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Só 6% dos fundos de ações chegam aos 15 anos. Qual é o segredo?

O levantamento da Finacap, enviado ao E-Investidor, traçou um “raio-x” do tempo de vida dos fundos de ações

Só 6% dos fundos de ações chegam aos 15 anos. Qual é o segredo?
Foto: Envato Elements
  • Os dados da Finacap Investimentos mostraram que apenas 6% dos fundos de ações em operação no mercado têm mais de 15 anos
  • Já entre os fundos encerrados no mercado nos últimos 25 anos, 90% não ultrapassaram a marca dos 10 anos de operação
  • A realidade traz um alerta para o investidor ao analisar os objetivos de investimentos das gestoras antes de se posicionar nesta classe de ativos

O sucesso do fundo de ações na bolsa de valores não se resume apenas na rentabilidade que oferece aos seus cotistas. As gestoras responsáveis pela administração dessa classe de ativos têm um desafio ainda maior: manter a atratividade dos produtos para os investidores por mais de 15 anos de operação. No entanto, apenas um grupo seleto de 62 fundos conseguiu ser tão longevo no mercado financeiro.

Segundo um levantamento da Finacap Investimentos, enviado com exclusividade ao E-Investidor, dos 1.035 fundos ativos atualmente, apenas 19% possuem mais de 10 anos de atividade. O porcentual corresponde a um total de 196 fundos de ações em operação. Se reduzirmos o intervalo de tempo, os produtos com mais de 15 anos de atividade correspondem apenas a 6%, enquanto os fundos com 20 anos representam apenas 2% do total do mercado.

O estudo também analisou o tempo “de vida” dos fundos de ações já cancelados. Desde 1997 até hoje, 1.433 fundos foram tirados do mercado. Desse total, 72% não passaram de cinco anos de operação. Ao olhar para o recorte de uma década, o porcentual salta para 92%.

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Para conseguir traçar o raio-x do tempo de vida dos fundos de ações no mercado, a Finacap considerou apenas os produtos com o mínimo de 10 cotistas e eliminou da sua amostra os fundos administrados por bancos e aqueles que investem em outros fundos.

 

A baixa expectativa de vida dos fundos de ações se deve às dificuldades das gestoras em manter rentabilidades elevadas registradas no curto prazo. Segundo Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap, os investidores são atraídos, principalmente, pelos altos retornos apresentados pelos produtos, mas quando essa rentabilidade reduz em virtude da volatilidade do mercado, os cotistas costumam desfazer suas posições no ativo em busca de outras oportunidades de investimento.

“O fundo teve uma visibilidade grande (devido a alta rentabilidade) e atraiu muita captação de recursos (com o aumento no número de cotistas). Evidentemente, o fundo não vai conseguir alocar os recursos nas mesmas operações que possam gerar a mesma rentabilidade”, afirma. Quando se depararam com essa situação, os gestores têm a missão de encontrar novas estratégias de investimento para entregar aos cotistas uma rentabilidade atrativa. “Quando mais volume se tem sob gestão, mais difícil fica replicar uma alta performance”, acrescenta.

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Além disso, com o crescimento de saques, os custos para manter uma estrutura adequada para garantir a administração do fundo se tornam elevados diante da queda do patrimônio sob gestão e comprometem a sustentabilidade financeira das gestoras. Já os gestores de fundos com mais de 15 anos de atuação possuem custos de operação mais baixos e, por esse motivo, têm mais “margem” para sobreviver a períodos de crise.

“Normalmente, são gestoras que ficam fora dos principais centros do mercado financeiro (como a avenida Faria Lima, em São Paulo) e que tem uma quantidade de profissionais menor e uma infraestrutura mais simples”, afirma Araújo. A longevidade dos fundos também pode ser explicada com a capacidade das gestoras de alinhar  suas estratégias de investimentos com os objetivos financeiros dos investidores. Se o fundo possui uma perspectiva de investimento de longo prazo, as gestoras precisam atrair investidores que compartilham a mesma visão.

“Vai depender da estrutura de investidores das gestoras. Eu acho que as gestoras deixam bastante claro as suas estratégias de investimento. Hoje, eu vejo que a comunicação do meio de fundos de investimento evoluiu muito”, diz Gabriel Tossato, especialista de investimentos da Ágora.

Mas esses não são os únicos fatores. A longevidade também se deve ao sucesso das estratégias de alocação de recursos. “As gestoras conseguiram entregar resultados aos cotistas. Não adianta ter um horizonte de investimento e ter vários problemas ao longo do caminho”, afirma Tossato.

O que os dados significam para os investidores?

A realidade alerta os investidores sobre a necessidade de analisar as características dos fundos e o histórico das gestoras antes de se posicionar em um fundo de ações. Segundo Júlia Levorin, diretora de operações da Multiplica Capital, gestora de recursos, essa tarefa torna-se necessária para analisar se a estratégia de investimento segue alinhada aos objetivos de financeiros de cada investidor. “Se o investidor deseja uma aplicação com prazo de vida longo, ele deve procurar gestoras que tenham um histórico consistente e mais longo porque isso significa que o gestor conseguiu se adaptar às mudanças do mercado ao longo dos anos”, afirma.

O processo de seleção a partir das gestoras nem sempre é uma tarefa simples, em especial aos investidores pessoa física. Mas um relatório da Órama conseguiu filtrar as cinco melhores gestoras do mercado. A corretora classificou as empresas a partir de três fatores: ativos sob gestão relevantes, time qualificado e performance de longo prazo. A análise concluiu que as gestoras Alphatree Capital, Aster Capital, Root Capital, Tenax Capital e Upon Global Capital devem ser acompanhadas de perto pelos investidores. Veja as justificativas nesta reportagem.

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Mas além de buscar a melhor gestão, o investidor também precisa de “paciência” quando se posiciona em fundos de ações. Embora o produto “terceirize” o trabalho do investidor de selecionar os melhores ativos para os gestores de mercado, Guilherme Ferreira, sócio da Jive Investments, ressalta que as pessoas ganham mais dinheiro em ativos de renda variável no longo prazo do que no curto prazo. “O problema é que os investidores querem acreditar que ao escolher os melhores gestores e os melhores ativos vão ter retornos superiores acima da média”, diz.

Quando as expectativas não são atendidas, tendem se desfazer das suas posições. Segundo um estudo realizado pela Fidelity Investiments, empresa multinacional em serviços de mercado financeiro, os investidores norte-americanos costumam permanecer posicionados em ações por apenas seis meses. “Seis meses são suficientes para que o investidor mude completamente os fundamentos daquele investimento? Então, se você mudou opinião tão rápido, a sua decisão inicial estava certa?”, questiona Ferreira.

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