Conhecido pela alta volatilidade, o bitcoin assumiu a dianteira das maiores rentabilidades do ano: 133%. Mesmo descontada a inflação acumulada até novembro, o retorno real do criptoativo foi 124% no período. Os dados são de levantamento da Economática para o E-Investidor.
“O bitcoin historicamente apresenta grande volatilidade nos preços. Após cair aproximadamente 70% em 2022, principalmente pelo movimento de alta de juros nos Estados Unidos, está recuperando as perdas e fechando 2023 em alta”, contextualiza Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.
Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Harami Research, adiciona que a entrada de grandes instituições financeiras, como a BlackRock no mercado de ETFs de bitcoin, além de outras companhias adotando o criptoativo em suas operações, também contribuíram para a alta.
Na segunda posição, mas bem atrás do primeiro colocado, o Ibovespa aparece com retorno positivo de 22,3%. Abatendo a inflação, a rentabilidade real é de 17,5%. A terceira posição ficou com o IRF-M (Índice de Renda Fixa do Mercado), formado por títulos públicos prefixados, com retorno de 16,5% no ano. Sem a inflação, a alta foi de 12%.
“O Ibovespa alcançou um recorde histórico em 2023, impulsionado pela aprovação de reformas fiscais e tributárias no Brasil, a entrada de capital estrangeiro após um ciclo antecipado de aumento de juros e a estabilização das taxas de juros nos EUA”, observa Sobreira.
Entre as companhias, o analista da Harami cita o desempenho de empresas como Yduqs (YDUQ3), beneficiada por políticas governamentais favoráveis e Petrobras (PETR4), com ganhos notáveis devido à confiança do mercado na ausência de interferência política nos preços da estatal.
Boa parte da alta do Ibovespa em 2023 foi concentrada no mês de novembro, quando o índice apresentou valorização de aproximadamente 12,5%. “Esse movimento ocorreu, principalmente devido à queda dos juros de mercado dos Estados Unidos. Mesmo com o cenário de queda da taxa básica de juros aqui no Brasil o principal gatilho foi o mercado internacional”, avalia Petrokas.
Além disso, o sócio da Quantzed relaciona ao bom desempenho da principal referência da B3 a alta do minério de ferro, que beneficiou as ações da Vale (VALE3) (responsável por 14% do peso do índice) e a postura de alguns membros do executivo, junto com alguns nomes importantes do legislativo, em relação a temas como o orçamento de 2024 e a reforma tributária.
Veja o levantamento completo a seguir.
Renda fixa
Sobre os representantes da renda fixa da terceira à quinta posição da lista, Sobreira comenta que os índices foram influenciados pelas taxas de juros, que ainda estão entre as maiores do mundo em termos reais, embora tenham começado a cair no segundo semestre do ano.
“Isto também beneficiou o Ifix, principalmente nos fundos de papel, que tem muitos CRIs e LCIs atrelados a estes índices. Bem como os fundos de tijolos, já que seus aluguéis se tornaram mais atraentes frente à uma menor taxa de juros que deve permanecer caindo am 2024”, diz sobreira.
Retorno negativo
Na ponta da lista, figuram dólar, ouro e euro, com retornos negativos de 7,2%, 6% e 3,9%, respectivamente. Normalmente, esses ativos são utilizados como proteção na carteira de investidores. Quando descontada a inflação do período, a rentabilidade real é ainda pior.
“O dólar teve um desempenho ruim frente ao real em 2023 devido à economia brasileira resiliente com inflação controlada, um mercado de trabalho apertado e forte confiança do consumidor”, analisa Sobreira. “Além disso, as taxas de juros decrescentes no Brasil, em contraste com as políticas monetárias mais rígidas nos EUA e na Europa, e as exportações robustas, especialmente de soja e mineração, fortaleceram o real”.
Quanto à queda do ouro, o analista da Harami Research diz que houve influência principalmente pelo fortalecimento do dólar em relação a outras moedas e pelo aumento dos rendimentos dos Treasuries, que reduziram o apelo do ouro como investimento.