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- A Hapvida (HAPV3), uma das maiores empresas de capital aberto do setor de saúde, está no meio de um imbróglio judicial que envolve uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP)
- A notícia revelada pelo Estadão fez as ações caírem 6,98% na quinta (18) e 5,72% nesta segunda-feira (22)
- Mas há quem esteja achando o movimento exagerado, entendendo que a queda das ações é uma oportunidade de compra
A Hapvida (HAPV3), uma das maiores empresas de capital aberto do setor de saúde, está no meio de um imbróglio judicial que envolve uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) sobre descumprimento de liminares judiciais e denúncias de morte de pacientes, segundo familiares. As informações divulgadas pelo Estadão na última quinta-feira (18) pesaram sobre os ativos da empresa na Bolsa: naquele pregão, as ações cederam 6,98%.
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O movimento continuou negativo na segunda-feira (22), fazendo os papéis cederem mais 5,72%, cotados a R$ 3,79. Como mostramos nesta outra reportagem, começa a ventilar no mercado a ideia de que possa haver alguma indenização aos pacientes afetados e até desprovisionamento da companhia a partir da investigação. Um problema para a credibilidade e o caixa da Hapvida.
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Mas a avaliação negativa dos fatos não é unanimidade e, no início desta semana, algumas corretoras reforçaram o posicionamento favorável à compra de HAPV3.
“Muito barulho para pouca causa”. Foi assim que a XP Investimentos classificou a queda das ações da Hapvida causadas pelo episódio.
Em relatório divulgado no domingo (21), os analistas Rafael Barros e Raphael Elage defendem que a perda de quase R$ 4 bilhões em valor de mercado que a Hapvida (HAPV3) teve nos últimos dias é “incompatível com a perda potencial” que a empresa pode vir a ter com os processos e custos de sinistralidade.
Para o time da XP, o temor do mercado sobre essa temática é muito maior que o dano real e o cenário “não é tão assustador de perto”, levando a corretora a reiterar a recomendação de compra para HAPV3, com um preço-alvo de R$ 5.
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E ela não foi a única. Em um relatório sobre o setor de saúde na B3, divulgado nesta segunda-feira (22), o Santander também reiterou sua posição de compra em HAPV3, considerada a ação “top pick” pelo time de research do banco. O entendimento é que a Hapvida vai continuar focando na rentabilidade por meio de aumento de preços no curto prazo e investimentos para aumentar a verticalização.
Um possível impacto da investigação do MP nos resultados da companhia não foi mencionado no documento.
“Na nossa opinião, a empresa pode ganhar market share em um mercado fraco em 2024″, dizem os analistas Caio Moscardini, Karoline Silva Correira e Guilherme Gripp. “A empresa está negociando a um preço sobre lucro (P/L) ajustado de 19,7x, o que não é exatamente uma pechincha. No entanto, ajustando a amortização do ágio, o P/L ajustado cairia para 14,2x em 2024, um nível mais razoável.”
Além de reiterar a recomendação de compra, o banco elevou o preço-alvo dos papéis de R$ 5,35 para R$ 5,85.
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Depois das quedas nas ações, o Citi também passou a ver oportunidade em HAPV3. Nesta terça (23), o banco reforçou que os papéis da Hapvida estão sendo negociadas a 0,9 vezes o múltiplo preço sobre lucro projetado pelos analistas para 2025, enquanto ainda oferece um rendimento de 9% de fluxo de caixa livre ao acionista (FCFE).
Assim, o banco enxerga que a equação risco-recompensa das ações da operadora de saúde como altamente inclinada para valorização, reforçando a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 6,0 para os papéis.
A “defesa” dos grandes bancos de investimento ajudou a Hapvida a respirar na Bolsa: nesta terça, os papéis reagiram e subiram 3,96%, cotados a R$ 3,94.
Receio de investidores
A investigação do MP contra a Hapvida apura o descumprimento sistemático de decisões judiciais favoráveis aos seus beneficiários, que mesmo com liminares não conseguem acesso a tratamentos para doenças graves. Segundo reportagem do Estadão, há casos de pacientes que, segundo familiares, morreram após a recusa da empresa em oferecer tratamento de urgência garantido pela Justiça. Ao jornal, a empresa afirmou que respeita o Poder Judiciário e negou que venha descumprindo de forma sistemática as decisões judiciais.
A notícia pegou investidores de surpresa na última semana, com um receio de que as operações da companhia sejam afetadas por possíveis indenizações. A acusação mina ainda mais a credibilidade da companhia, que já está abalada por recorrentes críticas quanto à qualidade dos serviços prestados.
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Ainda é cedo para mensurar o impacto real do episódio na imagem e nos balanços da companhia, mas alguns players do mercado veem a situação com cautela. Para o Citi, por exemplo, a investigação não é um “bom presságio”, o que pode gerar volatilidade nas ações – conforme os pregões vem evidenciando.