Investimentos

Fundo de ações da Petrobras é de alto risco com vai e vem do petróleo

Patrimônio líquido de fundos mono ações era de R$ 4,5 bi em 30 de abril

Fundo de ações da Petrobras é de alto risco com vai e vem do petróleo
Edifício-sede da Petrobrás no Rio de Janeiro Foto: Sergio Moraes/Reuters
  • Cotista deve ficar atento a taxa de administração cobrada em carteiras temáticas de um só papel
  • Descontos e promoções das corretoras deixam taxas mais vantajosas para investir diretamente nos papéis na bolsa de valores
  • Fundo de ações com recurso do FGTS permanece vantajoso em relação ao rendimento fixo anual pago pelo governo

O mercado futuro de petróleo entrou em parafuso em abril quando o preço do WTI para maio fechou em território negativo. Mas após semanas de volatilidade, as cotações do WTI e do Brent exibiram reações, embora esse mercado caminhe sem muita referência diante da crise causada pela pandemia de coronavírus ao redor do mundo.

Para profissionais do mercado financeiro consultados pelo Broadcast, os preços do barril de petróleo vão permanecer muito baixos no horizonte de curto prazo, o que impactará os resultados das petrolíferas, e por consequência indireta, nos fundos com recursos do FGTS e mono ações da Petrobrás.

“O preço negativo do WTI (que chegou em -US$ 37 por barril) foi um fenômeno restrito ao mercado futuro, uma marca sem precedentes na história em função da falta de espaço para armazenamento dos estoques. Mas o mercado voltou reagindo em maio. Nossa expectativa para o final desse ano é de US$ 30 para o WTI, e US$ 35 para o Brent”, diz José Francisco Cataldo Ferreira, estrategista de análise de Ágora Investimentos.

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Ele lembra que o petróleo tipo Brent serve mais como referência para o mercado brasileiro. “O Brent tem maior capacidade de armazenamento na Europa. O Brasil exporta muito pouco para o EUA e mais para outros países. A Petrobrás está bem posicionada nesse caso, mas nossa recomendação é neutra para o papel, com preço alvo de R$ 18,50 para o longo prazo”, afirma Cataldo.

Fundos de Petrobrás x Papéis da Petrobrás

Para Victor Hasegawa, gestor de ações da Infinity Asset, o aporte em fundos mono ações da Petrobrás é desaconselhado.

“O sinal de curto prazo (de zero a seis meses) para Petrobrás é muito negativo nesse momento. O mercado de petróleo só deve ganhar valor dentro de uns dois anos. Mas quem possui o horizonte longo prazo, o preço de Petrobrás está barato (atualmente)”, afirma.

Ele lembra que o público que investe via fundo mono ações é de varejo e, em geral, sem familiaridade para comprar e vender diretamente as ações da Petrobrás pela internet. “Nos dias atuais, seria muito melhor, entrar na ação diretamente na bolsa de valores. A taxa de administração de um fundo assim precisa ser bem baixa para compensar os custos menores de corretagem”, afirma.

Hasegawa recordou que os grandes bancos criaram esses fundos de investimentos  temáticos de apenas uma ação no passado, em ofertas públicas vultuosas do governo, que permitiram até o uso do Fundo Garantidor por Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da Petrobrás e da Vale.

“Para quem utilizou o fundo de garantia, evidente que o retorno em Petrobras e Vale foi muito maior que a rentabilidade fixa do FGTS. Os bancos criaram esses outros fundos (FIA) quando Vale e Petrobrás estavam na moda, e muita gente ganhou dinheiro com isso no longo prazo.  O ideal é uma carteira mais diversificada, e não concentrar 10% ou 20% num fundo de um só papel”, diz.

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De acordo com dados do boletim da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos Mono Ações possuíam patrimônio líquido de R$ 4,58 bilhões no último dia 30 de abril, com carteiras temáticas de Petrobrás, Vale, Cielo, Banco do Brasil, BB Seguridade, Bradesco e Magazine Luiza.

Já nos fundos da subcategoria FMP FGTS, o patrimônio líquido era de R$ 3,8 bilhões em 30 de abril, distribuídos em carteiras monotemáticas de Petrobrás e Vale. No mês de abril, os fundos mono ações apresentaram ganhos de 12,49%, mas ainda registram perdas de 31,64% no ano. Já os fundos FMP FGTS mostram valorização de 14,06% no mês, mas exibem perdas de 29,41% no ano até 30 de abril último.

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