- A questão fiscal foi o principal entrave para os ativos de risco, fazendo com que o Ibovespa e o Índice de Dividendos fechassem setembro com quedas
- A expectativa dos analistas é de que o aperto monetário pode não parar tão cedo no Brasil, na contramão do exterior
- Bancos e corretoras indicam para suas carteiras de dividendos de outubro ações com maior resiliência diante das incertezas do cenário interno
Após meses de ganhos expressivos para os ativos de risco, o Ibovespa terminou setembro com queda mensal de 3,08%. Junto à Bolsa de Valores brasileira, o Índice de Dividendos (IDIV) encerrou o período com uma baixa de 0,72%. Isso porque o mês foi marcado por uma piora no sentimento fiscal e expectativas de novas altas da taxa básica de juros, a Selic. Para outubro, a previsão é de que o aperto monetário não deve parar tão cedo por aqui.
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Entre os principais fatores que jogam contra os ativos de risco e seus dividendos no último mês está a questão fiscal. Em setembro, a proposta de Orçamento e o relatório de Despesas e Receitas do governo federal levantaram dúvidas sobre o compromisso em equilibrar as contas públicas. “O governo não entendeu a necessidade de equilibrar as contas, e isso pesou no dólar e nos juros futuros”, apontam Rodolfo Amstalden e Ruy Hungria, analistas da Empiricus Research, em relatório.
Essa percepção negativa fez com que o Banco Central elevasse a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), elevando-a para 10,75% ao ano. Foi a primeira alta da taxa desde agosto de 2023, quando atingiu a máxima de 13,75% e, desde então, estava gradativamente sendo cortada.
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No entanto, os analistas da Empiricus destacam como o ponto mais positivo visto em setembro a recente divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de 0,13%, bem inferior às estimativas do consenso (0,28%). Ainda assim, o dado não foi suficiente para recuperar o otimismo no mercado.
Em janeiro, era estimado que a Selic chegasse ao patamar de 9% em dezembro de 2024. O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (30), mostra que a expectativa é de que a taxa suba para 11,75% no final deste ano. Essa desancoragem das expectativas de inflação, inclusive, ocorre em um momento de transição de mandatos na presidência do BC — o que tem feito parte do mercado acreditar que a instituição monetária precisará subir a Selic durante as próximas reuniões.
Por outro lado, no cenário internacional alguns fatores positivos e inesperados deram ânimo aos investidores em setembro. O principal fato veio dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) fez o primeiro corte na taxa de juro em 0,50 ponto percentual (p.p.), após ficar no intervalo entre 5,25% e 5,5% por 18 meses, maior patamar em quase duas décadas.
Recomendações para quem está de olho nas ações e dividendos
Para os analistas consultados pelo E-Investidor, as expectativas para os próximos meses indicam que o ciclo de aperto monetário do Banco Central brasileiro está apenas começando. Isso costuma ser um mau sinal para as ações, já que o momento tende a fazer o investidor buscar aplicações mais conservadoras.
Ainda assim, fatores externos ajudaram a manter um pouco do humor no mercado. No Ibovespa, as ações de setores como a mineração e a siderurgia foram impulsionadas pela China, cujos estímulos locais apontam para o crescimento da demanda dessas matérias-primas. Não por acaso, empresas desses setores, como Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4), estão entre as recomendações para a carteira de dividendos para outubro.
Mas mesmo que os ativos locais de uma maneira geral não tenham acompanhado o ânimo internacional, o time de Research da Ágora Investimentos ressalta que o valuation do Ibovespa segue atraente. “A variável ‘preço’ continua jogando a nosso favor, enquanto os ‘lucros’ sugerem um cenário ainda razoável. Com os ajustes recentes, o múltiplo da bolsa brasileira está na casa dos 7,5x, consideravelmente abaixo da média histórica”, dizem os analistas em relatório.
Para outubro, a corretora destaca a importância de manter um portfólio de dividendos focado em empresas com maior resiliência diante das incertezas do cenário interno. Por isso, sua carteira de outubro conta com ações de baixa sensibilidade às variações das taxas de juros. “A combinação de ações resilientes, pagadoras de dividendos e histórias de recuperação deve resultar em ganhos ao longo do tempo”, explica a Ágora.
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Já a Terra Investimentos adota uma estratégia similar. Em sua carteira de outubro, a corretora selecionou empresas que detém um percentual de lucro (payout) acima dos 25%, negociadas a múltiplos atraentes e com perspectivas de crescimento via distribuição de proventos. “Preferencialmente, optamos por empresas com boa geração de caixa e elevada governança corporativa, e que tenham alto dividend yield” afirma Régis Chinchila, analista-chefe da Terra.
Ações focadas em dividendos recomendadas para outubro
Para ajudar quem está começando a fazer a composição do seu portfólio, de olho na rentabilidade dos proventos, o E-Investidor consultou 10 bancos e corretoras sobre as suas carteiras recomendadas. O primeiro lugar das indicações não foi para Petrobras (PETR4), mas para a Telefônica (VIVT3), mencionada em sete carteiras diferentes.
Segundo Chinchila, da Terra, a principal tese de investimentos na companhia está na expansão da infraestrutura de fibra óptica, aliada à geração de fluxo de caixa livre, que se traduz em distribuição de dividendos atrativos ao longo de 2024. “Essa perspectiva é impulsionada pelo crescimento acelerado dos negócios de fibra, controle eficiente de custos e resiliência demonstrada no segmento móvel.”
Na sequência está a Petrobras, com cinco recomendações em suas ações preferenciais (PETR4) e uma nas ordinárias (PETR3), seguida pela Cemig (CMIG4), presente em cinco carteiras. Sobre a Cemig, os analistas do Safra elogiaram o desempenho operacional da companhia. “Houve um processo de virada, com foco no desinvestimento de ativos não essenciais e melhoria nas operações em seu braço de distribuição, o que melhorou bastante a sua eficiência.”
Confira mais detalhes das recomendações a seguir:
Ágora Investimentos
Para o mês de outubro, a corretora optou por não realizar qualquer alteração na composição da sua carteira de dividendos em relação a setembro.
BB Investimentos
Em setembro, a CSN Mineração (CMIN3) recebeu recomendação de venda pela equipe de analistas fundamentalistas, o que acabou levou a sua retirada da carteira dividendos do BB Investimentos. Em seu lugar, foi sugerido a Cemig.
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BTG Pactual
Na comparação com a carteira de dividendos do mês passado, para outubro, o BTG retirou o Banco do Brasil, Allos, Cyrela, PetroReconcavo e Fleury. Nos lugares dessas empresas, entraram as ações da JBS, Equatorial, Direcional, Telefônica e CPFL.
Empiricus
Na carteira da Empiricus, a única mudança entre as recomendações de ações focadas em dividendos foi a saída da Direcional (DIRR3) para a entrada da Cyrela (CYRE3).
Genial Investimentos
Na carteira da Genial, saíram as ações da Caixa Seguridade (CXSE3) e da Petrobras para a entrada do Itaú (ITUB4) e da Porto Seguro (PSSA3).
PagBank
O PagBank manteve inalterada a sua carteira recomendada de dividendos para outubro.
Safra
Para outubro, a composição da carteira de dividendos do banco Safra é a seguinte:
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Santander
O Santander manteve a mesma composição do mês anterior na sua carteira de outubro.
Terra Investimentos
A Terra não alterou sua carteira recomendada de dividendos para outubro.
XP Investimentos
Para o mês de outubro, a XP não alterou a sua carteira de dividendos recomendada.