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- Para Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo Investimentos, o cenário para os títulos de crédito privado se mostra favorável
- Na avaliação do gestor, mesmo com a queda de juros, a Selic deve permanecer em um patamar relevante, o que deve ajudar as empresas a pagarem suas dívidas
- A Rio Bravo Investimentos possui mais de R$ 13 bilhões sob gestão e mantém atuação em FIIs, fundos de renda fixa, multimercado e de ações
O crédito privado deve voltar a ganhar relevância em 2024 mesmo diante das previsões de queda da Selic. Segundo Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo Investimentos, o cenário atual se mostra mais favorável em comparação ao do ano passado, quando o mercado se deparou com eventos específicos, como a fraude contábil da Americanas (AMER3), que retiraram a atratividades desses títulos.
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Agora, os riscos atribuídos a esses casos não assolam mais os investidores e o recuo da taxa de juros deve ajudar as empresas a pagarem as suas dívidas. “Avaliamos que, com a taxa de juros caindo e permanecendo ainda em um patamar relevante a classe vai voltar a ser procurada pelos investidores. Esse movimento deve sustentar a demanda por títulos de empresas e títulos estruturados”, diz Buccini.
Segundo as projeções do boletim Focus, a Selic deve encerrar o ano no patamar de 9%. Ou seja, até a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), a taxa básica de juros deve sofrer uma queda de 2,75 pontos porcentuais. Apesar do recuo, o gestor da Rio Bravo considera o patamar esperado para a taxa básica de juros ainda alto. E essa perspectiva torna título de crédito privado a principal aposta da Rio Bravo para os portfólios em 2024.
“Acreditamos que ainda há espaço de ganhos tanto com debêntures corporativas quanto com debêntures de infraestrutura, que são classes que possuem bons projetos e se tornam bons investimentos”, afirma Buccini. Tais previsões, entretanto, vão depender de fatores como o início da queda de juros nos Estados Unidos, a desaceleração econômica e o controle do risco fiscal.
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A Rio Bravo Investimentos possui mais de R$ 13 bilhões sob gestão com atuação em fundos de investimentos imobiliários (FIIs), fundos de renda fixa e variável e multimercados. A gestora também possui como um dos seus sócios Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (BC) durante os anos de 1997 a 1999. Confira a entrevista completa.
E-Investidor: As expectativas do mercado apontam para uma Selic a 9% no fim de 2024. Na sua avaliação, existe algum risco que possa fazer a taxa de juros estacionar em um nível mais alto que esse?
Evandro Buccini: Sim. Não sei quantificar exatamente o quanto, mas há riscos endógenos da própria economia, como uma atividade econômica ainda forte sendo que a expectativa é de uma desaceleração. Se a economia não desacelerar, vai impactar os índices de inflação e o mercado espera a continuidade da desinflação. As questões fiscais também impactariam a inflação e essa percepção de risco afetaria, no curto prazo, a taxa de juros.
No exterior, o principal foco fica nos Estados Unidos, que tiveram um alento muito importante na taxa de juros futuras nos últimos três meses. Esse movimento precisa continuar para que possamos prosseguir com o ciclo de queda da Selic no Brasil.
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Então, uma Selic a 9% no fim de 2024 é factível?
Avalio que sim. Temos uma projeção de 9,25% para o fim de 2024. Há uma diferença pequena e, por isso, acreditamos que seja o cenário mais provável.
Quais são os ativos que a Rio Bravo está priorizando nas suas estratégias de investimento?
Continuamos otimista com o crédito privado. O ano passado foi bastante difícil por causa de eventos específicos (como o caso da Americanas), mas avaliamos que, com a taxa de juros caindo e permanecendo ainda em um patamar relevante, a classe vai voltar a ser procurada pelos investidores. Esse movimento deve sustentar a demanda por títulos de empresas e títulos estruturados. Por isso, acreditamos que ainda há espaço de ganhos tanto de debêntures corporativas quanto as debêntures de infraestrutura, que são classes que possuem bons projetos e se tornam bons investimentos. É uma das nossas principais apostas do ano.
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A taxa de juros está caindo, mas deve permanecer em um patamar elevado. Os juros de 9,25% que esperamos com a inflação controlada na casa de 4% ainda é uma taxa de juros real significativa. Então, acho que tem um carrego importante nesses títulos que não deve ser negligenciado. Muitos desses créditos, sejam eles CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais alguma coisa ou IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais alguma coisa, têm um componente prefixado que se beneficia com a queda de juros. A própria queda da taxa de juros ajuda as empresas a pagarem seus empréstimos.
Qual é a perspectiva da Rio Bravo para a Bolsa brasileira que iniciou 2024 com perdas?
Acho que a Bolsa brasileira parece ainda um pouco barata, mas não tão barata assim por causa da forte alta dos últimos meses de 2023. E dentro da Bolsa há empresas que se destacam com o bom investimento e estão no portfólio dos nossos fundos de ações. Vibra (VBBR3) e Cosan (CSAN3) são alguns exemplos de empresas que gostamos. Temos posição no Itaú (ITUB4) há bastante tempo. Temos também em Vale (VALE3), mas uma posição muito pequena porque começamos a comprar há alguns meses e a ação subiu bastante. Então, decidimos parar de comprar.
Os fundos multimercados encerraram 2023 como o seu pior desempenho da história. Houve um erro dos gestores nas projeções para o cenário econômico?
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Há vários fatores. As taxas de juros vinham subindo em uma tendência muito clara de alta, mas tivemos aquela quebra de bancos nos EUA que levou a uma queda dos Treasuries (títulos públicos americanos). Aquele movimento machucou bastante os fundos. Tivemos também a volatilidade política. Os ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) prejudicaram algumas posições de Brasil.
Em 2024, o resultado pode ser diferente?
Não sei dizer bem. As tendências de juros no Brasil e nos EUA não parecem ter um movimento gigante para ganhar. O começo do ano já não tem sido muito bom porque o mercado está mais volátil e menos óbvio do que o fim de 2023. Por isso, avalio que 2024 será um ano difícil para os multimercados sem grandes tendências óbvias.