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- A companhia também ficou em terceiro lugar dentre todas as companhias no mundo - um total de R$ 43,7 bilhões no período, ou R$ 3,35 por ação preferencial e ordinária
- No entanto, as previsões do mercado quanto ao futuro da remuneração feita aos acionistas não são positivas
- Procurada pelo E-Investidor, a Petrobras não se posicionou até a publicação desta matéria sobre as expectativas para os dividendos no próximo ano
A Petrobras ocupou o posto de maior pagadora de dividendos no terceiro trimestre de 2022 na lista da 36ª edição do Índice Global de Dividendos, da gestora de ativos Janus Henderson. A companhia também ficou em terceiro lugar dentre todas as companhias no mundo ao distribuir um total de R$ 43,7 bilhões no período, ou R$ 3,35 por ação preferencial e ordinária.
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Dados do TradeMap, enviados em primeira mão ao E-Investidor, mostram que a petroleira pagou entre janeiro e setembro deste ano um total de R$ 173,4 bilhões aos seus acionistas.
No entanto, as previsões do mercado quanto ao futuro da remuneração feita aos acionistas não são positivas. Até setembro, o balanço financeiro da companhia foi impactado positivamente pela combinação de um baixo custo de extração (lifting cost, em inglês), proporcionado pela grande produtividade do pré-sal, e pelos preços elevados do petróleo, destacou Ruy Hungria, analista da Empiricus.
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Dados levantados pelo Estadão/Broadcast junto à Rystad Energy Ucube, empresa de pesquisa em energia, mostram que o custo de exploração do pré-sal recuou 61% de 2014 até 2019, de US$ 15,3 por barril para US$ 6.
Já o preço da commodity chegou a bater US$ 139 devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que começou em fevereiro deste ano, afirmou Nicolas Farto, head de Renda Variável da Renova Invest. “O embate entre ambas as nações colocou em dúvida a disponibilidade do petróleo no mundo, já que a distribuição russa foi sancionada [por vários países, como os da União Europeia, o que impulsionou a demanda]”.
O analista ressaltou que normalmente, em conflitos bélicos, o preço da commodity tende a subir. Vale lembrar que o dividendo é uma parcela do lucro apurado de uma companhia e distribuído aos acionistas, podendo ser pago de forma mensal, trimestral ou semestral.
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Na visão dos analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, outro ponto que impulsionou a Petrobras no pagamento de dividendos foi a mudança de gestão que ocorreu durante o governo de Michel Temer (MDB), com a entrada de Pedro Parente na presidência da empresa.
A companhia nos últimos anos viu os índices de endividamento explodirem (cerca de R$ 398 bilhões) e para corrigir a situação foi adotada uma nova política de precificação, conhecida como Preço de Paridade Internacional (PPI). A regra visava repassar ao consumidor final os preços pagos pelo petróleo em mercado internacional, de forma que a estatal não arcasse com prejuízos em razão da variação preços.
Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos, ressaltou ainda que a companhia distribuiu praticamente todo o lucro de 2022 (que foi cerca de R$ 26,3 bilhões) devido ao baixo plano de investimentos da empresa, além da dívida baixa. “Como não precisava pagar nada, conseguiu repassar a receita ao acionista”.
Expectativas para o futuro
O head de Renda Variável da Renova Invest acredita que para os investidores que buscam dividendos, a companhia não deve ser a melhor opção. Isso porque o próximo presidente da República, Luiza Inácio Lula da Silva (PT), já sinalizou que diverge da atual política de distribuição de dividendos.
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“O Estado, por ser um acionista majoritário da companhia, pode realizar algum tipo de mudança [na política de pagamentos]”, destacou Farto. No plano de governo, o petista deixou claro que cogita mudar a política de preços da Petrobras. A alteração, porém, poderia aumentar os custos da estatal a partir do momento que a empresa subsidiasse parte do combustível vendido para as refinarias.
O argumento utilizado por Lula para a troca é que os brasileiros não deveriam estar suscetíveis ao aumento do preço do combustível com base nas flutuações do mercado externo.
Os analistas da Terra também afirmaram que é muito improvável que os valores pagos nas próximas remunerações aos acionistas sejam da mesma magnitude que o verificado em 2022. “[Todas] as reservas de lucros foram usadas para remunerar os acionistas [nos últimos dois desembolsos], como forma de compensar os períodos em que a Petrobras estava endividada e não teve pagamentos”, destacou Chinchila.
Jane Shoemake, gerente de portfólio de clientes da equipe de Renda Variável Global da Janus Henderson Investors, por sua vez, disse que ainda não tem opinião definida sobre as expectativas para 2023 da companhia, pois a remuneração dependerá de vários fatores: gravidade e longevidade da desaceleração global, preços de commodities, lucratividade e geração de fluxo de caixa livre.
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De todo modo, a expectativa dela é que neste ano a companhia encerre como a segunda maior pagadora do mundo, atrás apenas da BHP, distribuindo cerca de US$ 19,4 bilhões caso a estatal brasileira siga no mesmo ritmo de remuneração, “devido o alto preço do petróleo e geração significativa de fluxo de caixa livre”.
No terceiro trimestre, a companhia alcançou um fluxo de caixa livre positivo de US$ 10,1 bilhões, 21% a menos que no segundo trimestre, que foi de US$ 12,8 bilhões. No entanto, na comparação anual, o valor é 8,6% maior do que o arrecadado no mesmo período de 2021 (US$ 9,3 bilhões).
Procurada pelo E-Investidor, a Petrobras não se posicionou até a publicação desta matéria sobre as expectativas para os dividendos no próximo ano.
*Com informações de Daniel Rocha
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