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IPCA+6% é bom, mas este ativo pode dar um retorno equivalente a um IPCA+24%

Confira uma lista com alguns fundos de investimento que superam a almejada rentabilidade do Tesouro IPCA+6%

IPCA+6% é bom, mas este ativo pode dar um retorno equivalente a um IPCA+24%
ETFs, ou Exchange-Traded Funds (Foto: AdobeStock)
  • Os investimentos em ETFs acumularam o recorde de US$ 468 bilhões durante os quatro primeiros meses de 2024
  • Sua negociação em bolsa de valores possibilita a contratação de formadores de mercado, o que contribui para spreads (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) menores
  • Especialistas avaliam qual é o melhor investimento no longo prazo

No atual contexto econômico permeado por juros elevados e inquietações sobre a política fiscal do governo Lula, investidores buscam otimizar seus portfólios apostando em ativos mais seguros como o Tesouro IPCA+. No entanto, alguns ETFs (Exchange Traded Funds) vem registrando uma rentabilidade expressiva, como o USTK11 que, segundo levantamento da gestora Investo, saltou 1.398% entre maio de 2014 e maio de 2024. Isso seria o equivalente a um retorno IPCA+24% no período.

Como o E-Investidor mostrou nesta reportagem, os títulos do IPCA+ acumularam 208,3% de rentabilidade nos últimos 10 anos, de acordo com o levantamento realizado pela Nord Research. O mesmo intervalo de tempo utilizado pela Investo num estudo mostrando os ETFs mais rentáveis. Outra opção de destaque é o WRLD11 que teria proporcionado um retorno de IPCA+11% durante o mesmo período.

Ambos os fundos possuem exposição a empresas gigantes de tecnologia como Microsoft (MSFT34), Apple (AAPL34), Nvidia (NVDA) e Alphabet, a holding que controla a big tech Google (GOGL34).

Adriano Gomes, da Méthode Consultoria, esclarece que os ETFs são fundos de investimento que buscam replicar um índice específico, o que requer ajustes constantes para manter a correlação com o referencial. “Na prática, eles funcionam como sombras dos índices, negociados como ações comuns em pregão, o que simplifica sua compra e venda pelas corretoras”, explica.

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Por adotarem uma abordagem de gestão passiva, com o objetivo de seguir o desempenho de um benchmark (indicador utilizado para avaliar o desempenho), esses fundos de taxas de administração inferiores em comparação com fundos de gestão ativa. Além disso, sua negociação em bolsa de valores possibilita a contratação de formadores de mercado, o que contribui para spreads (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) menores.

O atual movimento ascendente na curva de juros futuros no Brasil tem impulsionado os títulos públicos, como o Tesouro IPCA+, a oferecer rendimentos reais superiores a 6% ao ano, uma raridade em 2024. Essa oportunidade é encarada pelo mercado como excepcional, despertando interesse e entusiasmo, especialmente entre aqueles que vislumbram os “juros de crise” como um instrumento estratégico para planos de aposentadoria ou projetos de longo prazo.

Ao comparar ETFs de ações globais com investimentos como o Tesouro IPCA+6, torna-se evidente que cada um atende a objetivos distintos. Enquanto o Tesouro IPCA+6 representa uma opção de baixo risco soberano ligado à dívida brasileira, esses fundos estão mais suscetíveis à volatilidade do mercado, exigindo uma análise criteriosa por parte dos investidores.

Veja a seguir a lista de EFTs que superam a rentabilidade do IPCA+6%.

USTK11

No último ano, o USTK11 registrou um retorno de 44%, superando o avanço de 34% do S&P500 no mesmo intervalo de tempo. Investindo em mais de 300 empresas americanas do setor de tecnologia, sua taxa de administração é de 0,40% ao ano.

Essas são as empresas nas quais o fundo possui maior exposição:

Microsoft Corp. 17,28%
Apple Inc. 15,27%
NVIDIA Corp. 11,89%
Broadcom Inc. 4,40%
Salesforce Inc. 2,00%

WRLD11

Já o WRLD11, que replica o VT (Vanguard® Total World Stock) no Brasil, se destaca com uma rentabilidade de 427% no período de maio de 2014 a maio de 2024, oferecendo um retorno de IPCA+11,7%.

Essa ETF possui uma estratégia de alocação global, investindo em uma ampla gama de empresas ao redor do mundo, e possui uma taxa de administração de 0,3o% ao ano. Essa abordagem visa diversificação geográfica, setorial e de moedas. A seguir, as cinco companhias com maior exposição.

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Essas são as empresas nas quais o fundo possui maior exposição.

Microsoft Corp. 3,64%
Apple Inc. 3,12%
NVIDIA Corp. 2,58%
Amazon.com Inc. 1,98%
Alphabet Inc. (GOOGL) 1,24%

 

SVAL11

Esse fundo de índice listado na B3, replica no Brasil o ETF Vanguard® S&P Small-Cap 600 Value (VIOV), que por sua vez espelha o desempenho do índice S&P Small-Cap 600 Value (SP600V). Nos Estados Unidos, o ETF VIOV gerencia aproximadamente US$ 1,5 bilhões e investe em mais de 400 empresas americanas de menor capitalização que superaram a média do mercado americano.

