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Especial: As elétricas mais recomendadas para dividendos em 2024

Analistas ouvidos pelo E-Investidor citam oportunidades com dividend yield de até 10,4%

Especial: As elétricas mais recomendadas para dividendos em 2024
Companhias integradas, que reúnem dois ou mais segmentos do setor elétrico, podem ser boas opções. (Foto: Envato Elements)
  • Diante do arrefecimento dos juros, a expectativa do mercado é que o lucro líquido das elétricas tenha um impacto positivo – com um espaço maior para investimentos e proventos
  • A Engie (EGIE3) se destaca entre as opções para receber dividendos elevados em 2024
  • Levantamento do E-Investidor revela que ainda há muitas elétricas baratas na Bolsa

O ano de 2024 deve proporcionar um cenário interessante para as empresas do setor elétrico, que costumam operar com endividamento elevado.

Diante do arrefecimento dos juros, a expectativa do mercado é que o lucro líquido das elétricas tenha um impacto positivo – com um espaço maior para investimentos e proventos.

Embora a queda da Selic seja gradual, a projeção é de 9% até o fim do ano, Bernardo Viero, analista da Suno Research, destaca que o resultado financeiro das empresas elétricas vai melhorar, com expansão dos lucros e dividendos mais gordos.

Levantamento do E-Investidor revela que ainda há muitas elétricas baratas na Bolsa. Mas afinal, existe um segmento vencedor quando o assunto é dividendos? Quais são as ações mais recomendadas?

Cada segmento tem seus desafios

O analista da Suno destaca que cada segmento do setor elétrico terá alguns desafios para enfrentar em 2024. Desta forma, a melhor alternativa para o investidor é diversificar. Companhias integradas, que reúnem dois ou mais segmentos do setor elétrico, podem ser boas opções.

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No segmento de transmissão – onde as companhias são remuneradas por levar energia do ponto A ao B, com contratos de longo prazo reajustados pela inflação –  o desafio será a forte concorrência nos leilões de transmissão. Dois devem acontecer neste ano, em março e setembro.

“Tem empresa estrangeira participando de leilão, novos entrantes, os leilões estão cada vez mais povoados e isso acaba pressionando os retornos”, avalia Viero. Segundo ele, empresas transmissoras, que são mais disciplinadas na alocação de capital, acabam enxergando um cenário complexo para expansão diante da elevada concorrência.

Já nas geradoras, os preços de energia estão sendo comercializados a preços baixos, por conta da sobreoferta. “Se na crise hídrica faltava chuva, agora estamos observando um cenário onde os reservatórios estão cheios”, comenta Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research.

Segundo Tiglia, este cenário pode ser negativo para algumas companhias, mas positivo para outras. De um lado, os preços baixos tiram a atratividade de investimento no setor, já que alguns contratos não justificariam a expansão. Por outro, surge oportunidade de crescimento nas fontes renováveis – solar, eólica, entre outros.

Na distribuição, algumas companhias estão passando por um ciclo de investimento e acabam operando com um payout (parcela do lucro destinada a proventos) mínimo de 25%. “As distribuidoras oferecem dividendos menores, mas maior potencial de valorização”, destaca Luan Alves, analista-chefe da VG Research.

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Apesar dos desafios, os analistas consultados afirmam que é possível encontrar boas oportunidades em cada um dos segmentos. “Mas as empresas que têm mais tentáculos acabam se beneficiando com resultados diversificados e tendem a ser mais resilientes”, defende Viero, da Suno.

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Elétricas para dividendos no curto prazo

Engie (EGIE3)

Entre as opções para receber dividendos elevados em 2024, se destaca a Engie (EGIE3), uma companhia com atuação integrada. Viero explica que a empresa tem forte presença na geração de energia, mas também no segmento de transmissão, além de ter uma pequena parcela da sua operação em transporte de Gás com a TAG (Transportadora Associada de Gás).

Pela sua política de dividendos, a Engie estabelece ter um payout mínimo de 55% do lucro líquido ajustado e dois pagamentos por ano. No entanto, Viero destaca que nos últimos anos, a companhia manteve um histórico de distribuir 100% do lucro. “Em situações em que ela não tem investimentos relevantes, a tendência natural é pagar 100% dos lucros em proventos”, afirma o analista.

