- A perspectiva de novas altas na taxa de juros nos EUA e o conflito no Oriente Médio são as principais razões para os ganhos
- No entanto, as rentabilidades em 2023 dos investimentos em dólar na B3 não foram uniformes
- Segundo a Economatica, o ETF Trend Nasdaq, que replica o índice de Nasdaq, apresenta a maior valorização do ano
O dólar vem ganhando força em relação ao real diante da possibilidade do Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, elevar a taxa de juros nas reuniões de novembro e dezembro. Caso a perspectiva se concretize, a tendência é que o movimento de valorização se mantenha diante do fluxo de capital para os títulos de renda fixa do mercado norte-americano.
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Além disso, a guerra entre Israel e o grupo Hamas atinge novas proporções e amplia a aversão ao risco entre os investidores que encontram no dólar um refúgio para proteger o seu patrimônio.
“Os temores de envolvimento do Irã e as potenciais consequências, como o apoio de outras nações em defesa de seus aliados, têm elevado a aversão ao risco e intensificado a busca por ativos seguros”, diz Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. Com essa perspectiva, há uma tendência de continuidade da valorização da moeda norte-americana.
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Segundo dados do Broadcast, nos últimos 30 dias, o dólar apresentou uma valorização de 3,76%, enquanto no acumulado de outubro o avanço chega a 0,54%. Os recentes ganhos despertam ainda mais a atenção dos investidores, que desejam dolarizar parte da sua carteira, para os investimentos expostos ao dólar. Por outro lado, mesmo com esse cenário positivo para a valorização do câmbio, os investidores precisam ser estratégicos na hora de montar o portfólio.
É que a rentabilidade dos ativos dolarizados disponíveis na B3 não está sendo uniforme em 2023. Segundo dados da Economatica, o ETF Trend Nasdaq, que replica o índice de Nasdaq, apresentou a maior valorização com uma alta de 31,5% em 2023 dentre as principais opções de investimento na Bolsa brasileira. Logo depois, aparece BDRx, índice que reúne os BDRs negociados na B3, no ranking dos investimentos mais rentáveis em dólar ao entregar ganhos de 20,2%.
Segundo especialistas, o retorno expressivo do ETF Trend Nasdaq reflete um movimento de correção do mercado após uma queda acentuada do índice Nasdaq em 2022 diante do ciclo de alta de juros dos Estados Unidos. No entanto, esta não foi a única razão. Os ganhos também refletem a especulação do mercado diante do potencial econômico que a inteligência artificial deve trazer para o mercado.
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“A sua concentração em empresas do setor de tecnologia que foram fortemente impactadas pela procura e evolução dos serviços de Inteligência Artificial foi o motivo mais importante para a sua valorização”, avalia Guilherme Morais, analista da VG Research. A Nvidia (NVDA) faz parte da lista dessas companhias que ajudaram a puxar para cima o desempenho do índice. No acumulado do ano, as ações da empresa registraram uma valorização de 222%.
Os ganhos dos BDRs também se beneficiam com a dinâmica do mercado norte-americano. Apesar da possibilidade de novas altas em 2023, os analistas analisam que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim, o que abre espaço para projeções para o início do corte. Na avaliação de Marcelo Cabral, CEO da Stratton Capital, a expectativa é que esse movimento ocorra em 2024.
“Há os mais otimistas que acreditam que será no primeiro trimestre ou comecinho do segundo trimestre e os mais pessimistas que enxergam espaço para redução apenas no quarto trimestre do próximo ano”, informou Cabral em entrevista ao E-Investidor, publicada nesta segunda-feira (16).
Os fundos cambiais também entregaram rentabilidades elevadas durante o mesmo período, o que sugere aos investidores uma alternativa interessante para quem deseja dolarizar a carteira. Os fundos BV Alocação Usd Short Cambial FI e Trend Short Dólar FI Cambial foram os que apresentaram os melhores resultados entre os produtos da mesma classe de ativos. Ainda de acordo com a Economatica, os ganhos desses fundos em 2023, até o momento, foram de 18,7% e 18,5%, respectivamente.
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Qual é a melhor estratégia?
Não há uma estratégia perfeita que possa ser adotada por todos os investidores. A composição do portfólio vai depender do perfil e objetivo de cada investidor. No entanto, os especialistas são taxativos em uma única orientação: a diversificação do portfólio.
No caso dos fundos cambiais, por exemplo, Renan Suehasu, planejador financeiro CFP®️ e sócio da A7 Capital, explica que os investidores devem priorizar as opções que tenham posição em ativos no exterior, como bonds e ações. “Além de estar protegido em moeda internacional, terá uma valorização de um ativo lá fora (ou seja, escolher um fundo de gestão ativa)”, ressalta Suehasu.
Já Carlos André Marinho Vieira, analista-chefe do TC, orienta buscar investimentos considerados seguros e previsíveis, como os títulos de renda fixa em dólar. “Apesar de pagarem juros menores, fornecem uma proteção cambial pelo investimento em moeda forte”, ressalta Vieira. Os BDRs de companhias com ampla cobertura de analista e com resultados constantes também devem ser priorizadas para incluir no portfólio.