A estratégia oferece aos investidores uma exposição a um segmento específico do mercado de ações, focado em empresas com menor capitalização, que geralmente apresentam potencial de crescimento acima da média. O SVAL11 possibilita aos investidores brasileiros participarem desse mercado dinâmico através de um veículo de investimento acessível e diversificado.

Com o SVAL11, os investidores podem buscar oportunidades de retorno enquanto diversificam seus portfólios, aproveitando o potencial de crescimento das empresas de menor capitalização nos Estados Unidos. Essa alternativa se destaca como uma opção interessante para investidores que buscam explorar oportunidades de investimento além dos tradicionais grandes players do mercado.

Confira as empresas com exposição:

Alaska Air Group Inc. 0,97%
Mr Cooper Group Inc. 0,89%
Jackson Financial Inc. Class A 0,86%
Organon & Co. 0,85%
Lincoln National Corp. 0,83%

PEVC11

O ETF PEVC11, um fundo de índice disponível na B3, busca replicar o desempenho do BlueStar Top 10 US Listed Alternative Asset Managers Index (BUALT), que acompanha as 10 maiores e mais líquidas gestoras de ativos alternativos listadas na bolsa dos Estados Unidos.

Ao contrário dos fundos de índice convencionais que se concentram em empresas de diferentes capitalizações, o PEVC11 proporciona aos investidores brasileiros acesso ao mercado de ativos alternativos nos EUA. Esses ativos englobam diversas opções de investimento, como private equity, hedge funds, imóveis e commodities, oferecendo uma diversificação adicional aos portfólios dos investidores.

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Com o PEVC11, os investidores têm a oportunidade de explorar um segmento do mercado financeiro que historicamente tem apresentado retornos atrativos e baixa correlação com os mercados de ações tradicionais. Essa estratégia pode ser considerada uma alternativa interessante para investidores que buscam diversificação e potencial de retorno em seus investimentos.

Veja as empresas com exposição:

KKR & CO Inc. 17,36%
Apollo Global Management Inc. 16,11%
Blackstone Inc. 13,62%
Ares Management Corp. 9,88%
Brookfield Asset Management LTD – CL 9,35%

Como investir em ETFs?

Segundo dados divulgados pela consultoria ETFGI, os investimentos em ETFs acumularam o recorde de US$ 468 bilhões durante os quatro primeiros meses de 2024. Segundo Cauê Mançanares, CEO da Investo, o total investido na indústria global do setor já atingiu 12,3 trilhões de dólares. “Na América Latina, o mercado de ETFs ainda é pequeno, com 25 bilhões de dólares de patrimônio, porém de 2016 a 2024, o crescimento nesse tipo de investimento foi de 380%”, explica.

Essa crescente popularidade está intrinsecamente ligada à disseminação de informações sobre suas vantagens e funcionamento. No entanto, Adriano Gomes, da Méthode, adverte sobre possíveis variações na rentabilidade dos ETFs em relação ao índice principal.

“Dentre os principais fatores de influência, destacam-se a oferta e demanda, custos operacionais, tributação e distribuição de dividendos”, diz o analista. “Essas considerações ressaltam a importância da análise detalhada e da compreensão dos fatores que podem influenciar a performance dos ETFs, permitindo aos investidores tomar decisões mais informadas em suas estratégias de investimento.”

Qual é o melhor investimento no longo prazo?

Para André Paiva Ramos, economista e conselheiro do Corecon-SP, ressalta-se a importância de realizar uma análise comparativa de ativos, considerando os atributos de risco, retorno e liquidez. “Geralmente, ativos com maior risco tendem a oferecer retornos mais elevados, porém também podem acarretar em maiores possibilidades de perdas”, afirma.

Um título público como o Tesouro IPCA + 6, por exemplo, ostenta uma rentabilidade significativa, especialmente considerando sua elevada liquidez e baixo risco associado à emissão pelo Estado brasileiro. Em contrapartida, os ETFs carregam consigo uma exposição maior ao risco de mercado e de liquidez. Apesar de potencialmente proporcionarem um desempenho superior em relação aos títulos públicos, também apresentam um risco ampliado em períodos subsequentes, o que pode resultar em rentabilidades inferiores.

Para Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, destaca-se que a longo prazo, é improvável que o título IPCA + 6 mantenha-se nesse patamar. Com a emissão de produtos de inflação pela curva única do tesouro em um espaço de tempo limitado, prevê-se que estejam abaixo desse nível. Isso torna o IPCA + 6 uma opção valiosa para investidores que buscam segurança e têm uma visão de longo prazo. Sua menor volatilidade e seu valor em relação ao mercado secundário e ao risco soberano são diferenciais consideráveis.

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Por outro lado, Caio Tonet, COO da W1 Capital, argumenta que é viável construir um portfólio que combine diferentes ativos, incluindo ETFs e Tesouro IPCA + 6, aproveitando as vantagens de cada um. “A diversificação pode ser uma estratégia interessante, especialmente em um cenário que apresenta um rendimento atrativo para os títulos brasileiros”, recomenda.

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