- Cada bitcoin é um algoritmo criptográfico único e, portanto, não pode ser replicado ou substituído. A lógica é a mesma do dinheiro físico: é preciso proteger sua posse a todo custo. Se você rasgar ou perder uma nota de 100 reais, não há como recuperar o prejuízo
- Como os dispositivos pessoais (celulares e computadores) do investidor podem ser invadidos por hackers, o mais seguro é guardar as criptomoedas em uma corretora e sacar apenas quando for usar
- Outras dicas de segurança incluem proteger a carteira com senhas fortes e autenticação em duas etapas, não clicar em falsos links com armadilhas e redobrar a atenção antes de fazer qualquer envio, pois não há estorno
O uso de criptomoedas como meio de pagamento e reserva de valor tem suas vantagens. É possível fazer transações em altíssima velocidade para qualquer lugar do mundo, com custos baixos e sem se preocupar com intermediários ou mesmo taxas de câmbio.
Leia também
Por outro lado, esses ativos são extremamente voláteis e seu manejo é complexo e cheio de riscos. Dados da plataforma Whale Alert revelam que, nos últimos quatro anos, pelo menos US$ 38 milhões em criptomoedas foram alvo de fraudes e outros golpes que deixaram seus portadores na mão.
Esses perigos são potencializados por algumas características das criptomoedas que são desconhecidas por quem não está familiarizado com o assunto. A primeira delas é que cada bitcoin é um algoritmo criptográfico único e, portanto, não pode ser replicado ou substituído.
Publicidade
Ficou confuso? Então pense no bitcoin como uma nota de cem reais. Se você rasgar a cédula ou perdê-la, não tem como recuperar ou pedir uma nova. Com a criptomoeda, a lógica é a mesma do dinheiro físico: é preciso proteger sua posse a todo custo, evitando que caia em mãos erradas. Até porque é virtualmente impossível ir atrás de quem as tiver roubado.
Outra questão sensível é que trata-se de um setor descentralizado, sem qualquer tipo de autoridade com poder regulatório ou fiscalizador. Isso é coerente com o próprio escopo de criação das criptomoedas, que é permitir a reserva de valor e a transferência de riquezas sem a mediação de bancos centrais.
“Um banco central poderia determinar, por exemplo, o aumento da emissão dessas moedas, o que provocaria a sua desvalorização. Sem essa interferência, não há alteração nas regras do jogo e sabe-se exatamente como esse asset vai se comportar ao longo do tempo”, explica o CEO da BitcoinTrade, Daniel Coquieri. “A ideia é manter o bitcoin livre da influência de más decisões de governos ou mesmo de efeitos nocivos da economia global.”
O lado ruim disso é que não há um ente que garanta a segurança das transações, ou mesmo uma lei aplicável em caso de problemas: esse universo é uma verdadeira “terra de ninguém”. Isso reforça ainda mais a necessidade de o investidor tomar cuidado no manejo e guarda de suas criptomoedas, pois é o único responsável por elas.
Mas os riscos de manter as bitcoins armazenadas consigo mesmo são elevados: os dispositivos pessoais (como celulares e computadores) são vulneráveis a ataques de hackers, que podem invadi-los e roubar essas moedas. Por isso, o melhor a se fazer é confiar a custódia das bitcoins a uma corretora. O que nos conduz a outro ponto crucial, que é escolher uma instituição de confiança.
Publicidade
Confira as dicas a seguir.
Guarde suas moedas em uma corretora e carregue apenas o necessário
Lembre-se de que cada bitcoin é único – sem backup. Enquanto estiver em seu dispositivo, ele está vulnerável ao ataque de criminosos que podem usar malwares para penetrar na máquina e roubar as moedas. O melhor a fazer é confiar os bitcoins a uma corretora e sacar apenas na hora de usar.
“Eu não recomendo fazer a própria custódia das moedas, a menos que tenha estudado muito o assunto e saiba mitigar os riscos. Quem não souber fazer isso direito corre o risco de perder tudo e não terá com quem reclamar”, diz Coquieri.
Escolha a corretora com cuidado
É preciso ter critério na escolha da corretora. “Procure saber tudo sobre ela: se é Idônea, se tem CNPJ e sede física, qual o nível de segurança dela e quantas reclamações tem em sites de queixas”, diz Roberto Achar, especialista em Segurança de Informação da ClearSale. “Não transfira para quem você não conhece muito bem.”
Existem dois riscos aqui. O primeiro é o de cair em uma falsa corretora. O segundo é o de se deparar com uma instituição que é séria e bem intencionada, mas não tem condições de fazer os investimentos necessários em segurança. Portanto, pode ser vítima de ataques.
“Não vá na dica do amigo. Ele pode ser inexperiente e não ter feito a lição de casa (na escolha da corretora). A custódia de criptomoedas é uma responsabilidade enorme e um negócio com grandes riscos”, diz Coquieri. “Busque uma das três maiores casas do mercado. Uma corretora pequena dificilmente terá a estrutura de segurança necessária.”
Reforce a segurança de sua carteira
Mesmo que as bitcoins estejam bem protegidas enquanto estiverem na posse de uma boa corretora, o cliente não pode descuidar da própria segurança, pois seus dispositivos estão sujeitos a invasões de hackers. Ao acessá-los, um criminoso pode tentar não só furtar as moedas contidas na carteira, como também comandar um saque com a corretora, se fazendo passar pelo próprio cliente.
“Proteja sua carteira com senhas fortes e autenticação em duas etapas, a chamada 2FA”, recomenda Achar. “Isso dificulta muito o trabalho de um eventual invasor, que precisará vencer uma segunda barreira. O ideal é que o segundo fator de autenticação não esteja no mesmo local onde está a carteira.”
Não caia em armadilhas
Você provavelmente já recebeu muitos e-mails ou mensagens de texto no celular com falsos avisos de seu banco ou mesmo promoções imperdíveis. E jamais clicou nos links, pois está cansado de saber que eles escondem golpes, para instalar malwares em seus dispositivos e roubar suas senhas. Certo, leitor?
Publicidade
Fraudes desse tipo, conhecidas como phishing, também são muito comuns quando o assunto é bitcoin. Mais uma vez: ainda que a corretora invista em segurança, a responsabilidade pela integridade da carteira é do próprio investidor. Ou seja, se ele cair em um golpe, sofrer uma invasão e tiver suas criptomoedas roubadas, ninguém irá ressarcir o prejuízo.
“Fuja de ofertas imperdíveis e não acredite em retornos milagrosos, nada é de graça”, diz Coquieri, da BitcoinTrade. “Isso vale inclusive para ofertas que prometem multiplicar bitcoins ou entregar um rendimento gordo e garantido. A volatilidade das bitcoins é gigantesca, as oscilações são absurdas, não há como oferecer um investimento que garanta retorno de 10% ao mês.”
Preste extrema atenção na hora de transferir
Todas as vezes em que for transferir suas bitcoins, seja para a corretora, ou em uma eventual transação financeira, verifique com muita atenção se o endereço para o qual está fazendo o envio é mesmo o correto. Evite usar comandos de copia e cola, pois há programas maliciosos que podem agir nesses casos para alterar a carteira de destino para a de um criminoso.
Ainda que seu dispositivo não tenha sido hackeado, lembre-se de que toda transação é de mão única, ou seja, não existe estorno. “Faça uma checagem tripla antes de enviar, porque não tem volta. Não pode haver margem de erro alguma”, alerta Achar, da Clearsale.
Nossos editores indicam este conteúdo para você investir cada vez melhor:
Caso Nubank: é seguro deixar o dinheiro em contas digitais?