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Renda fixa: vale a pena investir em ativos pouco conhecidos como LC e LF?

Levantamento mostra que retorno dos dois títulos é superior ao de outros produtos da renda fixa

Renda fixa: vale a pena investir em ativos pouco conhecidos como LC e LF?
(Foto: Shutterstock)
  • Existem no mercado de renda fixa alguns produtos menos conhecidos, mas que podem oferecer boas oportunidades aos investidores com disponibilidade para correr um grau a mais de risco
  • É o caso das Letras Financeiras (LF) e Letras de Câmbio (LC)
  • Especialistas explicam como funciona o investimento nesses títulos e como investidores podem escolher as melhores opções

A classe de investimentos em renda fixa é uma das queridinhas dos investidores brasileiros, especialmente em momentos como o atual, em que a taxa de juros de dois dígitos eleva a remuneração desses ativos. Aportes na poupança ou em títulos do Tesouro Direto costumam ser as opções daqueles que querem investir com baixo grau de risco e boa liquidez. Mas isso não significa que estas são as únicas alternativas.

Existem no mercado alguns produtos menos conhecidos, mas que podem oferecer boas oportunidades aos investidores com disponibilidade para correr um grau a mais de risco – e, em troca, aumentar a sua rentabilidade. É o caso das Letras Financeiras (LF) e Letras de Câmbio (LC), dois títulos de renda fixa que costumam oferecer taxas superiores aos CDBs e às LCIs e LCAs, por exemplo.

A Letra Financeira (LF), como diz o nome, é um título emitido por instituições financeiras, como bancos ou cooperativas de crédito, para captar recursos de longo prazo, sem a possibilidade de resgate antecipado. Em troca, oferece aos investidores rentabilidades mais atrativas.

A LF não pode ser emitida em um valor inferior a R$ 50 mil, para aqueles ativos sem cláusula de subordinação; ou R$ 300 mil, para aqueles com cláusula de subordinação. Isso significa que não é um instrumento de investimento acessível a todos os tipos de investidores, ainda que possa ser uma opção para aqueles que não necessitem dos recursos investidos antes do vencimento do título.

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Já as Letras de Câmbio (LC) não tem a ver, como poderia indicar o nome, como o câmbio ou a variação das cotações de moedas. Trata-se de um título de crédito, muito semelhante ao Certificado de Depósito Bancário (CDB), que pode ser emitido por bancos múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento e as sociedades de crédito, financiamento e investimento.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, explica que o nível de risco desses ativos vai depender da instituição emissora. “Em uma comparação com o título de renda fixa do governo, com certeza as LCs e LFs são títulos mais arriscados. Mas, fazendo a comparação com títulos de emissão privada, vai depender do emissor”, destaca.

Por isso, assim como no caso de investimento em CDBs e LCIs/LCAs, antes de escolher por um ativo ou outro, é preciso se observar a quem é aquela empresa que está emitindo a LF ou LC e como está a sua saúde financeira. Especialmente no caso das LFs, que não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Por isso, a importância de prestar atenção em quem é aquele emissor e qual a segurança aquele título oferece. “Capacidade de pagamento do emissor, o tamanho do emissor, o histórico de pagamento do emissor, inclusive, se esse emissor é um bom pagador. E obviamente comparar essas taxas com outros emissores”, pontua Jorge.

Como escolher?

Assim como outros títulos de renda fixa, as LFs e LCs também podem ser encontradas com três indexadores: prefixadas, pós-fixadas ou híbridas, atreladas ao IPCA. Uma simulação feita por Jaqueline Benevides, head de renda fixa da InvestAi, a pedido do E-Investidor mostra o rendimento médio dos dois produtos em aplicações de 24 meses – tempo mínimo exigido nas LFs e janela comum de vencimento nas LCs.

Os cálculos foram feitos com projeções de dados de mercado, com a curva de juros futuro e a inflação implícita da Anbima.

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Atualmente, as Letras de Câmbio estão oferecendo taxas mais atrativas do que as Letras Financeiras. Para Benevides, este é um exemplo de como a máxima "quanto maior a taxa, maior o risco" nem sempre se aplica no mercado. Por conter a proteção do FGC para aplicações de até R$ 250 mil, as LCs são consideradas ativos mais seguros do que as LFs.

"As LCs tem mais liquidez, o investidor consegue investir um valor menor de R$ 50 mil e ainda possui a cobertura do FGC. Olhando para esse cenário, atualmente está muito mais atrativo a Letra de Câmbio do que a Letra Financeira", diz a head de renda fixa.

Nesta outra reportagem, mostramos a rentabilidade de aplicações de R$ 50 mil em outros ativos de renda fixa com a Selic em 12,75% ao ano. A título de comparação: tanto as LCs quanto as LFs oferecem aos investidores uma taxa de retorno anual superior a de produtos como Tesouro Selic, CBDs e poupança.

Mas é preciso ficar atento ao seu próprio perfil de investidor. “Além do prazo de emissão, formato e possibilidade de resgate e resgate antecipado, as taxas de remuneração, é muito importante que o investidor fique atento ao emissor, entender o nível de risco que está correndo e se está disposto a correr esse risco dada a taxa de juros oferecida”, ressalta Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e sócio-fundador da GT Capital.

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