Para 2024, inclusive é esse o cenário base. Viero explica que a companhia vendeu uma parcela da TAG, o que deve deixar o caixa mais confortável. A empresa também tem um endividamento controlado, o que permitiria o payout de 100%.

A projeção do analista da Suno é de um dividend yield de 10,4% para 2024 – com um payout de 100%. Já em um cenário pessimista, o retorno em dividendos seria de 6%- com um payout de 55%.

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Viero destaca ainda que o investidor recebe o dividendo e ao mesmo tempo está investindo em uma empresa com expansão contratada. Diferente de outras empresas do setor, a Engie não tem vencimentos de concessões próximos, desta forma, novas alocações não seriam para substituir e sim para adicionar receita na companhia.

“Ela consegue pagar dividendos de 10,4% hoje e ao longo do tempo vai entregar mais ativos. Historicamente a Engie sempre alocou bem o seu capital”, diz Viero.

Tiglia, da Nord, também tem Engie entre as recomendações e destaca que o portfólio da companhia é um dos que tem maior qualidade no setor elétrico. “Tem uma estratégia de comercialização de energia que vem se mostrando muito assertiva e fez boas alocações ao longo do tempo”, aponta Tiglia, que considera a empresa uma referência no setor. Para 2024, Tiglia projeta um dividend yield entre 7% e 7,5% para EGIE3.

Na Ágora Investimentos, a Engie é considerada uma empresa excepcional no quesito qualidade e gestão, motivo pelo qual nem sempre está barata. O analista Ricardo França espera que a Engie entregue um dividend yield de 6% neste ano, o que justificaria a manutenção do papel em uma carteira de renda passiva. “É um ativo de alta qualidade com bom histórico de alocação”, pontua.

Ações mais recomendadas para dividendos no curto prazo

Ação Dividend yield projetado para 2024 Quem recomenda?
Engie (EGIE3) 6% a 10,4% Suno Research, Nord Research, Ágora Investimentos
Isa Cteep (TRPL4) 6,5% a 8,6% Nord Research, VG Research, Suno Research
Taesa (TAEE11) 7,5% a 9% Suno Research, Ágora Investimentos, VG Research
Auren (AURE3) 6,50% Ágora Investimentos
CPFL (CPFE3) 7% Ágora Investimentos

Fonte: Levantamento E-investidor com casas de análise

Isa Cteep (TRLP4) e Taesa (TAEE11)

Para quem busca dividendos perenes e polpudos, o segmento de transmissão não decepciona, segundo analistas. Na Nord, Tiglia tem recomendação de compra para Isa Cteep (TRPL4), com um dividend yield esperado de 7,5%.

Ele destaca que a companhia vem fazendo bons investimentos, o que deve se traduzir em ganho de Receita Anual Permitida (RAP) e um resultado crescente. “São concessões que vão perdurar, não tem nenhum vencimento relevante no curto prazo. É uma empresa que vai ter os seus contratos ajustados por inflação, isso traz uma segurança muito boa para o investidor”, avalia.

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Na VG Research, a expectativa é de um dividend yield de 6,5% para TRPL4. Alves destaca que o natural das transmissoras é pagar dividendos de 8%, mas com a recente valorização do papel, o retorno em dividendos recuou.

Embora o dividendo seja elevado no curto prazo, Viero, da Suno, tem receios com Isa Cteep e Taesa, dado o vencimento de algumas concessões em 2030. Para ele, as companhias deveriam pagar menos dividendos e investir em novas concessões.

“A empresa talvez deveria separar uma parte maior do lucro e reinvestir, compor seu balanço e disputar os leilões com uma competitividade maior”, destaca Viero. Segundo o analista, nos próximos 5 anos, Isa Cteep e Taesa ainda vão entregar dividendos interessantes, mas existe o desafio da maturidade do seu portfólio de ativos.

Para Isa Cteep, Viero projeta um dividend yield de 8,1%- caso a empresa apresente um payout de 75%. Já com um payout de 80%, os dividendos chegariam a 8,6%.

Para Taesa, Viero calcula um dividend yield de 7,5% – com 75% de payout – que pode chegar a 8,5% se a companhia optar por distribuir 85% do seu lucro.

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Na Ágora, França, destaca a previsibilidade do segmento de transmissão e os contratos da Taesa que são reajustados pela inflação. Com uma inflação projetada de 4,30% para o final de 2024, o analista acredita que o efeito será benigno e vai ajudar a manter os custos da transmissora sob controle.

