Investimentos

Juros em queda animam financiamento de energia solar. Veja as condições

O BC já reduziu em 0,5 ponto porcentuais a taxa básica de juros, que deve recuar mais no próximos meses

Juros em queda animam financiamento de energia solar. Veja as condições
Os sistemas fotovoltaicos conseguem reduzir em até 90% o valor da conta de luz (Foto: Envato Elements)
  • A Selic é a taxa básica de juros e atua como principal instrumento do BC para controlar a inflação no País
  • A Selic influencia todas as taxas de juros de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
  • Bancos oferecem linhas de crédito para compra e instalação dos sistemas fotovoltaicos com parcelamento em até 96 vezes.

Os sistemas fotovoltaicos já entraram no radar das famílias brasileiras em função da possibilidade de economizar na conta de luz. No entanto, o custo inicial para a compra do equipamento e sua instalação ainda impõe uma barreira de entrada que o consumidor precisa transpor até se beneficiar do alívio no bolso que a geração da própria energia pode resultar no médio prazo.

Segundo uma simulação feita pelo Portal Solar, empresa de franquia de sistema fotovoltaico, o orçamento médio desse sistema para um consumo de R$ 500 no Brasil pode variar de R$ 20 mil a R$ 35 mil. O payback (indicador do tempo de retorno de um investimento) desse investimento varia de três a quatro anos, a depender da região do País. Veja os detalhes nesta reportagem.

Devido ao valor muitas vezes inacessível, algumas instituições financeiras oferecem linhas de créditos específicas para esse tipo de investimento, com a possibilidade de pagamento em até 96 vezes. Mas com a perspectiva de novas quedas da Selic nos próximos meses, há uma tendência de barateamento dos empréstimos. “Se tivéssemos um cenário com juros a 9% ao ano, possivelmente o preço da parcela ficaria igual ou menor ao da conta de luz, permitindo que a economia com a energia pague o financiamento”, diz Thiago Diniz, diretor do banco Genyx, plataforma para comercialização de kits geradores fotovoltaicos.

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Em agosto, o Banco Central (BC) reduziu em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros, passando de 13,75% para 13,25% ao ano. O mercado projeta novos cortes da Selic até o fim do ano. Segundo dados do Boletim Focus, a expectativa é que a taxa básica de juros encerre 2023 a 11,75% ao ano. Isso representa uma queda de 1,5 ponto porcentual na Selic até dezembro em relação a taxa atual. O patamar de 9% citado por Diniz está previsto para o final de 2024, conforme a pesquisa Focus da última segunda-feira (11).

Oferta de equipamentos

Com essa perspectiva, Marcelo Aleixo, CEO da Sim, fintech do Santander responsável pela linha de crédito, também reforça a tendência dos empréstimos ficarem mais baratos. Segundo ele, como a Selic atua como referência para as demais taxas do mercado, a sua redução influencia nas condições de financiamento das instituições financeiras. “A queda (da Selic) faz com que o custo do dinheiro diminua e, consequentemente, nossos custos também tendem a reduzir”, diz Aleixo.

No entanto, outras variáveis são importantes para um quedas mais significativas do custo destas linhas de crédito. Uma delas, a oferta dos equipamentos. O CEO da Sim explica que quanto maior for a disponibilidade desses equipamentos para o consumidor, maior será a concorrência de preços no mercado. Esse movimento deve acontecer a medida que o custo da matéria-prima for reduzindo.

“Vemos a queda recente do preço do polissilicio – matéria-prima essencial para os módulos solares – barateando o custo do sistema”, diz Aleixo. No caso da linha de crédito da Sim, o perfil de risco do cliente também contribui para as taxas de juros atreladas ao financiamento e até nas condições de pagamento. Ou seja, se o cliente for considerado um bom pagador, a tendência é que as condições de crédito sejam mais favoráveis.

Quais são as condições dos empréstimos?

As condições de pagamento das linhas de crédito variam de uma instituição financeira para outra. Além disso, os empréstimos costumam ser concedidos a taxas prefixadas. Ou seja, as parcelas serão fixas independentemente do cenário econômico atual e até o fim do contrato. No caso do banco Genyx, as linhas de crédito possuem taxas prefixadas de 1,38% ao mês. Além disso, não há um valor mínimo e os prazos de pagamento podem chegar em até 96 meses com mais quatro de carência.

“O que percebemos, no entanto, é maior concentração de financiamentos com prazo de 72 meses e 4 de carência”, diz Diniz, sobre a prática mais comum no mercado. Ele destaca ainda que, em agosto, os contratos assinados pelos consumidores interessados neste tipo de financiamento cresceram 30% em relação a julho deste ano. O aumento coincide com a primeira queda da Selic após um ano com a taxa sendo mantida a 13,75% ao ano. Veja os detalhes nesta reportagem.

O Santander também possui taxas prefixadas nas suas linhas de crédito voltadas para os financiamentos de sistemas fotovoltaicos. De acordo com o banco, os juros variam de acordo com o perfil de risco de cada cliente e o parcelamento também pode chegar até 96 meses com carência para o início do pagamento em até 120 dias.

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No Banco do Nordeste (BNB), os consumidores também podem financiar até 100% do projeto com um prazo de pagamento de até 96 meses mais carência de até 6 meses para iniciar o pagamento. As taxas de juros da linha de crédito são atreladas ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador responsável por medir a inflação do país. O banco disponibiliza no próprio site um simulador, no qual é possível visualizar o valor das parcelas e o custo final do empréstimo.

Como se preparar

A facilidade do pagamento não substitui a necessidade de uma organização financeira antes da contratação da linha de crédito. Segundo o economista Ricardo Coimbra, além de avaliar o comprometimento da parcela no orçamento, os consumidores precisam verificar se a geração de energia do sistema fotovoltaico, que está sendo financiado, será suficiente para possíveis aumentos do consumo de energia.

A outra recomendação é tentar negociar a taxa de juros com o banco. “É importante o consumidor buscar essas linhas de crédito em bancos que já possuem relacionamento. A partir daí, vale negociar negociar taxas de juros que possam comprometer cada vez menos o orçamento”, diz Coimbra.

Apesar do equipamento gerar a própria energia, o consumidor também terá que pagar todos os meses os custos de manutenção e de iluminação pública que já compõem a conta de luz mesmo após trocar o seu sistema de fornecimento de energia. O valor varia de região para região do Brasil.

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