O que este conteúdo fez por você?
- O Copom seguiu o consenso de mercado nesta quarta-feira (20) e decidiu reduzir a taxa básica de juros do País em 0,50 ponto percentual para 12,75% ao ano
- Com a continuidade no ciclo de queda de juros, a renda fixa pós-fixada vai ficar cada vez menos atrativa, mas especialistas ainda veem boas alternativas
- Levantamento mostra rendimento de aplicações entre R$ 1 mil a R$ 50 mil em diferentes produtos com o novo patamar de Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu o consenso de mercado nesta quarta-feira (20) e decidiu reduzir a taxa básica de juros do País em 0,50 ponto percentual.
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Dando continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário iniciado no encontro do grupo em agosto, a Selic está em 12,75% ao ano. A decisão não é nenhuma surpresa. Na última reunião, depois que o Copom surpreendeu ao anunciar um corte de juros de 0,50 p.p – e não de 0,25 p.p, como era amplamente esperado – ficou estabelecido que, por ora, este seria o ritmo de redução adotado em encontros seguintes.
Sem grandes alterações no cenário, a expectativa do mercado é que a Selic caia para 11,75% ao final de 2023, como projeta o Boletim Focus. Para 2024, a projeção é de uma taxa de juros de 9% ao ano.
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O ciclo de redução gradual da Selic iniciado pelo Banco Central já está mexendo com a rentabilidade das carteiras de investimentos, especialmente daqueles investidores mais conservadores com aportes em ativos de renda fixa pós-fixados, que basicamente replicam o CDI.
Agora, com o corte de juros, quem quiser manter o retorno vai precisar fazer ajustes nas posições.
Isso não significa, no entanto, que a renda fixa deve perder o seu lugar nos portfólios, ressalta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico. “Por mais que a Selic esteja caindo, ela não vai chegar a 2%. Não estamos nesse momento do ciclo econômico”, explica. “A renda fixa sempre tem o seu papel e seguirá atrativa, porque ela é importante para a diversificação da carteira, mas também porque a Selic deve continuar em um patamar elevado.”
As melhores opções da renda fixa
Um levantamento feito por Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, mostra que com a Selic em 12,75% ao ano os ativos de renda fixa com maior retorno líquido são as Letra de Crédito Imobiliário (LCIs), Letra de crédito do agronegócio (LCAs) e as Debêntures Incentivadas prefixadas em 97% do CDI.
Os três ativos ainda são isentos de imposto de renda – uma boa vantagem em relação aos títulos do Tesouro Direto ou aos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), por exemplo.
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O levantamento levou em conta uma estimativa de CDI de 10,93%, com base no contrato de DI futuro, e uma expectativa de inflação em 12 meses de 4,09%, baseado na projeção mais recente do Boletim Focus.
Haddad explica que, até pouco tempo, até investidores conservadores ficavam confortáveis em investir em renda fixa pós-fixada, pois nos 12 meses em que a Selic ficou estacionada em 13,75% ao ano, foi possível garantir um rendimento de mais de 1% ao mês com grau de risco relativamente baixo. Para manter esse nível de retorno, agora, vai ser preciso diversificar.
“A palavra chave é diversificação. É possível diversificar a carteira dentro da renda fixa em busca de retornos melhores, mas também em busca de proteção de carteira”, destaca o especialista do C6.
Uma das classes da renda fixa que sempre volta ao radar em momentos de queda de juros é a de ativos prefixados, aqueles cuja rentabilidade já é definida na hora de contratação dos títulos. Como o mercado já estava desde o final do primeiro semestre precificando os primeiros cortes na taxa de juros, a melhor janela de oportunidade nesses títulos já passou.
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"Os ativos pré-fixados estavam dando prêmios muito elevados há alguns meses atrás, quando a curva de juros ficou muito estressada, ali sim tinha muita oportunidade", destaca Jaqueline Benevides, head de renda fixa da InvestAi. "Agora, até o final do ano, os pós-fixados e os prefixados estão dando ao investidor praticamente a mesma rentabilidade."
Uma alternativa pode ser buscar por ativos de vencimentos mais longos, que ainda têm taxas atrativas, como um CDB com um retorno de 12,15% ao ano, como mostra o levantamento do C6.
Outro tipo de ativo que parece ser unanimidade entre os especialistas para o momento são aqueles indexados ao IPCA, o índice oficial de inflação no País. Por sempre oferecerem ao investidor um rendimento real, esses títulos não são atrativos somente pelas taxas atualmente oferecidas no mercado, mas pela possibilidade de proteção à carteira.
No C6 Bank, o entendimento é que o mercado pode estar projetando uma inflação mais baixa do que deveria, especialmente em um cenário de continuidade da alta de juros no exterior. Pensando nisso, a casa tem aumentado a participação dos ativos chamados de “IPCA+” na carteira recomendada.
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“Olhando os movimentos de taxa de juros, o Brasil está reduzindo enquanto Europa e EUA estão aumentando, isso gera um risco de valorização do dólar em relação ao real, gerando inflação. Por isso os títulos atrelados à inflação são uma opção não só de rentabilidade, mas de proteção caso as projeções do mercado não se concretizem como o esperado”, destaca Haddad.
Mas a preferência dos especialistas por IPCA+ ou prefixados não significa que não há mais espaço para pós-fixados na carteira e que investidores devem abandonar suas posições no Tesouro Selic, por exemplo. Especialmente quando o assunto é a reserva de emergência, aquele montante para arcar com qualquer imprevisto e que precisa estar alocado em um ativo relativamente seguro, de baixa volatilidade e alta liquidez.
“Não importa quanto a Selic caia, vamos continuar indicando os ativos pós-fixados para a sua reserva de emergência mesmo que a rentabilidade também caia”, diz Rachel de Sá, da Rico. “É muito importante manter a reserva de emergência nesses investimentos, como o Tesouro Selic ou um fundo DI simples.”
Quanto rende investir?
O levantamento do C6 também traçou uma simulação de rendimentos de aportes de R$ 1 mil, R$ 10 mil, R$ 25 mil e R$ 50 mil nos diferentes produtos da renda fixa com a Selic em 12,75% ao ano. Confira:
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