Os fundos de ações com as melhores retomadas após o ‘Corona Crash’ de março

Se teve um evento quase que apocalíptico no mercado financeiro esse ano, foi o ‘Corona Crash’ de março. O Ibovespa chegou a cair 30% naquele mês e as perdas nas carteiras foram amplas e generalizadas. Para grande parte dos fundos de ações, a situação não foi diferente e as desvalorizações superaram a queda do índice.

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Muitas gestoras, no entanto, já recuperaram uma boa parcela dos prejuízos e, até mesmo, superaram os patamares anteriores à crise do coronavírus.

Esse cenário de recuperação fica claro no levantamento exclusivo feito pela plataforma de investimentos Economatica, a pedido do E-Investidor. O critério utilizado para identificar os fundos de ações que mais se recuperaram após o baque do coronavírus foi a valorização acumulada desde o ‘fundo do poço’ em março, data da cotação mínima, até o dia 16 de junho.

“A maior parte dos fundos teve seu pior momento no dia 23 de março, quando o Ibovespa também teve seu menor nível do ano”, explicou Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional na Economatica. Naquela segunda-feira, o IBOV atingiu o patamar de 63.569 pontos. Até o fechamento do dia 18 de junho, o índice tinha acumulado valorização de 51%, para 96.125 pontos.

O gerente também chama atenção para uma questão importante: no geral, mesmo que os tenham caído mais que o ibovespa, a recuperação dos fundos foi muito maior que o índice. “Isso é reflexo das gestões, que estão muito positivas”, disse.

O segredo de quem recuperou

Os fundos de ações Vitreo Exponencial FIA Ie, da gestora Vitreo, Trend Xp Inc Fc FIA Ie, da XP, e Tagus Fundamental FIA, da Tagus Investimentos, lideram as maiores recuperações.

Até o dia 16 de junho, as aplicações acumularam valorização de 148%, 141% e 100%, respectivamente, em relação à cotação mínima registrada em março, no pior momento de crise do coronavírus no mercado financeiro.

Para se ter uma ideia do descolamento desses três fundos, no relatório, que inclui 20 aplicações do segmento, a média de valorização é de 61%. Mas, qual é o segredo dessas gestoras?

• 1º lugar: Vitreo Exponencial FIA Ie

A Vitreo iniciou as suas operações em outubro de 2018, com o objetivo de proporcionar um investimento mais transparente e amplo aos investidores. Uma das marcas da casa, que contribuiu para a recuperação acima da média do Vitreo Exponencial, é a aposta em ativos do exterior.

“Montamos esse fundo em dezembro para comprar ações da XP”, diz George Wachsmann, sócio fundador e gestor de Vitreo. “Então a oscilação do fundo acompanhou a dos papéis de corretora.”

Em dezembro de 2019, a XP Inc fez seu IPO (Oferta Pública Inicial de ações) na Nasdaq, bolsa de valores americana. Segundo Wachsmann, como ficaram no exterior, muitos investidores brasileiros reclamaram por não ter acesso aos papéis da empresa e o fundo Verio Fundamental surgiu para suprir essa necessidade.

As ações da corretora na Nasdaq já devolveram todos os prejuízos do Corona Crash. Cotados no dia 21 de fevereiro em US$42,33, os papéis chegaram a cair para menos de US$20 em março e, agora, já voltaram para a casa dos US$40.

O câmbio também foi um grande impulsionador do fundo, que diferente da maioria, teve seu pior momento em 12 de março, quando o preço de cota atingiu R$0,6. “O nosso fundo não caiu tanto porque, a medida que as ações caíram, o dólar estava disparando”, explicou. Agora, tal qual os papéis da XP, a aplicação já superou o patamar anterior à crise, com valorização acumulada no ano de 16% e preço por cota de R$1,5, ante R$1,2 em 21 de fevereiro.

Além do Vitreo Exponencial, a gestora tem outro fundo entre os cinco melhores desempenhos: o Vitreo Canabidiol FIA Ie, que faz investimentos em empresas ligadas à cannabis. “Temos uma visão ampla, fundos de ações, criptomoedas, cannabis e vários outros, além de atuarmos em vários mercados”, disse.

• 2º lugar: Trend XP Inc Fc Fia Ie

O Trend XP Inc, da corretora XP, é outro fundo que aposta nos papéis da corretora na Nasdaq e acompanhou o balanço das ações. Entre 21 de fevereiro e o fechamento do dia 16 de junho, a aplicação devolvia todos os prejuízos do Corona Crash, com valorização acumulada de -1,42%.

Diferente do fundo de Vitreo, o Trend XP Inc possui proteção contra a variação cambial, o que significa que pode não ter se beneficiado tanto da alta do dólar, quanto o Vitreo Exponencial.

Hoje, o fundo de XP que investe nos próprios papéis de empresa no exterior possui cerca de 8 mil cotistas, aplicação inicial mínima de R$500 e patrimônio de cerca de R$ 299 milhões.

• 3º lugar: Tagus Fundamental FIA

O fundo de ações da Tagus Investimentos é o primeiro da lista que não está na seara de investimentos no exterior. Sofreu o pior momento junto com o Ibovespa e a maioria das aplicações no dia 23 de março, quando o preço por cota atingiu os R$19,14, ante o valor de R$51,30 no dia 21 de fevereiro – uma queda de 62%.

Contudo, até o dia 16 de junho o Tagus Fundamental FIA já tinha valorizado 100% desde o seu pior desempenho, com o preço por cota a R$38,40. Para Luiz Felipe Mello, gestor de Tagus, o segredo foi aproveitar a desvalorização geral dos ativos para aumentar a exposição em setores estratégicos.

“Gostamos muito do varejo eletrônico, com a Via Varejo, setor de bancos, com Banco do Brasil e BTG, infraestrutura, com Gerdau, entre outros”, explicou. “Nós também demos preferências por empresas que realizaram follow on antes da covid-19”, diz.

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