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Os fatos que impulsionaram a renda fixa e as criptomoedas em agosto

Renda variável e commodities foram os destaques negativos do mês

Os fatos que impulsionaram a renda fixa e as criptomoedas em agosto
Diversificar os investimentos proporciona mais segurança e ajuda o investidor a entender o mercado de forma abrangente. (Foto: Olivier Le Moal/Shutterstock)
  • Segundo os especialistas, com o aumento da taxa de juros (Selic), há uma fuga dos investidores para ativos mais seguros
  • Ruídos fiscais e políticos e o cenário externo fizeram com que a cautela desse o tom dos pregões na B3

O Ibovespa encerra em queda pelo segundo mês consecutivo. Em agosto, a perda foi de 2,48%, totalizando uma performance negativa de 0,20% no ano. Segundo os especialistas, com o aumento da taxa de juros (Selic), há uma fuga dos investidores para ativos mais seguros, como os de renda fixa, que estão gerando retornos atrativos.

Ruídos fiscais, políticos e o cenário externo, incluindo o avanço da variante Delta, a política monetária dos Estados Unidos e a desaceleração da economia chinesa fizeram com que a cautela ditasse o tom dos pregões no período, enquanto as bolsas americanas têm renovado máximas nos últimos meses.

Para os investimentos em renda variável, o aumento do juros de longo prazo passa a ser mais um motivo de preocupação para a Bolsa, que desempenhou mal durante esse mês. A queda no preço das commodities, em especial do petróleo e do minério de ferro, também impactou as ações de algumas empresas listadas na Bolsa neste mês, entre elas CSN (CSNA3), Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e Bradespar (BRAP4).

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As criptomoedas também foram destaque no mês, em especial Bitcoin e Ether.

Confira abaixo os principais acontecimentos no mês de agosto.

Renda Fixa

A elevação na taxa básica de juros (Selic) de 4,25% para 5,25%, trouxe mais fôlego para os investimentos em renda fixa, que tinham perdido sua atratividade no ano passado, quando a Selic chegou a 2%, menor patamar histórico.

Com as expectativas de maiores elevações na taxa, entre 7% a 8% até o final do ano, os investimentos em renda fixa voltam a ganhar atratividade. Nesse movimento, se beneficiam também os investimentos ligados ao CDI, que acompanha as porcentagens da Selic, entre eles o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

Segundo Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial, a Selic ainda está em um patamar muito baixo, mas as projeções de alta nos juros de longo prazo (juros futuros) abrem a possibilidade para o investidor encontrar investimentos de renda fixa bastante atrativos. “Na modalidade de longo prazo, superior a dois anos de carência, o investidor já tem a oportunidade de retornos com os CDBs prefixados a 12% ao ano e IPCA+ acima de 5% ao ano”, diz.

Renda Variável: Os altos e baixos do Ibovespa

Ao contrário do desempenho das bolsas americanas, que estão renovando máximas, por aqui o Ibovespa anda oscilante. O Ibovespa alternou entre altas e baixas nesse mês de agosto, mas as quedas foram mais frequentes e preocuparam o mercado. Durante o mês, o Ibovespa fechou oito pregões abaixo dos 120 mil pontos. O Ibovespa atingiu a máxima do mês no dia 3 de agosto, encerrando a 123.577 mil pontos, e a mínima no dia 18 de agosto, a 116.643 mil pontos. Nesse dia, o Ibovespa rompeu o suporte, quando a demanda por compras é forte o suficiente para segurar os preços, sinalizando uma tendência vendedora.

“Com a volta do recesso parlamentar, a expectativa era de que os ruídos fiscais e políticos fossem reduzidos, mas não houve essa trégua. Esses ruídos foram ficando ainda mais fortes e isso refletiu nos investimentos neste mês de agosto”, diz Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos

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Segundo Giuberti, as tensões no campo econômico e político levaram a curva de juros de longo prazo acima de dois dígitos, saltou de 9,95% para 10,09% para janeiro de 2027, o que tem gerado uma fugo dos ativos de risco, impactando o mercado de ações e os fundos imobiliários.

Os motivos que têm levado a bolsa a oscilar e registrar quedas durante este mês estão relacionados a maior percepção de risco por parte do investidor, tanto no cenário doméstico com os riscos fiscais e os ruídos políticos, quanto no externo com o avanço da variante Delta do coronavírus, a política monetária dos Estados Unidos que prevê redução dos estímulos e a desaceleração da economia da China.

Nesta segunda-feira (30), o Ibovespa fechou em queda de 0,76%, a 119.763,20 ponto, após subir mais de 2% na semana passada. Nesta terça-feira (31), o movimento de queda continuou, encerrando a 118,7 mil pontos.

Commodities

A alta valorização das commodities no ano passado, levou as companhias do setor a registrarem resultados recordes. Mas, de julho a agosto, os papéis de algumas commodities tiveram queda, em especial os preços do petróleo e do minério de ferro. O mês é encerrado com o preço do petróleo em queda: nesta terça-feira (31), o ativo foi cotado a US$ 68,84, queda de -0,53%. No mês, os contratos futuros de petróleo já acumularam perdas de -6,91%.

Os contratos futuros de minério de ferro também acumulam perdas de -24,72% no mês. Nesta segunda-feira (30), o ativo foi cotado a US$ 159,58, queda de -0,06%. O minério já chegou a ser cotado a US$ 219,77.

As ações das mineradoras também estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa em agosto, entre elas CSN (CSNA3), Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e Bradespar (BRAP4). Segundo analistas, as ações do segmento foram impactadas por conta da queda no preço dos contratos futuros do minério de ferro na bolsa da China.

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Na avaliação de Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial, as commodities devem continuar com bastante volatilidade. “A gente pode começar a observar uma acomodação no preço das commodities, talvez até uma continuidade no movimento de queda”, diz.

O economista chefe da Órama também prevê a acomodação do preço das commodities. “A gente acredita que aos preços das commodities vão se acomodar, o que é bom pra inflação. Por outro lado, como o País é produtor de commodities, a queda nos preços acaba afetando nosso desempenho na balança comercial”, diz.

Criptomoedas

O bitcoin voltou a chamar atenção em agosto. Em março de 2020, a moeda era avaliada US$ 8,9 mil e atingiu a máxima histórica em abril deste ano, cotada a US$ 64 mil. No entanto, nos meses seguintes o seu valor despencou. Mas na semana passada (23), o bitcoin recuperou e ultrapassou o valor US$ 50 mil, a primeira máxima da moeda deste então. No mês, a moeda digital já acumula alta de 11%.

No início do mês a ether, segunda maior criptomoeda do mercado, passou por uma atualização que valorizou a moeda. Denominada de “London Hard Fork”, a proposta alterou as taxas de transação, tornando-as mais estáveis e criando um vetor de deflação para a criptomoeda. No mês, a ether chegou a ser cotado a US$ 3,03 mil, valorizando 310,98% no acumulado do ano. Nesta terça-feira, a moeda estava sendo negociada a US$ 3,4 mil (R$ 17, 4 mil), alta de 2%.

Segundo os especialistas a retomada das criptomoedas está relacionada ao aumento de empresas de serviços financeiros que passaram a anunciar o acesso às moedas digitais aos clientes. O PayPal, por exemplo, anunciou recentemente que permitiria aos seus clientes do Reino Unido negociar bitcoin (comprar, vender e manter) e outras criptomoedas.

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