“A empresa precisa fazer o dever de casa, que é manter a operação eficiente para que consiga ter um bom nível de retorno ao acionista, e pagar dividendos”, diz. A expectativa é de dividendos de entre 8% e 9%.

Na VG Research, Alves projeta um dividend yield de 7,5% para TAEE11.

Auren (AURE3) e CPFL (CPFE3)

França cita ainda duas elétricas que devem entregar dividendos interessantes em 2024 e no médio prazo.

Uma delas é a geradora Auren (AURE3), que em 2023, pagou R$ 3 em dividendos por ação, um dividend yield de 20,37%, fruto de uma distribuição não recorrente. A companhia recebeu uma indenização de R$ 4,2 bilhões pela Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, a qual destinou para o pagamento de proventos.

Em 2024, sem efeitos extraordinários, a expectativa é que a companhia entregue um dividend yield de 6,5%, aponta França. O analista defende que embora os reservatórios estejam em patamar elevado, o que diminui o preço da energia, a Auren tem espaço para melhorias no seu balanço, por conta de negociação de alguns passivos. “São passivos de quando a companhia ainda era estatal e que devem melhorar o resultado consolidado da Auren”, destaca.

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Na CPFL (CPFE3) – que atua no segmento de transmissão, geração e distribuição- França aponta a diversificação maior do portfólio da empresa. “Não é uma barganha do ponto de vista de valuation (avaliação), mas se houver oportunidade de preço nas ações, é interessante adicionar um ativo de boa qualidade na carteira”, diz. O dividend yield projetado para 2024 é de 7%.

Elétricas para dividendos no longo prazo

Nem todas as elétricas devem ter capacidade de pagar dividendos elevados no curto prazo, contudo podem virar boas pagadoras no longo prazo. É o caso de Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3) e AES Brasil (AESB3), segundo os analistas.

França destaca que a AES Brasil vem investindo para diversificar o seu portfólio, que estava muito exposto a geração hidrelétrica. Nos últimos anos, os recursos estavam comprometidos, motivo pelo qual a empresa não remunerou os acionistas em 2023. Mas a expectativa é de retomada dos dividendos ainda em 2024.

“Agora começam a entrar em operação alguns ativos e com investimentos maduros será possível capturar retornos”, diz França, que espera que a companhia pague dividendos de 6% em 2024 e tenha proventos crescentes a partir de 2025.

Tiglia, da Nord, também enxerga com bons olhos a AES Brasil, e destaca que a companhia tem bons projetos. Para ele, AES Brasil vai retomar a distribuição de dividendos elevados em 2025 ou 2026, no patamar do passado, quando já foi reconhecida por ser boa pagadora. “É oportunidade para quem quer capturar um crescimento contratado com os projetos e um dividendo que deve aparecer quando o ciclo de investimentos virar”, observa. Para 2024, a projeção é de um dividend yield de 3% para AESB3.

Eletrobras e Copel, que passaram por um processo de privatização, são vistas como oportunidades para ganho de valor e dividendos no longo prazo. França acredita que em 2024 as companhias vão entregar um dividendo modesto de 3%, dado que ainda estão trabalhando em ganhos de eficiência e redução de custos nas operações.

Ambas as empresas são integradas, com participação na geração, transmissão e distribuição. Segundo os analistas, é inevitável que se tornem boas pagadoras de proventos no longo prazo. Alves, da VG, espera que Eletrobras entregue um dividendo de 6,5% em 2024. Já Viero espera um dividend yield de 5,5%, com um payout de 50%.

Segundo o analista da Suno, por conta do tamanho da Eletrobras, existe um potencial de geração de caixa robusto. “É muito difícil a empresa absorver obrigações de investimentos que sejam suficientemente grandes para comprometer uma distribuição dos lucros”, defende.

Ações mais recomendadas para dividendos no longo prazo

Ação Dividend yield projetado para 2024 Quem recomenda?
Copel (CPLE6) 3% Ágora Investimentos
Eletrobras (ELET3) 3% a 6,5% Ágora Investimentos, VG Research, Suno Research
AES Brasil (AESB3) 3% a 6% Ágora Investimentos, Nord Research

Fonte: Levantamento E-investidor com casas de análise

 

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