- Segundo dados da Economatica, dos 109 fundos imobiliários que compõem o IFIX, 22 possuem os maiores DY nos últimos 12 meses
- O problema é que, com a queda da Selic, a tendência é que a remuneração desses fundos pode diminuir
Desde agosto, o Banco Central (BC) adota uma política de afrouxamento do ciclo monetário, agora com dois cortes consecutivos na Selic. A última reunião realizada pela autoridade cravou uma queda de 0,50 pontos porcentuais, deixando a taxa básica de juros a 12,75% ao ano. Mesmo assim, os fundos imobiliários híbridos com maior exposição a CRIs no portfólio e os de papel, que investem em títulos de dívida, como os CRIs, seguem no topo do ranking dos fundos imobiliários (FIIs) mais rentáveis do mercado.
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Segundo dados da Economatica, enviados ao E-Investidor, os fundos desse segmento que compõem o IFIX, principal índice de FIIs do mercado, acumulam o maior dividend yield (DY) dos últimos 12 meses e acima do atual patamar da Selic.
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O motivo para o alto retorno se deve ao período de um ano em que a taxa básica de juros se manteve a 13,75% ao ano. Com isso, os dividendos dos FIIs híbridos e os de papel conseguiram entregar aos seus cotistas remunerações elevadas já que a sua rentabilidade acompanha a Selic.
Do ranking, o FII Cartesia Recebiveis Imob – FII-Unica (CACR11) foi o que mais se destacou ao apresentar um dividend yield de 17,65%. Logo depois, apareceram os fundos FII Rbr Plus Multiestrategia R-Unica (RBRX11) e Riza Aking FII – FII-Unica (RZAK11) com um DY de 15,77% e de 15,29%, respectivamente.
No entanto, com a tendência de queda da Selic, a dúvida que fica para o investidor é se os dividendos pagos ao longo dos últimos 12 meses devem seguir no mesmo patamar daqui para a frente. Segundo o Boletim Focus, desta segunda-feira (25), as projeções do mercado apontam para uma Selic de 11,75% ao ano até dezembro. Para 2024 e 2025, o mercado espera que a taxa de juros alcance patamares de 9% ao ano e de 8,5% ao ano.
Por essa razão, Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, ressalta que as remunerações aos cotistas devem ser menores em comparação ao dos últimos meses. “Estamos recomendando uma redução da exposição de fundos de papel e aumento da exposição aos fundos de tijolo porque a queda dos juros favorece mais esse segmento diante da valorização dos imóveis”, diz Lourenço.
Essa valorização dos fundos de tijolos, aqueles que investem em imóveis reais, acontece devido ao aquecimento da economia diante de um ciclo monetário expansionista. O problema é que esse processo não deve acontecer no curto prazo. Segundo Felipe Paletta, analista e sócio da Monett, o efeito da queda de juros na economia real costuma acontecer em um prazo de 12 meses. Após esse momento, é que o investidor enxerga uma valorização mais acentuada dos fundos de tijolo e uma remuneração maior.
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“Se o investidor não estiver com um foco de investimento para os próximos seis meses, vale aumentar posição em fundos de tijolo”, sugere Paletta. No entanto, o atual momento não significa que os fundos imobiliários de papel deixaram de ser importantes na carteira do investidor. Pelo contrário, o sócio da Monett acrescenta que, com a marcação a mercado, podem se valorização mesmo com a queda da Selic.
“O investidor precisa investir em fundos imobiliários de papel de melhor qualidade porque ainda há taxas elevadas e, com a marcação a mercado, pode se valorizar”, ressalta Paletta. Além disso, o segmento deve continuar entregando os maiores dividendos do mercado de FIIs por estarem posicionados em títulos de dívidas. “Os dividendos dos fundos de papel vão continuar sendo maiores aos fundos de tijolo porque essa é a principal proposta dessa classe. Pode ter exceções, mas via de regra é esse cenário que prevalece”, diz Baroni.