

O patrimônio líquido da indústria brasileira de fundos de investimento cresceu 7,2% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 9,4 trilhões. A captação líquida acumulada, no entanto, ficou bem aquém: os três primeiros meses do ano registraram um resgate de R$ 39,8 bilhões, um resultado muito destoante da captação de R$ 119,2 bilhões do 1T24. É o segundo pior resultado para o período em cinco anos, atrás somente do resultado de 2023.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Em 2024, a captação recorde de R$ 134,4 bilhões nos fundos de renda fixa, com destaque especial para os ativos de crédito privado, fez a indústria entregar seu segundo melhor saldo para um primeiro trimestre em 5 anos. Em 2025, a classe permanece em destaque, mas com uma entrada bem menor, de R$ 43,2 bi, que não foi o suficiente para compensar as saídas registradas nas outras estratégias como aconteceu no ano anterior.
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Os fundos multimercados – que enfrentam uma janela difícil e em 2024 tiveram o maior nível de resgate da história – perderam R$ 43,8 bilhões no 1T25. No mesmo período do ano passado, a saída era de R$ 27,2 bi. Como mostramos aqui, a Anbima estuda formas de ajudar a resgatar o segmento, que, em termos de rentabilidade média, ainda não conseguiu superar o CDI.
Os fundos de ações também são destaque negativo, com um resgate líquido de R$ 27,3 bilhões até março. A outra baixa relevante veio da indústria de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs), que registrou uma saída de R$ 15,1 bi. Ao contrário das outras classes, onde os resgates foram pulverizados, houve um movimento concentrado em um FIDC de agro, indústria e comércio que sozinho teve um resgate de 16,9 bi, destacou a Anbima.
Renda fixa ainda como o carro-chefe
A renda fixa continuará sendo o carro-chefe da indústria de fundos este ano, segundo a Anbima. Boa parte da captação está acontecendo em produtos que têm de 30% a 50% da carteira em crédito privado. Essa subclasse atingiu uma captação líquida de R$ 226,9 bilhões em 12 meses até fevereiro.
O número de fundos de renda fixa crédito privado cresceu 51,1% em fevereiro na comparação anual. Agora, o segmento passa a representar 13% da indústria total de fundos.
“A classe de fundos tem crescido proporcionalmente, com vários gestores criando novos produtos. É resultado desse cenário de taxa de juros alta, aversão a risco maior, que faz com que investidores prefiram produtos mais atrelados à renda fixa e o credito privado dá um retorno potencial maior”, disse Pedro Rudge, diretor da Anbima, em coletiva a jornalistas.
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Dado o crescimento, a agenda da instituição para 2025 e 2026 tem algumas frentes de atuação conjunta ao buy side e sell side. Segundo o diretor, o objetivo é entender como desenvolver mais o mercado de crédito privado, com mais transparência e liquidez, além de melhorar a experiência do investidor e mitigar riscos. “É um segmento que tem crescido bastante e queremos ter a certeza, ao menos o conforto, de que esse crescimento não vem com riscos desconhecidos”, diz Rugde.
Tendência de resgates para 2025?
O cenário para investimentos está cheio de incertezas, o que torna mais difícil dizer se os resgates líquidos do 1º trimestre serão uma tendência para o resto do ano. “Em anos anteriores, já tivemos saídas relevantes que se reverteram. A medida que medida os juros permanecem em patamares maiores, os fundos deveriam ser uma alternativa atraente”, afirma Pedro Rudge.
Segundo o diretor da Anbima, os fundos, mesmo os de renda fixa, ainda enfrentam uma “assimetria relevante” se comparado a produtos que oferecem retornos e riscos semelhantes. É a concorrência difícil dos LCIs e LCAs, CRIs e CRAs; os títulos isentos de renda fixa.