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Investimentos

“Estamos começando a gostar do valor do Ibov”, diz gestor do Itaú Asset

Bruno Serra, gestor da casa, participou do evento TAG Summit em São Paulo

“Estamos começando a gostar do valor do Ibov”, diz gestor do Itaú Asset
Painel do Ibovespa (Foto: Werther Santana/Estadão)

Bruno Serra, gestor da Itaú Asset e responsável pela família de fundos “Janeiro”, está começando a gostar do valor do Ibovespa. Ele, que assumiu o cargo na asset em outubro do ano passado, afirma que iniciou um posição “pequena” há duas semanas. Antes disso, os produtos passaram os últimos sete meses sem ter nenhuma exposição ao índice. “Começou a saltar aos olhos o desconto do Ibov, mas temos que ter cautela porque o mercado já queimou a mão várias vezes tentando comprar Ibov (nos últimos meses)”, afirma Serra.

Para frente, ele vê a Bolsa brasileira muito depende do cenário externo, principalmente em função da política monetária nos Estados Unidos. “Se o externo não ajudar, a gente provavelmente vai ver um ciclo de alta (da Selic) antes de ver esse juro em um dígito de novo”, diz Serra. Hoje, a taxa básica de juros Selic está em 10,5% ao ano – veja aqui como ficam os investimentos com os juros neste patamar.

O gestor participou do TAG Summit, evento promovido pela TAG Investimentos nesta terça-feira (14), no painel “Multimercado: estratégias para um futuro dinâmico”. Junto a ele, estavam Alexandre Miguel, gestor da RPS Capital, e Frederico Gouveia, gestor da Solana Capital.

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Miguel, da RPS Capital, diz que o fundo multimercado da gestora está 25% comprado e que trocou setores mais cíclicos por empresas que possuem uma proteção natural contra a inflação, como setor de utilities (serviços essenciais) e shoppings. Gouveia, da Solana, também está exposto a ações – o gestor prefere empresas resilientes e com valuations (valor do ativo) atrativos – e destacou setores como utilities, shoppings, construtoras ligadas à baixa renda e bancos.

Ele, entretanto, não abre mão de estratégia de proteção em derivativos. “Os derivativos de Ibovespa estão próximos das mínimas. Está barato para fazer proteções. Temos optado por estarmos expostos (a ações), mas com muita defesa”, diz Gouveia.

Crise nos multimercados

Os gestores de Itaú Asset, Solana Capital e RPS Capital explicaram a crise na indústria dos fundos multimercados. Nos últimos 27 meses, a classe perdeu R$ 291 bilhões em resgates, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima).

Serra, do Itaú, vê como principais fatores que explicam essa situação a subida da inflação e dos juros no mundo, em especial nos Estados Unidos. “Primeira vez em 30 anos que o banco central americano teve que combater a inflação”, diz o gestor. “O juro americano mexe com tudo ao mesmo tempo. É um fator comum que mexe com todos os ativos que carregam prêmio de risco.”

O gestor da Itaú Asset afirma que, no período em que os multimercados caminharam mal, a maioria dos ativos de risco também tiveram as performances impactadas. Ele destaca que desde o choque da pandemia houve uma correlação forte entre todos esses ativos. Além disso, o que contribuiu para impactar as rentabilidades foi também análises equivocadas sobre quando ocorreria a grande virada do mercado. “O grande erro de toda a indústria, e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), inclusive, foi apostar que esse ciclo de maré baixa estava se revertendo na virada do ano”, diz Serra.

Miguel, da RPS Capital, ressalta as imprevisibilidades que ocorreram com o período eleitoral. “Ninguém imaginaria que a Bolsa subiria 20% e que quase metade dessa performance viria de altas de empresas estatais, como Petrobras (PETR3; PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3), no ano passado”, afirma.

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Já Gouveia, da Solana, aponta um terceiro fator: a competição com ativos isentos, como Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs), além de um fluxo “errático” de investimento estrangeiro. “Causa distorções na indústria de hedge funds (fundos que usam estratégias de investimento de risco)”, diz.