financeiro claro e, claro, ter o que a gente chama de finanças comportamentais. Tem que saber que tipos de risco está disposto a correr e aprender com cada uma das opções de investimento que tem.

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E-Investidor: Qual a vantagem de investir nesses ativos?

Carlos Takahashi: Ter os ETFs através dos BDRs no Brasil traz uma coisa super importante porque o ETF é um investimento que tem liquidez intradiária. Por ser um instrumento de mercado de capitais ele é muito eficiente, tem transparência de preço, permite uma diversificação ampla e tem um custo baixo. É um instrumento interessante para qualquer tipo de investidor.

E-Investidor: Falando de riscos, esses ativos têm o fator-câmbio embutido. Com o dólar em alta, vale a pena investir?

Carlos Takahashi: No exterior você tem empresas globais que atuam em diversas geografias e com características nos negócios que fazem com que elas sejam mais resilientes às questões cambiais, até pela sua atuação geográfica. É muito importante o investidor saber no que ele está diversificando. Ele não necessariamente precisa diversificar para fazer uma proteção cambial ou para ter um ganho com moeda.

A bolsa de Nova York tem mais de 2,5 mil empresas listadas. Em Hong Kong são mais de 3 mil. Ter acesso a isso implica em uma diversificação ampla, geográfica, setorial e assim por diante. Esse é o olhar que o investidor tem que considerar na hora de tomar a decisão. Se ele está procurando alguma coisa que lhe dê proteção cambial, que lhe permita fazer uma reserva em alguma moeda, aí vale muito mais a pena olhar sob a perspectiva unicamente da moeda.

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