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Estudo mostra 5 empresas da Bolsa com risco de quebrar

Economatica aponta que Gol, Azul, CVC, TIM e Hapvida têm as maiores probabilidades de insolvência

Estudo mostra 5 empresas da Bolsa com risco de quebrar
Fonte: Pixabay
  • Um levantamento realizado pela Economatica apontou quais são as empresas da carteira do Ibovespa que hoje possuem mais chances de se tornarem insolventes e, consequentemente, quebrar
  • Gol, Azul, CVC, TIM e Hapvida são as companhias apontadas pelo estudo
  • Régis Chinchila e Luis Novaes, analistas da Terra, afirmam que o ideal é comprar ações na baixa, quando há perspectivas de que vão se valorizar, mas esse não é o caso de nenhuma delas

Nas últimas semanas várias companhias do mercado de criptomoedas apresentaram uma situação de insolvência: isto é, elas não têm capacidade de pagar as próprias contas e, por isso, são obrigadas a fechar. Mas será que isso também pode ocorrer com empresas de capital aberto?

Um levantamento realizado pela Economatica apontou quais são as empresas da carteira do Ibovespa que hoje possuem mais chances de se tornarem insolventes e, eventualmente, quebrar: Gol, Azul, CVC, TIM e Hapvida. Cada uma com 55%, 42%, 37%, 30% e 28% de probabilidade, respectivamente, de não conseguir pagar os próprios custos.

O cálculo da Economatica foi feito por uma fórmula que inclui valores do capital circulante líquido, ativos totais, reservas de lucro, Ebit (lucro antes de juros e imposto de renda), patrimônio líquido e ativos passivos.

Motivos

Régis Chinchila e Luis Novaes, especialistas da Terra Investimentos, afirmam que essas companhias não tiveram tempo de se preparar financeiramente para o impacto dos juros altos.

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Com o mercado especulando que os juros seguirão no mesmo patamar até metade do próximo ano – a 13,75% -, e com possibilidade de queda apenas no final de 2023, empresas com grandes passivos  continuarão tendo seus resultados pressionados, o que aumenta o risco de insolvência, destacaram os especialistas.

Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, afirmou que as aéreas seguem sem capacidade de gerar caixa e com um risco de endividamento elevado pelo fato da deterioração do cenário doméstico e da perspectiva de uma recessão global.

A Gol e a Azul são empresas que dependem de um cenário doméstico favorável, com baixo desemprego, inflação controlada, juros baixos e crescimento da renda para conseguir elevar os resultados. “A perspectiva ruim para a economia e custos ainda elevados, principalmente do combustível, devem ser fatores cruciais para [prejudicar] as finanças das companhias”, diz Vaz.

A CVC sofre com a desaceleração da atividade econômica do País, o que impacta a sua capacidade de geração de caixa, explica Felipe Pontes, COO da Economatica. Como o negócio é atrelado à demanda de passageiros, a pandemia e a inflação pesaram. Já a TIM, segundo ele, apresenta dificuldades de crescimento das receitas nos últimos anos, o que trouxe uma maior complicação no momento de pagar as despesas financeiras. “Quanto menor o caixa, mais complicado é de quitar os débitos e, assim, a probabilidade de insolvência fica maior”, diz o especialista.

A Hapvida, por sua vez, perdeu margens do Ebit nos últimos trimestres, destacou Pontes. O do 4º trimestre de 2019 era de 18,34% e caiu para 0,50% no terceiro trimestre deste ano.  O termo é usado para aferir o lucro operacional da empresa.

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“Ou seja, quando a Hapvida gerava no passado sua receita, 18% dela sobrava como lucro operacional, que servia para ter capacidade de caixa e, consequentemente, quitar as dívidas”, ressalta o especialista. Como essa proporção reduziu para 0,50%, o montante para pagar as despesas ficou menor, o que potencializou, assim como a TIM, a possibilidade de insolvência.

Vale investir nas empresas com risco de insolvência?

Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, acredita que os investidores precisam entender a fundo as teses de investimentos, os modelos de negócios, os riscos e para onde as empresas caminham. “[No caso da Gol, Azul, CVC, TIM e Hapvida], caso o investidor veja vantagens competitivas e entenda que essas empresas possuem uma boa perspectiva no futuro, por que não investir?”, diz.

Atualmente, o BTG tem sugestão de compra para Gol, Azul, TIM e Hapvida, e recomendação neutra para CVC. Já o Santander tem indicação de manutenção da Gol, CVC e Azul e de compra para TIM e Hapvida.

Régis Chinchila e Luis Novaes, analistas da Terra, afirmam que o ideal é comprar ações na baixa, quando há perspectivas de que vão se valorizar, mas esse não é o caso de nenhuma delas. “São poucas empresas que se beneficiam de uma economia com altos juros. Vale aportar apenas naquelas que sofrem pouco impacto, como as seguros e energia elétrica.”

Rafael Barros, analista da XP, ressalta que é preciso analisar os motivos da desvalorização das companhias antes de comprar os papéis. Ele explica que é preciso verificar se há um mau humor do mercado no curto prazo ou se realmente os fundamentos da empresa e puxaram a cotação para baixo.

Na prática, segundo o especialista, é preciso olhar a qualidade dos balanços financeiros, se a companhia consegue honrar com suas obrigações com a remuneração dos acionistas e o endividamento da empresa.

Outro lado

A CVC, procurada pelo E-Investidor, afirma que vem honrando todos os seus compromissos financeiros e fazendo a gestão de caixa de forma eficiente e rigorosa. “No meio do ano, a empresa concluiu um aumento de capital de R$ 400 milhões e segue proativamente trabalhando na reavaliação de sua estrutura de capital/dívida que tem vencimentos no primeiro semestre de 2023, conforme informado publicamente”.

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A empresa também informou que, apesar do fluxo de caixa ainda negativo, o EBTIDA ajustado foi de R$ 72 milhões no terceiro trimestre deste ano, o maior desde 2019.

A Azul, por sua vez, afirmou que acompanha continuamente a posição de liquidez e continuará adotando medidas para fortalecer a posição de caixa, trazer eficiência nos custos e conter as despesas operacionais. “Tais ações têm se mostrado eficientes para a continuidade e sustentabilidade dos negócios.”

Após a publicação da reportagem, a Hapvida enviou uma nota informando que os indicadores operacionais e financeiros da companhia são “monitorados constantemente pela agência de rating Fitch” e que “todas as emissões de dívida receberam a classificação de grau máximo de investimento (AAA ou Investment Grade)”.

A Hapvida diz ainda que “desconhece a metodologia usada pelo estudo que serviu de base para a reportagem e ressalta que ao final do terceiro trimestre de 2022 possuía mais de R$ 4,88 bilhões em caixa”. A metodologia do cálculo que estima a probabilidade de insolvência, porém, foi enviada pelo E-Investidor para as empresas citadas no estudo.

A Gol informou que não irá comentar o estudo e a TIM não se pronunciou.

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